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Presidente do Palmeiras tira time de campo. Mas é pela confiança na vitória

Mauricio Duarte e Pedro Lopes

Do UOL, em São Paulo

26/02/2014 06h00

O presidente do Palmeiras, Paulo Nobre, está ausente da briga entre o clube e a WTorre pelo direito de comercialização das cadeiras da Arena Palestra. Segundo pessoas que participam das negociações entre as partes, o cartola chegou até a não aparecer em algumas reuniões e tem mostrado pouca disposição em debater o assunto em detalhes com qualquer interlocutor.

O UOL Esporte apurou que a postura se deve, principalmente, à convicção de Nobre em uma vitória do Palmeiras no caso, que será decidido na arbitragem. O presidente, em diversas ocasiões, afirmou a seus diretores e a membros do COF (Conselho de Orientação e Fiscalização) acreditar firmemente que o direito de comercialização das cadeiras ficará com o clube.

A construtora argumenta que, pelo contrato, tem direito a negociar 100% dos assentos da nova arena. Já o Palmeiras contesta a versão. Afirma que a parceira tem direito a somente dez mil das cerca de 45 mil cadeiras do estádio. O clube também diz ter um parecer a seu favor dado por um grande escritório de advocacia.

Outra parte do comportamento do mandatário alviverde é devido à péssima relação que mantém com a WTorre. A convivência entre os parceiros, que nunca foi boa – desde o início, fontes ligadas à construtora reclamam do difícil contato, postura agressiva em negociações e até atrasos a reuniões –, se deteriorou muito nos últimos meses, e hoje é quase inexistente.

A empreiteira e até alguns conselheiros do próprio clube consideram algumas atitudes da diretoria sinais claros de animosidade. Declarações de Nobre sobre diminuição de ritmo das obras e possibilidade de entrega em 2015 são citados como exemplos disso. A WTorre não menciona atrasos e marcou publicamente a entrega do estádio para junho deste ano.

Além disso, os jogadores do Palmeiras foram proibidos de visitar as obras da Arena Palestra a convite da construtora. O assunto veio à tona em uma reunião da diretoria na última quinta-feira, que debateu assuntos de marketing e ações do centenário.  A visita de Alan Kardec, há dez dias, deverá ser a última.

Do lado da construtora, a disposição em chegar a uma solução amigável também diminuiu quando a empresa selou a venda de 50% de sua participação no Shopping JK Iguatemi, em um negócio que pode chegar a R$ 800 milhões, dependendo do desempenho do empreendimento.

Durante a tentativa de mediação do conflito, os advogados das partes tentaram, em um encontro sem a presença dos presidentes, costurar um acordo. Agora, com o afastamento de Nobre e a oficialização da arbitragem, a solução amigável é bastante improvável.

Procurada pela reportagem, a assessoria de imprensa do Palmeiras disse que a direção do clube não se pronunciará sobre o assunto. 

A arena deverá custar no total R$ 500 milhões, superando em R$ 200 milhões a conta inicial. A seguradora Allianz pagou R$ 300 milhões para dar o nome ao estádio por 20 anos. A tendência é que esse vínculo seja renovado por mais 10 anos, que é o prazo que a WTorre terá controle da casa alviverde. O estádio terá capacidade para até 45 mil torcedores em dias de jogos e até 55 mil pessoas em eventos e shows.