Topo

René Simões entra para política e cogita largar futebol após 40 anos

Vinicius Castro

Do UOL, no Rio de Janeiro

08/10/2013 06h10

Ex-dirigente do Vasco, René Simões entrou para a política e cogita aposentar-se do futebol após 40 anos de carreira. O profissional enfrentou um desgaste recente no clube carioca e usa o tempo livre até dezembro para decidir o próximo passo na vida. Filiado ao PTB (Partido Trabalhista Brasileiro), o técnico recebeu o convite para lançar candidatura a deputado federal pelo Rio de Janeiro em 2014.

Enquanto define o futuro, René Simões cuida dos seus restaurantes na cidade e atua como comentarista aos domingos no canal Fox Sports. Entre conselhos e elogios aos atletas na TV, o profissional indica que a carreira oficial no futebol caminha para o desfecho.

“Me filiei ao PTB e existe o convite para sair como deputado federal. Já tive essa possibilidade em outras ocasiões. Foi assim quando trabalhava em Curitiba e até na Jamaica por residir no país. Gosto muito desse lado e isso me envolve bastante. Não sei se fico no futebol. Tenho 60 anos, preciso analisar o que fiz e deixei de fazer. É um momento de total reflexão”, afirmou ao UOL Esporte.

“Não é falta de opção. A decisão será tomada por alternativas que tenho em uma sequência de vida. O futebol me deu mais do que imaginava. Penso em ajudar o esporte enquanto político e melhorar as condições. Vejo o futebol pessimamente dirigido pela entidade maior. É uma catástrofe. Acho que a política tem condições de mudar isso”, completou.

Embora evite lançar candidatura de forma antecipada, René Simões já trabalha com plataformas definidas para a campanha. Além de colaborar de outras formas com o futebol, ele deseja atuar na área da saúde.

“Tem muita coisa para trabalhar. Educação e saúde são graves problemas que vivemos. A questão da mobilidade urbana é gravíssima. O sujeito não pode passar três horas por dia para ir e voltar do trabalho. Estamos formando doentes. Essas pessoas vão precisar de tratamento no futuro. Podemos e devemos prevenir esses problemas na origem”, comentou.

Questionado se o possível novo caminho tem ligação com as relações complicadas que enfrentou em passagens por São Paulo e Vasco, René negou a possibilidade. Ele segue militando no boicote ao Tricolor Paulista pelo suposto aliciamento de atletas promissores e minimiza as críticas enquanto gestor do Cruzmaltino.

“Você encontra problemas na carreira. Tenho experiência, mas quero melhorar. A passagem pelo Vasco foi um belo aprendizado. Não tenho reclamações. É preciso valorizar o que foi conquistado. Foi muito difícil, porém, achei a oportunidade brilhante. A parte financeira pesou bastante contra. Trabalhar nessas condições é delicado. Vivi momentos bons e ruins, mas muitas coisas foram feitas”, explicou.

A saída traumática do Vasco foi sucedida por uma rápida passagem como técnico do Atlético-GO. A amizade com o presidente Roberto Dinamite esfriou, porém, René Simões tem a certeza de um futuro tranquilo para o clube no Campeonato Brasileiro. Com 29 pontos, o time ocupa a 17ª colocação e luta contra o rebaixamento.

“Falei com ele [Roberto Dinamite] apenas uma vez desde que saí do Vasco. O meu pensamento continua certo. O time não vai cair para a segunda divisão”, encerrou.

René Simões começou a carreira em 1973 no Clube Ginástico do Rio de Janeiro. Ele passou por diversas agremiações, mas se notabilizou por comandar seleções masculinas e femininas em competições oficiais da Fifa. Em 1998, conseguiu o seu principal feito e levou a seleção da Jamaica para a Copa do Mundo da França.