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Bom Senso vê estratégia da CBF de jogá-lo contra torcida e recua de greve

Paulo Passos e Pedro Lopes

Do UOL, em São Paulo

05/12/2013 06h00

Com a crise entre jogadores e diretoria do Náutico por falta de pagamento, o Bom Senso F.C. ficou muito perto de promover uma paralisação no Campeonato Brasileiro. As partes chegaram a um acordo na última sexta-feira e a ideia de greve acabou sendo abandonada. A resolução do impasse, entretanto, não foi o único motivo da decisão: a movimentação da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) nos bastidores levou os atletas a repensarem sua estratégia.

Desde a segunda e última reunião da CBF com o Bom Senso F.C., a entidade adotou uma postura de distância e frieza no diálogo com os integrantes do movimento. Ao mesmo tempo, tentou mostrar preocupação com o tema e anunciou uma proposta de fair play financeiro.

O UOL Esporte ouviu de cartolas próximos do vice-presidente e provável candidato à presidência da CBF, Marco Polo Del Nero, que a estratégia da entidade era deixar os jogadores sem respostas e, principalmente, que eles reagissem radicalizando os protestos. A interpretação do dirigente paulista era que isso geraria uma reação dos torcedores contra os atletas, principalmente os seguidores de equipes que ainda lutam para não cair para a Série B. Casos de Vasco, que tem Juninho Pernambucano, e Coritiba, de Alex. Os dois jogadores são líderes do Bom Senso.

O movimento percebeu a situação e, a partir disso, passou a trabalhar para evitar a greve. Integrantes afirmaram ao UOL Esporte que se sentiram empurrados a uma atitude mais radical, mas optaram por manter diálogo com os clubes e não paralisar o campeonato. A avaliação foi de que uma medida extrema de fato arriscaria jogar a torcida contra os jogadores e daria ao Bom Senso o rótulo de intransigente. Isso acabaria atendendo aos interesses da CBF, prejudicando pretensões futuras.

Apesar do aparente recuo, o Bom Senso F.C. está longe de estar satisfeito com o resultado de suas manifestações até o momento. Seus líderes identificam interesses em comum com os clubes e continuarão o diálogo sobre fair play financeiro com a comissão formada para discutir o caso, que conta com os presidentes de Atlético Mineiro, Corinthians, Vitória, Coritiba, Flamengo e Internacional. Na questão do calendário, entretanto, o foco continuará sendo a cúpula da CBF.

O movimento pretende esperar o fim do Campeonato Brasileiro e vir com força total em 2014, intensificando os protestos. Um dos projetos é a realização de um grande seminário, com a presença de clubes, empresas, dirigentes e jogadores, para ampliar o debate. Também será cobrada uma proposta concreta sobre o calendário dos dois grupos políticos que disputarão as eleições da CBF: a situação, do provável candidato Del Nero, e a oposição, que conta com a presença do ex-presidente do Corinthians Andrés Sanchez. A falta de um posicionamento ou mesmo uma resposta vaga resultarão em paralisação dos campeonatos estaduais.

Assim como vem ocorrendo nas últimas duas rodadas, os derradeiros confrontos do Campeonato Brasileiro marcados para este fim de semana serão palco de uma manifestação generalizada do Bom Senso F.C.