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Gallo usa 'profissionalização' para pressionar seleção no Mundial Sub-17

Gallo terá no Mundial Sub-17 o primeiro grande desafio como coordenador e técnico das seleções de base - AP Photo/Claude Paris
Gallo terá no Mundial Sub-17 o primeiro grande desafio como coordenador e técnico das seleções de base Imagem: AP Photo/Claude Paris

Do UOL, em São Paulo

17/10/2013 06h00

Uma cornetada do porteiro do prédio por causa de um jogo ruim. É desse cotidiano ao qual um boleiro famoso está exposto que o técnico Alexandre Gallo, coordenador das seleções de base, pretende extrair elementos para construir um quadro de pressão e cobrança típicas do futebol profissional em cima dos novatos que têm por missão recuperar a imagem das categorias de base do Brasil, abalada após fracassos como a eliminação do time sub-20 na primeira fase do Sul-Americano e o terceiro lugar no sub-17 da mesma competição.

O primeiro passo para testar o sucesso dessa filosofia é o Mundial Sub 17, que começa nesta quinta-feira nos Emirados Árabes Unidos. O Brasil estreia às 10h (horário de Brasília), contra a Eslováquia, em jogo com acompanhamento em Tempo Real pelo Placar UOL Esporte.

Para Gallo, atuar pela seleção brasileira em uma competição como o Mundial Sub-17 atualmente tem exposição e importância maiores do que antigamente, o que faz com que os aspirantes a craque se sintam desde já no papel de vidraças. “O garoto já é reconhecido pelo porteiro do prédio, já vê cobrança pelo resultado com a seleção. Isso tudo gera pressão, claro. E, sabe o quê? É ótimo que gere e que o jogador já sinta isso cedo. Assim, percebe-se logo quem são os que têm as características para lidar bem com isso”, disse o treinador em entrevista ao site oficial da Fifa.

“Minha intenção é mesmo a de profissionalizar cada vez as categorias de base, e isso faz ainda mais sentido quando você vê garotos como eles, que já jogam e têm papéis importantes no elenco principal de seus clubes”, avaliou o técnico.

Gallo tem seus mantras para apoiar a filosofia que trabalha para implantar na base. Quando assumiu o cargo, o técnico disse que o principal foco de sua gestão seria o comprometimento e caráter de todos os envolvidos com a seleção. “Os três C's, que antigamente eram capacidade em primeiro, comprometimento em segundo e caráter em terceiro, nós viramos de cabeça para baixo. O caráter tem de estar sempre em primeiro e o comprometimento em segundo. A capacidade o nosso atleta sempre vai ter”, afirmou o técnico.

“O jogador não pode passar pela seleção, bater o carimbo e só se valorizar com isso. Queremos uma renovação de atletas comprometidos e com a cabeça voltada pra seleção”, disse o treinador. “Quando o atleta percebe que tem comando, ele vai ter mais responsabilidade”, completou.

O treinador já alertou os jogadores da seleção que os desafios no Mundial Sub-17 serão muito difíceis por causa do peso da camisa do Brasil. “Contra a camisa amarela, quase todo time faz o jogo da vida. É ainda mais pressão”, disse. “Com esta meninada, está tudo bem claro: eles sabem que as coisas não são fáceis”, completou.

Gallo assumiu a base da seleção brasileira depois do vexame no Sub-20, que ficou fora do Mundial da categoria, em fevereiro.  O fiasco irritou o presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), José Maria Marin, que chamou o treinador para “colocar ordem” na base, que já havia passado por mudanças no ano passado com a saída de Ney Franco, contratado em 2010 por Ricardo Teixeira para responder diretamente ao então técnico Mano Menezes e construir uma integração maior com a seleção principal.

Entre os destaques da seleção sub-17 do Brasil estão os atacantes Kenedy, do Fluminense, que foi o artilheiro do time brasileiro no Sul-Americano da categoria, e Gabriel, do Santos, o “Gabigol”, além do lateral-esquerdo Abner, do Coritiba, todos com presenças nos times profissionais de suas equipes.

O Brasil está na mesma chave que o país-sede do Mundial Sub-17, os Emirados Árabes. Além dos anfitriões e da Eslováquia, o Brasil tem ainda Honduras como adversária no Grupo A da competição, que tem final marcada para o dia 8 de novembro.

A competição

O Mundial Sub-17 será disputado por 24 países, divididos em seis grupos com quatro times em cada chave. Os dois primeiros colocados de cada grupo, mais os quatro melhores terceiros lugares, garantem vaga nas oitavas de final da competição.

Entre os favoritos e principais adversários do Brasil na disputa pelo título estão o México, atual campeão da competição, a Argentina, campeã sul-americana, Rússia e Itália, campeã e vice da Europa, respectivamente.

O Uruguai, atual vice-campeão mundial, também entra como candidato, embora tenha ficado apenas com a quarta colocação no Sul-Americano. Chama a atenção a ausência da Espanha, que não conseguiu se classificar para a fase final do Europeu Sub-17.