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Porrada é solução? Briga com Tevez caiu como uma luva para ex-corintiano

José Ricardo Leite e Vanderlei Lima

Do UOL, em São Paulo

12/02/2014 06h00

Já esteve de "saco cheio" de sua empresa e quis dar um jeito de ir embora e procurar uma casa diferente? Querer buscar novos ares é comum entre os trabalhadores insatisfeitos. Mas um jogador conseguiu isso de uma maneira, no mínimo, polêmica. É Marquinhos, ex-Corinthians, que conseguiu sua chance após sair na mão com um companheiro. E agradece até hoje.

O zagueiro que hoje atua no Figueirense, de Florianópolis, era  tido como uma das grandes promessas da equipe alvinegra por seu bom desempenho nas categorias de base, sendo até capitão da seleções brasileira sub-20. Mas não se firmou no profissional do clube (este não é o zagueiro Marquinhos revelado na Copa São Paulo de 2012 e que hoje joga no Paris Saint-Germain).

Em 2005, ano que o Corinthians contratou vários jogadores de renome em função do dinheiro injetado pela parceira MSI, Marquinhos perdeu ainda mais espaço e disse que queria sair da equipe.

Lembra que até teve a ideia, em tom de brincadeira, brigar com algum dos “galácticos” do time para tentar deixar o clube. Comentou isso com os jogadores que eram prata da casa do elenco, assim como ele. E eis que isso acabou ocorrendo, depois de trocar socos com Carlitos Tevez.

“Foi um período conturbado da minha carreira. Eu queria ser emprestado, e o Corinthians não queria me emprestar. Eu já tinha ido falar com a diretoria que o Atlético-MG, Internacional e Flamengo me queriam por empréstimo. Mas eu não jogava e comecei a ficar puto de raiva. Nesse dia que deu a briga, até comentei com o Betão e Coelho, que também eram da base: ´esses caras não querem me liberar, vou arrumar briga com alguém desses galácticos; Nilmar, Carlos Aberto, Mascherano, Tevez ou Roger. Vou ver se arrumo uma briga com um desses caras porque vai sobrar pro mais fraco”, contou.

Acabou que a previsão de Marquinhos se tornou realidade. Em uma dividida com o jogador argentino, ambos acabaram se pegando e trocando socos. Dias depois, deram uma coletiva para falar que estava tudo bem. Só que Marquinhos acabou pagando o pato e foi emprestado ao Atlético-MG.


“Falei aquilo brincando antes do coletivo. Só que depois, em uma dividida, sobrou um cotovelo dele no meu nariz. Fiquei bravo, fui reclamar com ele, que resmungou. Aí não pensei duas vezes, larguei o braço nele e começou a briga. Me deram multa e depois de uma semana me liberaram. Falei para os caras até, que querendo ou não, aconteceu o que eu queria. Deu uma repercussão danada até hoje, mas na época rolou o que eu queria.”

Apesar de o plano ter dado certo, Marquinhos diz que passou apuros por ter pegado antipatia da torcida pela briga. “O Tevez falou que queria embora porque estava chateado pela briga. Aí a torcida ficou louca, foi a primeira vez que vi ela ficar a favor de um argentino contra um brasileiro”, lembrou.

Marquinhos ainda voltaria ao Corinthians em 2006. Mas não se firmou, foi para o Náutico e passou vários anos no futebol turco. Entende que o excesso de convocação para seleções de base quando foi para o profissional do time do Parque São Jorge atrapalhou a vingar a carreira no clube.

“Fiquei de três a quatro anos só servindo seleções de base. Claro que era algo bom que eu queria, mas me atrapalhou um pouco no Corinthians e eu ficava pouco no clube.”