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Afastado do São Paulo há seis meses, Lúcio diz que se sente em uma ditadura

Do UOL, em São Paulo

15/12/2013 13h09

Discriminado, humilhado, em uma ditadura. É assim que se sentiu o zagueiro Lúcio ao ser afastado do São Paulo, em julho. Seis meses depois de ficar fora da equipe tricolor, Lúcio tenta se manter bem física e psicologicamente ao lado da família, em Brasília, até que a situação com o clube paulista seja resolvida.

“É uma sensação horrível. Horrível e de discriminação. Você está querendo fazer o melhor e ser profissional. Não cheguei nenhum dia atraso, não faltei a treinamento. É uma sensação de ditadura você ter de passar por aquilo por capricho de alguém”, contou Lúcio em entrevista ao Esporte Espetacular, da TV Globo.

Com a acusação de indisciplina e má influência para o grupo, Lúcio foi afastado definitivamente quando Paulo Autuori assumiu o comando do São Paulo. “Ele usou a frase, agora onde ele viu isto, só ele pode responder”, comentou Lúcio, que foi exemplo de liderança em sua passagem pela Europa e pela seleção brasileira. O zagueiro foi capitão do time, inclusive, durante a curta passagem pelo São Paulo.

“No grupo eu tento passar motivação no dia a dia. Falar que podem fazer mais, que conseguem. Porque ali é um grupo e se perder, perde todo mundo. A vaidade só atrapalha. Se aconteceu algo em função de ciúmes ou inveja, da minha parte não ocorreu”, destacou.

Lúcio foi avisado de que não treinaria mais com a equipe pelo vice de futebol do clube, João Paulo de Jesus Lopes. Isto significou um pesadelo na carreira do pentacampeão mundial. “Eu me sentia humilhado e não compreendia o porquê daquilo. Meu deus, o que fiz de tão errado para merecer isto? Em certos momentos eu tive de ser mais forte pela minha família. Já chorei com a minha esposa. Chorar faz bem”, relembrou.

Hoje Lúcio não treina mais isolado no CT do São Paulo. Ele conseguiu autorização para deixar de frequentar o clube diariamente e montou um local de treinamento em sua casa em Brasília. “Treinar com o grupo tem a motivação, tem uma série de fatores que motiva.  Mas o clube não vai conseguir me deixar parado. Eu posso não treinar lá, mas em casa eu posso manter a minha forma e retornar se Deus quiser. Em casa eu não estou isolado, eu tenho minha família”, ressaltou o jogador.  

Em casa ele é auxiliado pelo ex-preparador físico do Bayern de Munique, que trabalhou com Lúcio em sua passagem pelo time alemão, o brasileiro Marcelo Lins Martins. 

No São Paulo:

Lúcio não vê acordo para retornar à equipe do Morumbi e vê incoerência na explicação de seu afastamento. “Falaram que a decisão era do treinador e depois deixaram claro que não foi”, falou.

O jogador apontou mentiras em informações divulgadas na época do afastamento. “Falaram que levei outro preparador físico ao CT, nunca levei preparador físico para lá. Naquele dia eu estava fazendo meu treino sozinho e a pessoa estava pegando bola para mim, ele estava de calça jeans. É uma grande mentira. Fico envergonhado”, desabafou Lúcio.

Apesar de estar fora do grupo, o zagueiro ainda tem contato com alguns jogadores do São Paulo. “Tenho contato com o Luis Fabiano, o Ganso, Denilson, Jadson”, contou.  

Dentro de campo:

Em sua passagem pelo São Paulo, Lúcio foi alvo de críticas principalmente por conta de episódios durante a Copa Libertadores em que o zagueiro acabou se tornando polêmica.

A primeira foi na derrota do São Paulo para o Arsenal Sarandi por 2 a 1. Na ocasião, Lúcio foi substituído para a entrada de Paulo Henrique Ganso. “A questão de ir pro ônibus ou vestiário, eu não sabia que isto ia dar uma manchete tão grande no brasil. Na Europa é normal. Não via necessidade da substituição, porque o jogo estava 0 a 0 e dentro do contexto era um resultado bom para o São Paulo”, relembrou.

Outra polêmica pela Copa Libertadores foi a expulsão do zagueiro na partida contra o Atlético-MG. “Na expulsão eu não vejo culpados. Foram duas faltas normais de futebol”, comentou. 

Lúcio recebe R$ 480 mil por mês, sendo que parte de seus vencimentos são pagos pela Visa, parceira do São Paulo na contratação.