Topo

Vasco e o seu calvário: a asfixia financeira que não tem fim na Colina

Bruno Braz

Do UOL, no Rio de Janeiro

13/03/2014 06h01

Dívidas com a Fazenda, com jogadores, com proprietário de terreno e até mesmo no pagamento de contas de hotel. Ano após ano, a realidade financeira do Vasco segue dura e 2014 se apresenta como mais uma temporada com dificuldades para se cumprir os compromissos.

Após uma verdadeira batalha para obter as certidões negativas de débito, que incluíram comitivas frequentes à Brasília e que permitiram ao clube assinar um contrato anual de R$ 15 milhões com a Caixa Econômica Federal, o Gigante da Colina novamente se vira como pode, desta vez para renová-las.

Por conta de falta de pagamentos de impostos com a Receita e a Previdência, o Cruzmaltino já acumula cerca de R$ 4 milhões em dívida ativa da União. Somente quitando esta quantia o clube poderá ter acesso à terceira parcela do patrocínio com a estatal.

No que se refere ao quadro de funcionários e jogadores, janeiro está em atraso e fevereiro, por acordo interno, só vencerá no próximo dia 20. Ao menos, recentemente dezembro e o décimo terceiro foram pagos.

Paralelamente às obrigações atuais, o clube tenta, de algum modo, chegar a acordo com atletas afastados ou que já deixaram São Januário, mas que têm uma boa quantia a receber. Um dos não aproveitados, o volante Wendel preferiu não esperar e tomou o caminho da Justiça para se desvincular.

O goleiro Michel Alves, os zagueiros Rodolfo e Renato Silva, o lateral-direito Nei e o volante Sandro Silva aguardam definições através de seus respectivos empresários, que vez por outra aparecem na Colina na tentativa de uma solução.

O meia Felipe, ídolo do clube e especulado em um possível retorno, também está na lista de credores, após ser afastado pelo antigo diretor-executivo René Simões. O Vasco, em conjunto com seu empresário Reinaldo Pitta, busca um acordo para o pagamento das dívidas. O Maestro, que está respaldado com uma cláusula que permite aplicar uma multa em caso de atraso, não descarta escolher o caminho dos tribunais para ser ressarcido.

Antes de deixar o Gigante da Colina, no ano passado, o atacante equatoriano Tenório chegou a ironizar a situação, dizendo que se cobrasse tudo o que o clube deve, se tornaria “presidente do Vasco”.

Dentro de três semanas, o contrato de aluguel do centro de treinamento de Itaguaí, usado por toda a divisão de base, se encerrará. Com o local também há dívidas, mas a boa relação com o proprietário do terreno, o empresário Pedrinho Vicençote, deverá fazer com que o vínculo se estenda e os valores sejam renegociados.

A reportagem do UOL Esporte apurou que até mesmo o pagamento de hotéis usados pela equipe, vez por outra, não ocorrem e, num passado não tão longínquo, houve caso de jogador estrangeiro ser contratado e vir ao Rio sem ter sua passagem paga pelo clube.

Ano passado, a empresa de consultoria BDO levantou dados apontando que o Vasco já acumulava mais de R$ 400 milhões em dívidas, ocupando a sétima colocação entre os clubes brasileiros mais devedores.