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Juvenal se defende por CT e diz que Itaquerão ficará na conta da Odebrecht

Área que está no perímetro da Operação Urbana Água Branca. Juvenal argumenta: Palmeiras no meio - Arte UOL
Área que está no perímetro da Operação Urbana Água Branca. Juvenal argumenta: Palmeiras no meio Imagem: Arte UOL

Guilherme Palenzuela

Do UOL, em São Paulo

07/11/2013 11h00

A diretoria do São Paulo já havia recebido o aviso do ex-prefeito Gilberto Kassab e ouviu o mesmo nesta quarta-feira do prefeito Fernando Haddad: não haverá renovação da concessão do terreno onde foi construído o CT da Barra Funda, e a área terá de ser devolvida em 2022, ao término do contrato. O presidente do clube, Juvenal Juvêncio, avisa que a instituição irá se defender e brigará para que possa se manter no local até 2078, como o vizinho Palmeiras.

“O prefeito tem razão, ele tem uma operação urbana, ele vinha com uma área que é dele, em terrenos do Palmeiras, do São Paulo e da CET. Eu posso não gostar, mas tenho que respeitar a lei. Mas há uma lei que diz a data do Palmeiras, há outra que diz a data do São Paulo. Nós vamos nos defender”, diz Juvenal Juvêncio.

O presidente são-paulino argumenta que a devolução do terreno onde está o CT do clube se faz desnecessária para o plano de urbanização da Água Branca por conta da concessão da área ao Palmeiras, vizinho de muro. A operação pretende utilizar os terrenos da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), do Palmeiras e do São Paulo no perímetro da obra pública. Porém, o CT do Palmeiras, entre a CET e o São Paulo, só será devolvido em 2078, segundo previsto em contrato. Juvêncio ironiza e afirma que o clube brigará para que estenda a concessão até a mesma data.

“O São Paulo cumpre a legislação, está lá por causa da legislação e sairá de lá por causa da legislação. Mas ao extinguir nosso prazo, em 2022, o prefeito Haddad não será mais prefeito de São Paulo. Então isso não impede que nós, do São Paulo, tentemos algo. Nós vamos nos defender. Vamos pleitear com o prefeito de São Paulo uma nova concessão. É o que faremos. Vamos pleitear a renovação do contrato. Para que a data fique equânime com a data do Palmeiras”, afirma o presidente, antes de ironizar o fato de que o terreno palmeirense ficará no meio do plano de urbanização durante mais de 50 anos, caso o São Paulo devolva o terreno.

“Haddad precisa alertar a seus técnicos que não se faz plano de urbanização com uma interrupção no meio. O CT do Palmeiras fica entre a CET e o São Paulo. O que eles vão fazer? Como vão fazer isso? É túnel, é subterrâneo? Ou vai ter um viaduto? Minhocão?”, ironiza, antes de repetir: “Nós vamos nos defender”.

Apesar da ressalva, Juvenal Juvêncio declarou apoio a Fernando Haddad e ao PT às vésperas das eleições municipais. O presidente do São Paulo foi até rebatido pelo vereador e hoje opositor Marco Aurélio Cunha (PSD), que levou o goleiro Rogério Ceni para encontrar e manifestar apoio público ao candidato José Serra (PSDB).

A Operação Urbana Água Branca foi criada por Paulo Maluf, durante seu segundo mandato como prefeito, em 1995. No ano passado, Gilberto Kassab modificou o projeto e incluiu mudanças como a determinação a São Paulo e Palmeiras devolverem os terrenos ao término das concessões.

Juvenal Juvêncio aproveitou o assunto para atacar Andrés Sanchez, ex-presidente do Corinthians e possível candidato à presidência da CBF. Juvêncio ironiza o fato de não haver projeto de urbanização para a zona leste, em Itaquera, onde estará o estádio do clube.

“Andrés fez um estádio aí, e vejo o prefeito muito preocupado com um plano urbanístico que atinge o nosso CT, mas acho que ele se despreocupou um pouco em desocupar áreas mais carentes da zona leste. Lá não vai ter plano urbanístico? E aqui na fazendinha? [Parque São Jorge, sede social do Corinthians]”, afirma.

Questionado sobre a crítica de Andrés Sanchez à promoção de ingressos comuns a R$ 10, feita pelo São Paulo durante o Brasileirão, Juvenal Juvêncio afirmou que o ex-presidente corintiano ataca a iniciativa porque o Corinthians terá de implementar ingressos caros no Itaquerão para “pagar a conta”. Juvêncio ainda fala que o clube não terá como pagar o empréstimo ao BNDES e que o estádio ficará para a Odebrecht, construtora responsável pela obra.

“Andrés fez acordo com a Odebrecht. Quem vai pagar a conta? Quem vai pagar esse estádio? O estádio vai ficar para a Odebrecht. Então o ingresso dele tem que ter preço alto. A Odebrecht vai chorar sangue para receber o dinheiro de volta”, falou, antes de dizer que permanecerá com a promoção após o fim desta temporada: “Nós vamos preço baixo no Morumbi”, concluiu.

O Itaquerão marca 95% das obras concluídas neste momento, mas Corinthians e Odebrecht ainda não tiveram a liberação do empréstimo de R$ 400 milhões do BNDES. O clube deu o Parque São Jorge como garantia à Caixa Econômica, que ainda não deu o aval para a liberação da verba. A diretoria do Corinthians pretendia pagar o empréstimo, nos próximos anos, com a receita da venda de naming-rights do estádio, que abrirá a Copa do Mundo de 2014, mas até agora não conseguiu fechar negócio. Houve liberação de apenas uma pequena parte dos CIDs (certificados de incentivo ao desenvolvimento), que renderiam R$ 420 milhões ao serem vendidos – verba proveniente de isenção fiscal, que não precisará ser compensada financeiramente pelo clube.