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"Fomos tratados de maneira vergonhosa", diz fundador da Soccerex

Soccerex esperava lucro de R$ 20 milhões com o evento no Rio de Janeiro - André Durão/Divulgação
Soccerex esperava lucro de R$ 20 milhões com o evento no Rio de Janeiro Imagem: André Durão/Divulgação

Fernando Duarte

Do UOL, em Londres (ING)

07/11/2013 13h20

Em 17 anos de organização do que se transformou numa das maiores convenções esportivas do mundo, Duncan Revie topou com imprevistos que alteraram os planos da Soccerex. Enquanto pouco pode fazer diante  dos atentados de 11 de setembro de 2001 e o início da invasão americana ao Iraque em 2003, que provocaram, respectivamente, o  cancelamento e o adiamento das edições marcadas para Dubai, nos Emirados Árabes, nesta quinta-feira Revie ainda tentava entender a decisão do governo do Rio de Janeiro de quebrar o contrato para realização do evento, há três anos movido para a cidade.

“Fomos tratados de maneira vergonhosa pelo governo do Estado do Rio de Janeiro. É uma quebra de contrato que vamos contestar na justiça, mas o mais triste é a falta de respeito. Fomos avisados por e-mail de que o acordo estava quebrado’’, disse Revie, em entrevista ao UOL Esporte, em Londres.

Filho de Don Revie, um dos treinadores mais cultuados do futebol inglês nos anos 70, Revie contou que todo o esquema montado para a Soccerex no Rio nos últimos três anos fez parte do projeto apresentado pela cidade para competir pela sede do evento com outras praças internacionais. ‘’Foi o governo do Rio que sugeriu o Forte de Copacabana, por exemplo. A cidade venceu uma concorrência e assinou contrato. Na semana passada, o secretário estadual de Esporte e Lazer simplesmente nos informou que o acordo estava quebrado. É triste termos que resolver isso na justiça, mas estamos levando prejuízo com o cancelamento’’, completou o empresário.

A Soccerex processará o governo estadual para reaver o dinheiro que perdeu por causa da devolução de taxas de inscrição, patrocínios e venda de estandes. Inicialmente estimado por um executivo ligado à Soccerex como algo superior a US$ 20 milhões, o valor real é menor que US$ 10 milhões, segundo Revie, mas vultoso o suficiente para causar sérios problemas para a empresa. De caixa e de reputação.

‘’Felizmente nossos clientes e parceiros parecem ter entendido que o problema não foi causado pela Soccerex, mas sim pelas autoridades do Rio de Janeiro. Fomos contatados por várias empresas, clubes de futebol e mesmo a Fifa, e todos mostraram muita compreensão com o que estamos passando. Quem ficará com a reputação manchada não somos nós. Acho que a Secretaria de Esporte e Lazer do Rio não tem muita noção de que somos um dos principais eventos de encontros e negócios esportivos do mundo’’.

Além de defender o argumento de que a Soccerex oferecia projeção para o Rio e oportunidades de negócio para o futebol e empresas brasileiras, Revie lembrou ainda de iniciativas sociais promovidas pelo evento, como o uso da arena na Praia da Copacabana para o Campeonato de Peladas das Unidades de Polícia Pacificadora e para amistosos de times de estrelas do passado com entrada franca. ‘’Não estávamos no Rio apenas para fazer negócios e quem insinuar o contrário está mentindo’’.

Revie negou rumores de que a Soccerex poderia entrar em negociações para realizar um edição reduzida do evento em Fortaleza após o Sorteio da Copa do Mundo. Segundo o empresário, não há tempo hábil e, aparentemente, muito espírito por parte da Soccerex. ‘’Não tentaremos mais nada este ano. Soccerex agora só no ano que vem. É uma pena que nossa boa relação com o Rio tenha terminado deste jeito’’, afirmou Revie.

Confira nota oficial da Soccerex

A Soccerex, na qualidade de empresa de respeito e tradição, e que detém uma política de bom relacionamento com as maiores entidades e governos, em cinco continentes,  deseja esclarecer pontos vitais e importantes, neste momento conturbado, após o cancelamento unilateral do evento planejado no Rio de Janeiro ainda em 2013.

Este comunicado vem como resposta direta às falsas alegações e informações equivocadas, divulgadas pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro, através da Secretaria de Estado de Esporte e Lazer e da Suderj, e que desorientam as autoridades, a mídia e a população. 

Em seu comunicado, que foi divulgado em reação direta ao documento enviado pela Soccerex, enquanto ao cancelamento da Convenção Global Soccerex 2013, o Governo do Rio de Janeiro, equivocadamente busca se inocentar das responsabilidades assumidas e firmadas, no que diz razão aos custos do evento em questão.

O Governo menciona uma teórica “falha” por parte da empresa Soccerex, em encontrar e assegurar os fundos para a realização da Convenção Global, através de valores oriundos da Lei de Incentivo ao Esporte, e assim criando a impressão de não ter responsabilidade ou culpa do cancelamento do evento, através deste argumento sem fundamento no contrato entre as partes, e que vem a ser completamente o inverso e contrário às alegações citadas pelo Governo em contato direto com a Soccerex, ou seja: o evento perde o apoio financeiro do Governo do Rio de Janeiro devido à tensão social existente e pressão da opinião pública existentes nesse momento no Estado, que injustuficariam esse gasto com a Soccerex.

