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Renato Gaúcho diz ter sido melhor que C. Ronaldo e ignora piadas com filha

Rodrigo Paradella

Do UOL, em Mangaratiba (RJ)

15/01/2014 06h01

Grande personagem do futebol brasileiro, o ex-atacante e agora novamente técnico do Fluminense, Renato Gaúcho, não abandona a autenticidade mesmo aos 51 anos de idade. O treinador conversou com o UOL Esporte e disse ainda trabalhar no futebol por não ser tão rico quanto ex-colegas como Romário e Edmundo. Mas garantiu ter jogado mais que Cristiano Ronaldo, eleito na última segunda-feira o melhor jogador do mundo pela FIFA.

“Tenho certeza [que fui melhor]. Para achar você tem que ter alguma dúvida. Joguei mais do que ele, sim. Queria trocar, ele jogar onde joguei e, eu, no Real Madrid, na Europa. Ele disputando Libertadores, Brasileiro, e eu, o Espanhol. Joguei mais que ele, é um fato”, disse Renato Gaúcho, que, no entanto, admitiu que, para ele, a diferença não foi tão grande assim.

“[Joguei] um pouco mais, um pouco mais só”, admitiu o ex-atacante, com bom humor.

Nem mesmo as piadas sobre a beleza da filha Carol, de 19 anos, incomodam Renato Gaúcho, que assumiu o Fluminense nos últimos dias do ano passado e tem sua estreia marcada para sábado, pelo Campeonato Carioca, contra o Madureira. Para ele, o assédio sobre ela é algo normal.

“Não me incomodam [as brincadeiras]. Se eu ou ela formos ligar para todas as brincadeiras, não vamos viver... O que importanta é o que faço, o que ela faz. Estamos sujeitos a piadinhas, mas isso não me atrapalha, muito menos a ela. Nada me tira do sério. As pessoas vão brincar, fazer boas e más brincadeiras. Pessoas públicas, a melhor coisa é ignorar. Não vamos deixar de viver. Se não terei que botá-la no colo ou mandar para outro planeta. Ela tem uma vida, é um ser humano”, afirmou Renato, que disse não ver problemas em ter a filha no ambiente do futebol.

“Não, não me incomoda [a presença de Carol no meio do futebol]. Mas também não pode ser toda hora. No último domingo, por exemplo, estava treinando e ela estava passando por Mangaratiba, voltando de Angra dos Reis com as amigas. Queria que ela parasse, mas ela preferiu evitar porque estaria a imprensa e não queria atrapalhar, passou direto. Ela é Renato Futebol Clube. Tem um pai famoso, irá aos jogos, lógico que vai. Ela é minha filha, qual o problema? Ela ir ao Maracanã torcer pelo pai no camarote do Celso Barros, qual o problema? Por que a minha filha não pode aparecer?”, questionou o treinador do Tricolor.

Para técnico, acomodação foi o problema em 2013

Dentro de campo, Renato Gaúcho já tem uma boa pista do que pode ter acontecido para a má campanha do Fluminense no ano passado após os títulos brasileiros de 2010 e 2012. Para ele, a questão gira em torno de uma certa acomodação que o elenco demonstrou durante o último nacional.

“É a vontade [a diferença]. De repente, por eles terem conquistado dois brasileiros,  tenham se acomodado e deixado para última hora. Pensaram que iriam lá na última hora e resolveriam”, analisou Renato Gaúcho. “No futebol você não pode depender de ninguém, senão está f*****. Tem sempre que estar brigando lá em cima. Se deixar para a última hora, complica. O doutor Celso Barros me ensinou uma coisa: o primeiro jogo é o mais importante; depois, o segundo jogo é o mais importante; depois, o terceiro, e assim por diante. Todos os jogos têm a mesma importância”, ressaltou.

“O grupo é muito bom, tem jogadores de seleção, diferenciados, uma garotada boa. É difícil um grupo que nem esse chegar àquela situação em que esteve no Campeonato Brasileiro do ano passado. Então falei para eles no primeiro dia que só a qualidade não resolve, tem que ter vontade. O grupo do Fluminense era muito superior ao do Grêmio [vice-campeão em 2013], mas o do Grêmio tinha mais vontade. Querer jogar só com a parte técnica não dá. Faltou pegada”, concluiu.

Renato lamenta novela e diz que 'Waltinho' magro é missão quase impossível

Ainda sem a confirmação oficial de Walter assinou contrato com o Fluminense, Renato Gaúcho lamentou as dificuldades encontradas para contratar o jogador. Segundo ele, o atacante está desesperado para defender o Tricolor. Ainda assim, o técnico admite que deixá-lo em forma será missão muito difícil.

“Velocidade vai ser um pouco difícil com o Waltinho. Vamos tentar tirar o máximo de peso dele para que ele se sinta bem. Não adianta querermos emagrecer ele que será algo quase impossível. Ele gosta de jogar de costas para o zagueiro, foi assim que fez um grande Campeonato Brasileiro pelo Goiás”, completou.

Provocação aos 'ricos' Romário e Edmundo

Questionado do motivo de somente ele hoje trabalhar como técnico de uma geração de grandes atacantes do futebol carioca, Renato Gaúcho mostrou o habitual bom humor para explicar a situação. Segundo ele, a questão é meramente financeira.

“Eu sempre tive esse sonho de virar treinador, dessa galera toda. Eu preciso trabalhar, eles não precisam. Estão ricos, por isso, estão na vida boa. Romário como deputado, o Edmundo como comentarista. Eles curtem a vida. Quem tem que correr atrás sou eu. Gostaria de ter o dinheiro deles, mas tenho que trabalhar”, brincou Renato Gaúcho.

“Eles têm muito dinheiro, por isso não trabalham tanto. Eu trabalho feriado, sábado, domingo, trabalho estressante. Mas é a vida, tenho que correr atrás”, completou. “Mas Rei do Rio não tem como tirar. Estão lá as fotos, o único que foi fotografado como Rei do Rio fui eu. Então acabou. Se aparecer outro que consiga me superar, parabéns. Até então não apareceu”, provocou.