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Adhemar usa bola oval em treino de futebol. E diz que dá resultado

Felipe Vita e Vanderlei Lima

Do UOL, em São Paulo

29/01/2014 06h00

O atacante Adhemar ganhou fama ao levar o São Caetano à final da Copa João Havelange em 2000. Ele tinha boa técnica, mas ficou marcado mesmo pelo chute extremamente forte. Essa características foi a responsável por um convite inesperado: ser kicker (chutador) de um time da NFL (a liga profissional de futebol americano). A ida para os EUA acabou não acontecendo, mas o convite despertou uma paixão em Adhemar. E hoje ele usa essa paixão de uma forma inusitada. É com a bola de futebol americano que ele quer ensinar meninos de um projeto social em Porto Feliz (no interior de São Paulo) a jogar o nosso futebol.

A ideia pode parecer estranha, mas Adhemar garante que ela tem um motivo: fazer com que os garotos consigam dominar a bola em situações adversas.

"Hoje toda categoria de base é formada assim, em campo de grama sintética. O garoto não sabe o que é um buraco. Depois a gente vai para o jogo em um campo que tem um buraco e o menino não consegue dominar a bola. Então se você rolar a bola oval ele vai ter uma noção da altura que vai dominar porque ela vai bater em um morro e vai sair. Eu dou dez minutos de coletivo com essa bola, depois a gente entra com a bola redonda", explicou Adhemar.

Adhemar já sentiu na pele os efeitos de treinos pouco ortodoxos. Ele diz que o seu famoso chute forte veio exatamente de uma série de treinos com uma bola que tinha um peso acima do normal.

"A gente tinha uma bola de futebol bem antiga e ficava eu com meu amigo chutando a bola de um lado a outro. Depois de um tempo chegou um preparador físico e utilizou aquela bola para treinar a parte física. Era uma bola de abdominal, não existe isso de chutar. E eu disse: 'caraca, faz dois anos que a gente chuta essa bola aí'. Foi por isso que o chute melhorou”, revela.

O chute melhorou tanto que ele quase virou chutador na liga profissional de futebol americano. O convite aconteceu após a aposentadoria do futebol tradicional, em 2006. Adhemar foi sondado para tentar a sorte no Tampa Bay Buccaneers, um time que vive um mau momento (foi o terceiro pior da atual temporada, com apenas quatro vitórias em 16 jogos), mas que já tem um título de Superbowl no currículo, conquistado em 2003.

Adhemar chegou a fazer testes com a bola oval. Segundo ele, em dez tentativas de 55 jardas, ele acertou nove. Um número que pode ser considerado muito bom. Mas aí... "A história começou a ficar diferente. Eu tinha que ir para a universidade para poder começar a fazer os testes. Depois teria que ser draftado por algum time. Então perguntei quem é o cara que joga lá no Tampa Bay? E descobri que o chutador era argentino. Então falei: 'é o fim da minha carreira aqui, ele não vai deixar entrar'. Se fosse um croata, um sueco.. Mas um argentino?", conta, rindo.

Hoje, aos 41 anos, ele acha que poderia tentar a sorte com a bola oval novamente. "Eu até gostaria de tentar novamente isso aí, mesmo porque não tem tanta a necessidade da condição física. A bola é levinha, sem goleiro, sem barreira. É só bater e fazer ela cair lá dentro", finaliza.