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César Maluco critica toda linhagem de cartolas palmeirenses. Saiba o porquê

Danilo Lavieri

Do UOL, em São Paulo

18/03/2014 18h03

César Maluco aproveitou o momento de homenagem para desabafar. Chateado, ele criticou o Palmeiras por considerar que o clube não tem a devida consideração pelos atletas que marcaram a história alviverde. Sem citar nomes, o ex-jogador falou até palavrão para mostrar toda sua mágoa. Antes de falar com o UOL Esporte (assista ao vídeo acima), ele havia usado o microfone do músico Wilson Simoninha, apresentador do evento da WTorre, para dizer que “finalmente estava sendo homenageado. "É f...", disse César.

O desabafo aconteceu na manhã desta terça-feira, em evento na Arena Palestra, onde César Maluco e mais cinco ídolos do Palmeiras - Ademir da Guia, Leivinha, Dudu, Luís Pereira e Oberdan Cattani -, ganharam uma cadeira vitalícia no futuro estádio. O espaço irá se chamar Academia de Imortais. Outros cinco atletas que defenderam o uniforme alviverde antes de 1989 serão escolhidos via votação popular para completar o time. O pleito será realizado no site do estádio.

Curiosamente, Maluco, que balançou as redes por 180 vezes entre os anos 1960 e 1970 pelo Palmeiras, afirmou que esta era a primeira vez que era homenageado por sua ex-equipe. O detalhe é que a iniciativa partiu da WTorre, construtora do estádio, e não do clube. Pelo contrário, a equipe nem pôde ser avisada do evento pelos problemas que vive com a empresa.

"O Palmeiras nos deve ainda. Que faça em vida! Não é todo mundo que pode entrar no CT, mas jogadores com passado são barrados às vezes. Isso já aconteceu com Luís Pereira e vários colegas nossos. Isso não pode acontecer (...) Aqui é nosso lar!" disse César, que completou. "Essa garotada, não. Ontem ele era da arquibancada, hoje virou alguém aqui dentro e acha que é o bam-bam-bam. No futebol você cai rápido. Conhece dirigente que é querido? É difícil, né? Porque só fazem merda", finalizou. 

Outros dois presentes no evento, Ademir da Guia e Leivinha não se mostraram tão revoltados com a falta de homenagem. O “Divino”, aliás, está sempre nos eventos do Palmeiras e da construtora e também tem seu busto no Palestra Itália ao lado de Waldemar Fiúme e Junqueira.

O ex-meio-campo é considerado por alguns o maior jogador da história do Palmeiras. Ele disputou 901 partidas durante 16 anos e marcou 153 vezes.

“É muito bonito, é muito legal ver esse campo. Eu já joguei algumas vezes por aqui e é muito bom ver isso daí. E agora ao saber que eu vou poder ter uma cadeira aqui, se Deus quiser, vou estar em todos os jogos e vou ver muitas vitórias”, disse Ademir da Guia.

O UOL Esporte procurou os últimos presidentes do Palmeiras para comentar a declaração de César. Só Paulo Nobre, atual cartola, se recusou. 

Mustafá Contursi respondeu afirmando que a WTorre poderia homenagear muito mais atletas e não apenas alguns para se promover. Ele também defendeu sua gestão. “Desde 1972, quando fez 30 anos da mudança do nome [de Palestra Itália para Palmeiras], da conquista do campeonato de 1942, nós fazemos uma festa de todos os veteranos. Sempre tivemos convivência próxima”, resumiu.

Já Luiz Gonzaga Belluzzo admitiu que o Palmeiras tem problemas com seus veteranos e não se eximiu de culpa ao falar que jogadores mereciam ter tido mais homenagem. “Eu sei que eu devia ter feito mais, mas o Palmeiras é complicadíssimo. Qualquer coisa o Conselho precisa aprovar”, lamentou. 

Arnaldo Tirone, por sua vez, lembrou que foi seu pai que contratou César do Flamengo. “O César estava todo dia no clube. Foi meu pai que contratou ele do Flamengo. Mas eu não concordo que o Palmeiras não reconheça. Eu acho que isso é geral, é a mesma coisa que os outros times. Tudo está em tempo de ser reconhecido. E o César é um grande jogador”, completou.