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Ponte cobra São Paulo sobre goleiro da base e ainda cogita boicote

Goleiro Lucão, 15, trocou a Ponte Preta pelo São Paulo e deu início a uma grande polêmica - Divulgação / Site oficial
Goleiro Lucão, 15, trocou a Ponte Preta pelo São Paulo e deu início a uma grande polêmica Imagem: Divulgação / Site oficial

Guilherme Costa e Guilherme Palenzuela

Do UOL, em São Paulo

23/10/2013 06h01

Após reunião realizada na FPF (Federação Paulista de Futebol), o São Paulo assinou um acordo de cooperação e freou a ameaça de boicote às próximas competições de base que disputar. Entretanto, essa ainda não é uma causa ganha. A Ponte Preta espera até o fim da semana uma resposta do clube do Morumbi sobre o goleiro Lucão, estopim para a articulação. Se isso não acontecer, o protesto pode ser retomado.

Lucão, 15, trocou a Ponte Preta pelo São Paulo em 2013. O goleiro vai completar 16 anos apenas em dezembro e pela lei ainda não pode assinar um contrato profissional. Por isso, a equipe de Campinas não recebeu nenhuma indenização pela transferência.

A saída de Lucão para o São Paulo deflagrou uma crise entre os departamentos de base de uma série de times brasileiros e a equipe do Morumbi. O coletivo de clubes ameaçou boicotar a Copa São Paulo de juniores, a Copa Votorantim e as versões sub-17 e sub-20 da Copa do Brasil.

Desde abril do ano passado, dirigentes de categorias de base realizam fóruns trimestrais para falar sobre o futebol no Brasil. Um dos assuntos mais recorrentes é o aliciamento de atletas de base. O São Paulo não participou de nenhum dos encontros.

Os encontros trimestrais serviram para desenvolver um código de ética para categorias de base. Um dos pilares desse acordo é justamente o compromisso de não aliciar atletas antes de eles completarem 16 anos.

Na reunião realizada na FPF, dirigentes de categorias de base exigiram que o São Paulo assinasse o código de ética. O time tricolor precisou se comprometer com seis tópicos para evitar que o boicote fosse levado adiante.

A lista inclui assinatura do código de ética, veto ao aliciamento, uma carta com pedido de desculpas aos outros times brasileiros, presença nas reuniões sobre categorias de base, assinatura de Juvenal Juvêncio em todos os tópicos e uma negociação com a Ponte Preta sobre o caso Lucão.

O São Paulo respondeu de forma política, mas aceitou ter um diálogo mais aberto com os clubes. A carta foi assinada por Juvenal Juvêncio, que prometeu que o clube cumpriria os outros tópicos.

“O que tem na carta é um compromisso nosso de atender um pedido dos clubes até o fim do ano. Depois, vamos conversar de novo e costurar com base jurídica um acordo adequado a todos”, explicou Marcos Tadeu Novais, diretor de futebol amador do São Paulo.

O presidente da Ponte Preta, Márcio Della Volpe, viajou para a Colômbia por causa do jogo da equipe na Copa Sul-Americana. Ele só voltará ao Brasil na quinta-feira, e a negociação sobre Lucão será conduzida diretamente entre o mandatário e Juvenal Juvêncio.

Por isso, a Ponte Preta estabeleceu um prazo até sexta-feira para que o São Paulo inicie uma conversa sobre Lucão. Se o time se recusar a negociar, a equipe de Campinas cogita até retomar o movimento de protesto.

“O São Paulo fala muito que está fazendo coisas que a lei permite, mas não é uma questão de lei. A legislação tem uma brecha, e o que está acontecendo é imoral. Os clubes acertaram algo diferente”, disse Francisco Marques, diretor das categorias de base da Ponte Preta.

Inicialmente, a equipe de Campinas não aceitava conversar com o São Paulo e exigia o retorno de Lucão. Agora, a Ponte Preta quer pelo menos ser consultada sobre o goleiro.

Lucão chegou a estar na lista de jogadores convocados para o Mundial sub-17, que está sendo realizado nos Emirados Árabes. Em meio à polêmica, contudo, ele foi cortado e não apareceu na lista final do técnico Alexandre Gallo.

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