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Marco Luque relembra preconceito e solidão na Espanha nos tempos de jogador

Luiz Paulo Montes

Do UOL, em São Paulo

29/10/2013 06h00

Por trás de um humorista, há um passado de jogador de futebol que sofreu preconceito na segunda divisão espanhola e teve de lidar com a solidão por não conhecer ninguém no país. Apresentador do CQC, da TV Bandeirantes, Marco Luque se arriscou nos gramados antes de se dedicar ao humor. Mas a carreira durou pouco tempo.

Antes dos 20 anos, virou profissional no Santo André, ficou uma temporada no clube paulista por incentivo do pai, que era ligado ao futebol, e pintou a oportunidade de ir para a Espanha, no Rayo Vallecano, da segunda divisão. Depois, ainda tentou a sorte no Numancia, também da Espanha.

“Era muito difícil por vários fatores. Tinha a língua diferente, o preconceito com brasileiro... A galera lá não era de fazer amizade com estrangeiro, não, tinha muito preconceito com os jogadores. Segunda divisão é muita porrada, marcação dura, é bem mais difícil. Eu ficava muito sozinho, na solidão”, afirmou o comediante, em entrevista ao UOL Esporte.

“Eu faria tudo de novo pela experiência, mas a vida não era boa não. Vida boa é dos jogadores tops. Tem que mostrar muito serviço, mas tinha campo encharcado, muito frio... Peguei um inverno pesado, gramado pesado, então tinha muita dor. Olha, não foi fácil mesmo”, concluiu.

Luque se classifica como atacante trombador e diz que chegou a fazer alguns gols no futebol europeu. Sem muita habilidade, usava sua altura e a raça para superar os zagueiros rivais. “Mediano”, como ele mesmo se define, chegou ao momento em que, sem muito sucesso no futebol, teve de optar: ou ficava na Espanha e buscava uma nova equipe, ou retornava ao Brasil para terminar a faculdade de artes cênicas. Fez a segunda opção e abandonou a carreira de jogador.

Na Europa, outro ponto que incomodava o humorista era que ele não podia fazer uma das coisas que mais gostava: contar piadas. “Ninguém entendia minhas piadas. O único que ouvia era o garçom do hotel, que era de Portugal. O resto não entendia nada, cara”, lamentou. 

Por viver em uma cidade considerada pequena na Espanha, Marco Luque também não se aproveitou das "maria-chuteiras", apesar de, na época, estar na adolescência. Segundo ele, o foco era grande no futebol. E, além disso, havia 'vigias' na cidade.

"Não peguei essa fase de maria-chuteira, não me aproveitei disso (risos). Eu estava tão focado, e fiquei em cidade pequena. Então a galera ficava bem de olho no jogador. Se saísse, tinha conselheiro de clube para 'cornetar', para ficar de vigia mesmo. Não dava para fazer nada", finalizou.