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Brasileiro vítima de racismo chora ao falar da família e teme repercussão

Zagueiro brasileiro Paulão, do Bétis, recebe cartão vermelho no clássico contra o Sevilla - EFE/PACO PUENTES
Zagueiro brasileiro Paulão, do Bétis, recebe cartão vermelho no clássico contra o Sevilla Imagem: EFE/PACO PUENTES

Vanderlei Lima

Do UOL, em São Paulo

25/11/2013 18h39

"As ofensas racistas aos jogadores não vão acabar nunca". Pelo menos essa é a visão do zagueiro Paulão, do Betis, que neste domingo foi vítima dos torcedores do seu próprio time após ser expulso no clássico contra o Sevilla, pelo Campeonato Espanhol. Em entrevista ao UOL Esporte, o defensor voltou a chorar, desta vez ao lembrar da família, e disse estar preocupado com a repercussão do caso no Brasil. Seu medo é ser criticado e mal interpretado no país em que vive.

"Sou estrangeiro, e você sabe como é aqui na Espanha. Tenho que ter cuidado para isso não virar contra mim. A única coisa que eu quero é que vocês divulguem o máximo possível. Não por mim, mas sim para diminuir essa situação”, disse o zagueiro revelado pelo Atlético-MG. 

Ao ser expulso no último domingo, Paulão deixou o campo chorando pela forma como foi expulso e prejudicou o time. Ele garante que só soube das ofensas nos vestiários. As lágrimas voltaram durante a entrevista, quando o zagueiro contou que o fato estava afetando a sua família. 

"Meu pai estava chorando. A minha família é muito especial para mim. Eu não deixo certas coisas afetar, mas quando afeta eu procuro não passar as coisas negativas para eles. Eles precisam viver as coisas boas. Eu não tive coragem de ligar para eles", disse, emocionado.

Paulão ainda contou que recebeu apoio dos seus companheiros e não pensa em deixar o futebol espanhol. Com mais dois anos de contrato, ele quer mostrar que pode ser útil para seguir no clube. 

"Meu nome aqui é bem conhecido. Em Portugal, na França... onde eu vou as pessoas me conhecem, elogiam o futebol e sou reconhecido. Claro que isso entristece um pouco, mas não vai ser esse fato que vai fazer eu parar. A torcida do Bétis é muito grande e ali não estava nem metade", finalizou.