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Os 10 mandamentos do vestiário do São Paulo. Eles podem surpreender...

Guilherme Palenzuela

Do UOL, em São Paulo

19/02/2014 06h00

Todo torcedor já ouviu uma história aqui e outra ali sobre as peculiaridades dos vestiários do São Paulo: a tal da salinha do técnico Muricy Ramalho, as músicas selecionadas por Rogério Ceni, a presença constante do presidente Juvenal Juvêncio... Pois o UOL Esporte apurou e reuniu algumas dessas peculiaridades tricolores para contar a partir de relatos obtidos com membros do clube.

Os “mandamentos” do vestiário do São Paulo vão da privacidade de Muricy Ramalho às regalias conquistadas pelo capitão Rogério Ceni, por tempo no clube e respeito dos companheiros. Passam também pelo comportamento dos atletas nos vestiários, na vitória e na derrota, no sorriso ou no choro. Veja quais são elas:

1-  Muricy Ramalho se tranca em sala antes e depois de cada jogo
Privacidade em primeiro lugar. O técnico Muricy Ramalho domina a sala da comissão técnica dos vestiários do Morumbi e controla o acesso. Antes dos jogos, podem ser vistos no local o auxiliar Tata e o coordenador Milton Cruz, mas a salinha é sagrada. Antes de subir para o campo, após o aquecimento, Muricy Ramalho tranca e leva as chaves. Depois da partida, pode ser que o treinador passe mais um tempo trancado dependendo do resultado... E ninguém pode entrar. Até Juvenal Juvêncio tem de bater na porta se quiser “uma prosa”, como diz. 

2- Juvenal reza com ajuda de Milton Cruz por um bom resultado
Quem disse que a fé não ganha jogo? O presidente Juvenal Juvêncio trabalha duro, fecha contratações de peso, cobra frequentemente elenco e comissão, mas também recorre ao sobrenatural para ver o São Paulo balançar as redes. Antes de cada partida, quando nos vestiários do Morumbi, Juvenal faz uma oração particular em um pequeno altar, no fim do aquecimento dos atletas. Milton Cruz tem a função de acender as velas. 

3- Jogadores fazem a brincadeira de acertar a trave "onde a coruja dorme"
Parece aquela brincadeira de vídeo promocional com Ronaldinho Gaúcho, mas é verdade. O passatempo dos jogadores do São Paulo antes de começarem o aquecimento sob a supervisão dos preparadores físicos é acertar o ângulo da trave que há nos vestiários – só tem uma trave no local, não se pode jogar um “gol a gol”. O objetivo não é fazer gol no ângulo, mas sim acertar a junção da trave com o travessão. Na boa e velha brincadeira de “rebatida”, tal tento valia 15 pontos. Segundo relatos, o goleiro reserva Denis é quem mais se destaca. 

4- Imagens de bastidores são feitas com cuidado
O torcedor são-paulino mais atento já deve ter visto várias das fotos e vídeos produzidas pelo departamento de comunicação do clube nos vestiários, antes e depois de cada partida. Não há ninguém que se negue a aparecer nas imagens, mas alguns jogadores, em determinados momentos, pedem para que não sejam filmados ou fotografados. Há certo cuidado, também, para que algumas conversas entre os atletas não sejam publicadas e mantenham-se no ambiente dos vestiários.

5- Denilson e Wellington são os DJs
“Ah, o Rogério gosta de rock então no vestiário do São Paulo só toca rock”. Mentira. É verdade que o goleiro e capitão Rogério Ceni gosta de rock, mas não é verdade que ele domina os playlists dos aparelhos que embalam o aquecimento dos jogadores. Ceni pode até não curtir tanto os estilos, mas pagode e samba prevalecem na escolha do elenco tricolor. Os volantes Denilson e Wellington são os principais responsáveis pela seleção de músicas que tocam antes dos jogos. A escolha quase religiosa de Rogério Ceni acontece na música que toca no sistema de som do Morumbi quando o time entra em campo: Hells Bells, da banda australiana AC/DC. 

6- Todo mundo corre para falar antes de Ceni
A roda dos jogadores antes de entrar em campo é sagrada. O técnico fala, o preparador fala, o zagueiro fala... todo mundo pode falar ali, mas a palavra final será dele: Rogério Ceni. Se você tiver algo para falar, algo para dar aquela motivada final no grupo, fale logo, pois Ceni falará por último. Depois do discurso do capitão, o elenco puxa a reza de um “Pai Nosso” e depois entra o goleiro Denis, já aglomerando os reunidos e estendendo as mãos ao centro no famoso “Um por todos... Todos por um!”.

7- No aniversário de Ceni, não tem ovada
No dia 22 de janeiro não tem ovada no São Paulo. Nem farinha. Pois é, é o aniversário dele, Rogério Ceni. Quem está no São Paulo há pelo menos uma década afirma nunca ter visto o capitão ser “homenageado” pelos companheiros no aniversário. Haja respeito. Agora, pelo menos, o elenco poderá descontar parte das brincadeiras que faria com Rogério Ceni no lateral direito Luis Ricardo, que faz anos um dia antes, em 21 de janeiro. 

8- Só Ceni dorme sozinho
Não tem a bebida que pisca, nem é de fato um camarote, mas é exclusividade de Rogério Ceni: quarto sozinho no CT. Nenhum outro jogador pode dormir desacompanhado na concentração quando ela ocorre no CT da Barra Funda. Todos têm que dividir o quarto. O espaço exclusivo é uma regalia que o goleiro de 41 anos ganhou pelas mais de duas décadas de serviços prestados - Ceni está em sua 24ª temporada no clube - e que chega ao fim em 2014, ano no qual está previsto sua aposentadoria. Os outros jogadores, menos afortunados, têm de dividir quarto. 

9- O acesso é muito restrito no vestiário
Só a cúpula pode circular. O ambiente dos jogadores nos vestiários do Morumbi é sagrado até o fim das partidas. Não tem festa ou contato com pessoas que nada tenham a ver com o clube. Nem membros de outras diretorias podem entrar nas áreas mais reservadas: apenas o presidente Juvenal Juvêncio e os dirigentes do departamento de futebol têm acesso. Ordem de ninguém, mas pedido recorrente de todos os técnicos, para evitar algazarra e desconcentração

10- Há uma vitrine para separar os fãs
Jogadores, comissão técnica e dirigentes do futebol são separados por um vidro do resto da diretoria, conselheiros e convidados. A espécie de vitrine lota nos dias de jogos, cheia de VIP’s do clube interessados em assistir ao aquecimento dos jogadores. O vidro foi colocado no vestiário do Morumbi para satisfazer os curiosos que queriam descobrir um pouco mais sobre os momentos que precedem as partidas. 

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