Em primeiro lugar, é necessário que seja especificado de maneira enfática, que, ao assinar o contrato legalmente comprovado, de “Host City” (Cidade- Sede), para 4 edições  da Convenção Global anual da Soccerex,  o Governo do Estado do Rio de Janeiro  se comprometeu oficialmente a entregar condições detalhadas e específicas, itens vitais para a realização do evento, assinaladas em destaque no contrato entre as partes. E o completo e total conhecimento destes itens, em toda sua extensão, obvia e certamente não poderiam ser desconhecidos integralmente, pelo senhor Governador do Estado do Rio de Janeiro, seu Secretário de Esportes e outros agentes governamentais envolvidos.

Assim sendo, qualquer eventual referência a uma  eventual “recomendação” para que a Soccerex usasse  ou buscasse, valores através da Lei de Incentivo ao Esporte, como mencionado no comunicado recente do Governo do Estado do Rio de Janeiro , nada mais é de que uma simples, desnecessária e ineficiente “cortina de fumaça”.

A Lei de Incentivo ao Esporte é um sistema de re-investimento de impostos para empresas baseadas no Estado do Rio de Janeiro - e sendo a responsabilidade dos custos para execução da Convenção Global da Soccerex, como mencionados acima e oficialmente acordados em contrato juridicamente reconhecido, assumidos pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro, desde 2010, sempre sob a administração do senhor Governador do Estado do Rio de Janeiro, o senhor Sérgio Cabral, esta arrecadação seria ainda de responsabilidade única e exclusiva da entidade governamental do Estado do Rio de Janeiro.

Consequentemente, qualquer responsabilidade de buscar, assegurar ou organizar tais fundos, em qualquer modo, origem ou natureza, não seria, em nenhuma eventualidade ou caso,  da empresa Soccerex.

É totalmente inaceitável que o Governo do Estado do Rio de Janeiro  - após menosprezar e descumprir suas obrigações previstas e atribuídas em contrato, cause  enormes perdas materiais e incomensuráveis perdas morais e de imagem, à empresa Soccerex, neste processo.

E que, além disso, ainda tente, de maneira deliberada e equivoicada, fazer crer à mídia e à opinião pública, tais inverdades no que diz razão aos fatos reais e indiscutíveis, comprovados em contrato.

Ademais, em relação à especulação no que tange ao um eventual “custo” relativo ao uso do Complexo do Maracanã, sendo atribuído erronamente como a razão para o cancelamento da Convenção Global Soccerex 2013, nos vemos obrigados, em base aos fatos descritos acima, e  acordos firmados, enfatizar que categoricamente negamos e rejeitamos tais alegações, como completamente irreais e não verídicas.

A garantia do fornecimento de condições para assegurar a realização do evento, estão estabelecidas no contrato entre as partes e são de obrigação do Governo do Estado do Rio de Janeiro. Portanto sendo ou não no  Maracanã, cabe ao governo assumir pagamentos relativos à execução e construção, disponibilizar um espaço condizente com a grandiosidade do evento e daqueles que o visitam.

Este comunicado oficial visa esclarecer que:

 

1.     A total e exclusiva responsabilidade do Governo do Estado do Rio de Janeiro, em relação a todo e qualquer investimento para a realização da Convenção Global Soccerex no Rio de Janeiro, inclusive da disponibilização, em todos os níveis, de um local de padrão condizente com o evento;

2.     Assegurar o respeito e a efetivação, inequivocadamente e por completo, de todos os itens contratuais que cabem e cabiam à Empresa Soccerex;

3.     Foi do Governo do Estado do Rio de Janeiro  a decisão sumária e unilateral de cancelar o apoio à realização da Convenção Global Soccerex 2013, devido à comoção social e pressão da opinião pública, como mencionado pelo Governo. 

Apesar do fato de que os fundos a serem eventualmente obtidos através da Lei de Incentivo, mencionada pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro,  não ser a razão primária para o cancelamento do evento em questão, nós, da empresa Soccerex, sentimos a necessidade, por respeito à imprensa no Brasil e no Mundo, de esclarecer que esta especulação não pode e não deve ser o centro deste processo que hoje ocorre.O complexo do Maracanã e/ou seus eventuais custos, não representaram em momento algum base para a não realização da Convenção Global Socccerex 2013. Sendo no Maracanã ou em qualquer outro local, cabe ao Governo do Estado do Rio de Janeiro, como estabelecido em contrato, entregar um local disponível e adaptado às requisiçòes e dimensões do evento em questão.

Esperamos com as evidências detalhadas neste comunicado, esclarecer que a empresa Soccerex não contribuiu ou agiu, em momento algum, para o cancelamento da Convenção Global Soccerex 2013, marcada originalmente para os dias 23 a 27 de novembro no Forte de Copacabana, como nas edições de 2010, 2011 e 2012, e em consequência das novas condições impostas pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro, foram modificadas de local e de data: nos foi sugerido o Complexo do Maracanã, em datas de 30 de Novembro a 5 de Dezembro de 2013.

Queremos reiterar que a razão, oficialmente, comunicada à empresa Soccerex,  considerada como base para a interrupção abrupta e unilateral, não condizente com o contrato firmado, foi a situação de preocupação política e a possível reação da opinião pública e consequências a esse eventual cenário, para assim não mais contarmos com suporte por parte do Governo do Estado do Rio de Janeiro, que vinha ocorrendo normal e perfeitamente, desde 2010, para com a Convenção Global Soccerex.

A Soccerex se encontra à disposição de todos, mídia, governo, clientes e parceiros, para eventuais esclarecimentos e busca de soluções para este lamentável e complexo momento.