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Anistia Internacional exige posição da FIFA sobre trabalhadores no Qatar

Projeto do estádio Al Wakrah, uma das sedes da Copa do Mundo do Qatar: trabalhadores nepaleses em condições degradantes no país - AFP PHOTO / Qatar 2022 committee
Projeto do estádio Al Wakrah, uma das sedes da Copa do Mundo do Qatar: trabalhadores nepaleses em condições degradantes no país Imagem: AFP PHOTO / Qatar 2022 committee

Do UOL, em São Paulo

Com informações da Reuters

25/03/2014 16h27

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A Anistia Internacional exigiu, nesta terça-feira, que a FIFA pare de se eximir da responsabilidade sobre os direitos trabalhistas no Qatar. A ONG internacional pede que a entidade máxima do futebol comece a achar soluções para as acusações envolvendo os trabalhadores dos estádios da Copa do Mundo de 2022. “Nós ainda estamos ouvindo reclamações sobre até que nível a FIFA é responsável, mas isso não é a questão”, disse em entrevista à Reuters James Lynch, que pesquisa a situação dos trabalhadores migrantes na região do Golfo. “A FIFA quer se colocar numa escala menor de responsabilidade em relação a outros atores, mas não vale a pena gastar tempo nesse argumento. Precisamos passar para o que a FIFA fará e o que nós gostaríamos que a FIFA falasse no que diz respeito aos trabalhadores, e no que precisa ser feito”, disse.        

Em setembro, o jornal britânico Guardian revelou que dezenas de trabalhadores nepaleses morreram no ano passado no Qatar. Desde então, o país tem sido criticado pelo tratamento aos operários de construção civil trabalhando nas obras para a Copa do Mundo. Outro ponto atacado pela Anistia Internacional é o tratamento aos imigrantes. A ONG teme que a situação piore com a necessidade de mais mão-de-obra até 2022. Só ano passado, morreram 185 nepaleses no país árabe, segundo o Guardian. A Confederação Sindical Internacional já publicou que, desde o início das obras, foram 1,2 mil imigrantes mortos. 

Os organizadores da Copa chegaram a publicar, em fevereiro, um documento que delineava medidas mais duras a serem seguidas pelas construtoras envolvidas nas obras para a competição. Esse documento não chegava a proibir, no entanto, a kafala, sistema pelo qual os trabalhadores precisam da permissão do empregador para deixar o país. Na última sexta-feira, a FIFA admitiu que é necessário acompanhar mais de perto a situação no país, mas disse que “não é responsável pelas leis domésticas de nenhum país”.

Joseph Blatter até reconheceu certa responsabilidade, mas culpou, em primeiro lugar, o Qatar e, em segundo, as construtoras. Lynch, da Anistia Internacional, defende que a FIFA deve buscar soluções mais práticas e que todos concordam que são as melhores respostas. “Eles precisam falar das falhas da kafala, melhorar o sistema de justiça trabalhista e assegurar que as leis serão implantadas”, disse Lynch. “A FIFA presenteou o Qatar com a Copa do Mundo e tem responsabilidade sobre os impactos dessa decisão. Não dá para negar este fato. Eles precisam ouvir uma variedade de vozes e encontrar alguns trabalhadores sem supervisão, para que eles possam falar por si mesmos”.