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Palmeiras: R$ 75 mi em empréstimos e investigação de gestões anteriores

Paulo Nobre ao lado do técnico Gilson Kleina: malabarismos após a era Tirone - Mauricio Duarte/UOL
Paulo Nobre ao lado do técnico Gilson Kleina: malabarismos após a era Tirone Imagem: Mauricio Duarte/UOL

Pedro Lopes

Do UOL, em São Paulo

01/02/2014 06h00

Na última quarta-feira, o Conselho Deliberativo do Palmeiras aprovou o balanço de 2013. O documento acusa um déficit de R$ 22 milhões, resultado considerado dentro do esperado pela maioria dos conselheiros. O que chama a atenção, entretanto, é o alto valor de empréstimos ao clube avalizados pelo presidente Paulo Nobre: cerca de R$ 75 milhões.

O presidente anterior, Arnaldo Tirone, deixou as finanças em situação complicada, e antecipou boa parte das receitas do ano seguinte. No final de seu mandato, acabou sendo embargado pelo Conselho de Orientação e Fiscalização do clube, e forçado a pedir autorização do órgão para realizar novos gastos. Não conseguiu submeter à votação suas contas antes do fim de sua gestão.

Paulo Nobre assumiu e tomou uma série de medidas: por um lado, ampliou o programa Avanti, de sócio-torcedor, fechou patrocínios pontuais e cortou gastos com esportes amadores que eram deficitários no clube. Por outro, profissionalizou vários departamentos com executivos remunerados. A Kia Motors, então patrocinadora, deixou de estampar sua marca na camisa alviverde após o Paulistão 2013.

A escassez de receitas continuou, e os empréstimos surgiram como alternativa. Como o presidente consegue no mercado juros e condições de pagamento muito melhores do que o Palmeiras, avalizou diversos repasses, começando em junho do ano passado, e que foram crescendo em valor e quantidade.

A medida divide os conselheiros do clube: parte entende que era necessário encontrar uma saída, mas os grupos de oposição a Paulo Nobre mostram preocupação. O medo é de que, no futuro, o clube fique refém do mandatário, em uma situação similar à do Santos, que quase viu a Vila Belmiro ir a leilão por uma dívida com o ex-presidente Marcelo Teixeira.

Na atual realidade do Palmeiras, R$ 75 milhões é um valor bastante significativo: equivale a 34% do total do que o clube espera arrecadar em 2014, R$ 220 milhões.

Na reunião de quarta-feira, Paulo Nobre falou aos conselheiros, e criticou a gestão anterior de forma mais contundente do que tem feito na imprensa. Em particular, mostrou insatisfação com contratações firmadas sem lastro financeiro para o pagamento, como a de Wesley, que rendeu ao clube uma ação judicial no valor de R$ 15 milhões por falta de pagamento.

Ainda no encontro, o conselho aprovou uma comissão de sindicância para analisar o comportamento econômico dos dois últimos presidentes. O grupo avaliará primeiro a gestão de Luiz Gonzaga Belluzzo, e, posteriormente, de Arnaldo Tirone. A medida se apoia no fato de que ambos tiveram suas contas rejeitadas pelo conselho ao final de seus mandatos.

Membros do grupo político de Belluzzo, a União Verde Branca, devem reagir à medida. Ao UOL Esporte, afirmaram não ser contra a investigação, mas defenderam que seja feita através de uma auditoria independente e envolva também gestões ainda mais antigas, e a atual.

As sindicâncias devem agitar o ambiente político do clube, que já começa a sofrer os primeiros reflexos das primeiras eleições diretas da história alviverde, que acontecerão após o término da temporada. Dentro de campo, as coisas vão bem: o Palmeiras tem 100% de aproveitamento nos primeiros quatro jogos do Paulistão, e encara o São Paulo, no domingo, no Pacaembu.