Topo

Após ameaça de boicote ao São Paulo, pivô de briga é cortado da seleção

Goleiro Lucão, 15, trocou a Ponte Preta pelo São Paulo e deu início a uma grande polêmica - Divulgação / Site oficial
Goleiro Lucão, 15, trocou a Ponte Preta pelo São Paulo e deu início a uma grande polêmica Imagem: Divulgação / Site oficial

Renan Rodrigues

Do UOL, no Rio de Janeiro

07/10/2013 13h28

A ameaça de um boicote ao São Paulo nas categorias de base fez a primeira vítima. O goleiro Lucão, que trocou a Ponte Preta pela equipe do Morumbi e virou estopim para a confusão, foi cortado da seleção sub-17 que disputará o Mundial da categoria nos Emirados Árabes.

Lucão, 15, estava na lista de jogadores convocados por Alexandre Gallo para um período de treinos em Cotia, no CT das categorias de base do São Paulo. O comandante anunciou no dia 10 de setembro um grupo de 26 atletas, cinco a mais do que o limite para o Mundial.

A lista final para o torneio dos Emirados Árabes Unidos foi fechada nesta segunda-feira. Gallo manteve no grupo os goleiros Marcos (Fluminense), Thiago (Flamengo) e Gabriel (Coritiba). Lucão foi cortado.

A transferência de Lucão da Ponte Preta para o São Paulo foi o estopim de uma revolta entre dirigentes de base. O time do Morumbi é acusado de aliciar atletas – esses jogadores não podem assinar contratos até completarem 16 anos de idade.

Na semana passada, um grupo de dirigentes enviou mensagem à FPF (Federação Paulista de Futebol) e anunciaram que boicotariam a Copa São Paulo de futebol júnior em 2014. Eles também marcaram uma reunião para esta segunda-feira, na sede do Botafogo, para discutir o quanto estenderiam o manifesto.

O encontro foi realizado a portas fechadas e durou cerca de duas horas. Depois, René Simões, que já trabalhou na base do São Paulo e atualmente está sem clube, foi o único a conversar com a imprensa.

“Não é nada contra a instituição São Paulo, mas contra algumas atitudes desta diretoria. O São Paulo argumenta que está sendo procurado e que outros times devem salários. Se é assim, por que eles só pegam os jogadores de seleção brasileira e não todos?”, questionou Simões.

Quando Ney Franco, que atualmente é técnico do Vitória, trabalhava nas categorias de base da seleção brasileira, dirigentes fizeram um encontro para discutir o trabalho de formação no país e alinhavaram um acordo de cavalheiros para interromper práticas como o aliciamento.

“Outros times que vinham tendo problemas similares, como Internacional e Atlético-PR, estão cumprindo o acordo. Só o São Paulo não está”, ponderou Simões.

O acordo de cavalheiros teve aval da CBF, que se comprometeu a cortar das seleções de base os jogadores envolvidos em imbróglios similares. Foi o que aconteceu agora com o goleiro Lucão.

O boicote ao São Paulo e às competições da base, porém, ainda não está consolidado. Dirigentes farão nova reunião nesta tarde, na sede da FPF, para definir se o movimento realmente acontecerá.

A reunião em São Paulo terá participações de dirigentes do clube acusado de aliciamento, representantes da federação paulista e um grupo formado na reunião dos cariocas. Fernando Simone (gerente da base do Fluminense), André Figueiredo (gerente da base do Atlético-MG), João Paulo (coordenador da base do Vitória) e Carlos Brazil (ex-Flamengo, atualmente sem clube) levarão as queixas ao encontro.

No Rio de Janeiro, Palmeiras e Ponte Preta foram os únicos times de São Paulo que enviaram representantes. “Os outros estão com a gente, mas estão aguardando. Eles não queriam aderir e depois ficar em situação constrangedora com a Federação Paulista de Futebol”, encerrou Simões.

CBF LANÇA TECNOLOGIA PARA CATEGORIAS DE BASE