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Torcedores do Flu relatam violência após julgamento e clube oferece apoio

Rodrigo Paradella

Do UOL, no Rio de Janeiro

19/12/2013 06h00

A preocupação do Fluminense com um possível ambiente hostil caso confirme a permanência na Série A do Campeonato Brasileiro em 2014 cresceu ainda mais com relatos de agressões físicas e verbais a torcedores do Tricolor nos dias seguintes ao julgamento da Portuguesa no STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva), na última segunda-feira.

Em contato com o UOL Esporte, o presidente do Fluminense, Peter Siemsen, revelou ter recebido relatos de agressões de três torcedores. O caso considerado mais grave pela diretoria é o de um jovem de apenas 13 anos que foi agredido enquanto chegava ao clube Pinheiros, em São Paulo, vestindo uma camisa do Tricolor.

“Tivemos conhecimento deste caso em São Paulo, quando agrediram e arrancaram a camisa do menino. Outros casos aconteceram com um senhor em Copacabana e com uma criança de apenas três anos em Jacarepaguá”, contou Peter Siemsen.

Nas redes sociais, torcedores do Fluminense citam outros casos de agressões físicas e verbais por conta do rebaixamento da Portuguesa nos tribunais. Até mesmo o atacante Rafael Sóbis foi hostilizado no Galeão na última segunda-feira, horas depois do julgamento que decidiu pela permanência do Tricolor na Série A.

“Essa situação está mexendo muito conosco. Criaram esse clima de que o Fluminense está envolvido em uma falcatrua que não existiu. O Fluminense não tem nenhuma culpa do que aconteceu com a Portuguesa”, complementou o mandatário.

Atento à situação, o Fluminense chegou a divulgar uma nota oficial durante a última quarta-feira declarando repúdio aos casos de violência. Peter também deixou claro que os torcedores que sofrerem agressões terão apoio jurídico do clube.

“Estamos avaliando os casos que estamos recebendo, queremos resguardar nosso torcedor. Hoje o Fluminense está de luto com esse tipo de caso. Reagiremos com muita firmeza para evitar esse clima”, garantiu Siemsen.

Para o presidente do Fluminense, o foco do caso deveria ficar em cima da Portuguesa e do Flamengo, clubes que foram punidos com perda de pontos por escalarem jogadores irregularmente. Peter ressaltou que o Tricolor foi apenas beneficiário indireto dos erros dos adversários.

“Acabou que o Fluminense já foi condenado independente de que série irá jogar em 2014. Os torcedores já estão sofrendo. O nível de agressividade é muito grande, as pessoas têm filhos, dignidade. Está nos preocupando demais. Estão esquecendo que o Fluminense não tem nenhuma relação com a causa, o clube não entrou em campo pela Portuguesa, pelo Flamengo”, argumentou.

“Estão invertendo as coisas. Ao invés de se discutir a omissão dos dirigentes que colocaram esses jogadores para atuar mesmo suspensos, estão falando do Fluminense. É uma questão referente a esses clubes. Eles que resolveram correr o risco, se foi por vontade ou descuido, isso tem que ser resumido a eles”, encerrou Peter.

Organizadas e polícia negam temor de aumento de violência nos estádios

Mesmo com o temor do Fluminense e de seus torcedores sobre possíveis novos casos de violência, o tenente-coronel Florentin, responsável pelo GEPE (Grupamento Especial de Policiamento em Estádios), negou que haja uma preocupação com aumento das brigas em jogos do Fluminense por conta desse episódio.

“Não existe nenhum tipo de preocupação especial. Nossa preocupação será a mesma de sempre nos jogos do ano que vem. Não vejo essa associação entre a questão do STJD e um aumento de violência nos estádios”, disse Florentin.

Já o membro das diretorias da Federação das Torcidas Organizadas do Rio de Janeiro e da Young Flu, Flavio Martins, o Frajola, também minimizou o efeito dos episódios recentes no clima entre torcedores dos clubes na próxima temporada.

“Isso é uma coisa que vai muito além das torcidas organizadas, não sabemos quem agrediu quem. Pode ter sido um tricolor que falou demais. Mas não preocupa para o ano que vem, até porque agora estamos de férias. Se fosse no meio do campeonato poderia mexer, respingar nas arquibancadas, mas com o Natal e Ano Novo, o clima esfria”, ponderou Frajola.