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Destaques, times com menos jogos viram bandeira em manifesto de atletas

Réver ergue a taça de campeão inédito da Libertadores para o Atlético-MG - AFP PHOTO / VANDERLEI ALMEIDA
Réver ergue a taça de campeão inédito da Libertadores para o Atlético-MG Imagem: AFP PHOTO / VANDERLEI ALMEIDA

Guilherme Costa e Vanderlei Lima*

Do UOL, em São Paulo

26/09/2013 11h00

O Atlético-MG conquistou a Copa Libertadores. O Cruzeiro é líder do Campeonato Brasileiro, competição em que o Atlético-PR é uma das maiores surpresas positivas. Além do desempenho positivo em 2013, há algo que une as três equipes: todas tiveram, por motivos diferentes, um tempo de pré-temporada maior do que os principais rivais locais. Esses exemplos viraram bandeira do Bom Senso F.C., movimento de jogadores lançado na última terça-feira.

“O Estadual de Minas começou no dia 29 de janeiro deste ano, e o Campeonato Paulista começou no dia 12. Nós tivemos 15 datas, e eles disputaram 23. Lógico que isso contribuiu”, admitiu Eduardo Maluf, diretor de futebol do Atlético-MG.

O campeão da Libertadores e o Cruzeiro, atual líder do Brasileirão, disputaram um Estadual mais curto do que os torneios regionais de outras equipes da elite nacional. O Atlético-PR, enquanto isso, decidiu usar no Campeonato Paranaense a equipe sub-23.

“Nós optamos por dar atenção à pré-temporada e à exposição da marca do clube no exterior. Priorizamos as competições nacionais. Fomos muito criticados por isso, mas os Estaduais estão falidos”, opinou Mauro Holzmann, diretor-executivo de marketing do Atlético-PR.

O calendário do futebol brasileiro e o excesso de jogos são as principais preocupações do Bom Senso F.C.. Lançado na última terça-feira, o movimento de atletas teve 72 signatários e cobra uma reunião com a CBF para discutir a programação da próxima temporada.

Segundo a proposta da entidade nacional, os Estaduais de 2014 devem ser iniciados no dia 11 de janeiro. Para isso, os jogadores precisariam fracionar as férias e abrir mão de uma pré-temporada adequada.

“O Atlético-PR é tão favorável a esse movimento de atletas que saiu na frente. Nós já sabíamos que não dava mais e que o atual calendário é uma loucura. Optamos por preservar atletas, o clube e o bom andamento do futebol”, completou Holzmann.

A despeito de ter trocado o comando técnico – substituiu Ricardo Drubscky por Vagner Mancini –, o Atlético-PR tem aproveitado bem o fato de ter jogado o Estadual com um time sub-23. A equipe rubro-negra ocupa a terceira posição no Campeonato Brasileiro e está nas quartas de final da Copa do Brasil.

“A partir do momento em que começamos a dar uma cara ao time, senti muita diferença na reação dos jogadores. Por não terem disputado o Estadual e não terem se desgastado, hoje a gente vê dentro de campo um time que suporta melhor os 90 minutos. Foi benéfico para os atletas. Nós vamos fazer o 30º jogo no ano, e algumas equipes da primeira divisão já atingiram 53 ou 54 partidas”, ponderou Mancini.

O Cruzeiro foi outro time beneficiado pelo calendário mais enxuto. Assim como o Atlético-MG, o time mineiro disputou um Estadual mais curto. Atualmente, a equipe lidera o Campeonato Brasileiro com vantagem de oito pontos para o Botafogo, que ocupa a segunda posição.

“Isso contribuiu porque tivemos uma boa pré-temporada. Foi o ideal nesse aspecto porque tivemos quase um mês de preparação. O calendário de São Paulo é um absurdo. O atleta precisa ter tempo para se condicionar porque depois disputa partidas em sequência. Aqui o Marcelo Oliveira aproveitou esse tempo para montar o time”, afirmou Valdir Barbosa, gerente de futebol do Cruzeiro.

Os três times são unânimes, porém, em outro aspecto: o calendário não é a única razão para as campanhas positivas. “Não credito o sucesso do Atlético-MG na Libertadores  e a conquista do título a isso. A pré-temporada ajudou, mas não foi por isso que fomos campeões”, lembrou Maluf.

O movimento formado pelos atletas também tem essa ideia. Por isso, os três times são apenas um dos elementos usados pelos atletas para pleitear uma mudança no calendário do futebol brasileiro.

Procurada pelo UOL Esporte, a CBF disse que ainda não recebeu nenhum comunicado oficial sobre o manifesto dos atletas. Por isso, a entidade rechaçou fazer qualquer comentário sobre o tema.

* Colaboraram Gustavo Franceschini e Paulo Passos

JUCA CHAMA SINDICATO DE 'OPORTUNISTA'; BIRNER PEDE MENOS JOGOS

  • JUCA KFOURI - Como era de se esperar, os acomodados “sindicalistas do futebol” que há décadas fazem de seus cargos meros cabides de empregos, agora surgem radicalizando, propondo até greve e querendo tomar para si as conquistas trabalhistas dos atletas que jamais tiveram o dedo deles.

  • VITOR BIRNER - A reformulação do calendário do futebol brasileiro é muito importante. Se houver menos jogos, a qualidade deles aumentará. Com os atletas mais bem preparados na parte física, o nível técnico das partidas ficará mais alto.