Sócio-torcedor do Corinthians não faz mais tanto sucesso
O Fiel Torcedor, programa de sócio-torcedor do Corinthians, é frequentemente apontado como um dos responsáveis pela boa fase do clube nos últimos anos, garantindo organização na venda e público cativo e considerável no estádio. De um ano para cá, porém, o tamanho de sua base despencou. De cerca de 60 mil adimplentes, o programa caiu para algo em torno de 20 mil usuários, segundo apurou o UOL Esporte – a direção alvinegra preferiu não confirmar.
“O programa Fiel Torcedor ainda é sensível à performance do time no campo. O número de sócios flutuou de 2013 pra 2014, mas não gostaria de abrir o número publicamente, pois o considero interno”, disse Alexandre Ferreira, gerente de marketing do clube, por email.
A política de não revelar os dados é nova. Em agosto do ano passado, a reportagem solicitou informações sobre o programa e o Corinthians informou que o Fiel Torcedor, àquela altura, havia sofrido uma queda considerada normal, de 65 mil para 57 mil adimplentes.
Nos últimos anos, o projeto tem sido um dos trunfos do marketing. Com o Fiel Torcedor, o corintiano pode comprar ingressos de forma antecipada e até com desconto, sempre pela internet. Em 2012, na reta final da Libertadores, praticamente todos os bilhetes foram vendidos por meio do sistema, que evita filas, dá comodidade ao cliente e permite maior controle e proximidade entre clube e fã. Os benefícios seguem os mesmos, mas hoje o alcance é bem menor.
A mudança impacta no dia-a-dia do clube. A anuidade paga pelos sócios é considerada baixa e não chega a pesar no orçamento, mas interfere no faturamento no estádio. Em 2014, a média de público do Corinthians no Campeonato Paulista foi de 14.677 pessoas, contra 23.886 apenas na primeira fase do ano passado, uma diferença de mais de 9 mil pagantes.
O momento para a queda também é sensível. No último mês, o Corinthians atualizou seu projeto de sócio-torcedor com um cartão de crédito da Caixa que criará uma espécie de milhagem alvinegra. Quem comprar algo usando o modo de pagamento oficial do clube acumula pontos para trocar por benefícios intangíveis, como uma visita ao CT ou um jantar com um jogador.
A grande vantagem dessa mudança seria o acúmulo de informações sobre o cliente, que ampliaria seu relacionamento com o Corinthians para além do estádio. O problema é que a ideia, que estava pronta desde agosto passado, saiu do papel justamente no momento de baixa do Fiel Torcedor. Ferreira crê que, mesmo assim, o cartão pode ser um trunfo.
“Temos feito diversos estudos e ações com o intuito de tornar o programa o menos dependente possível dos resultados dos jogos, como, por exemplo, o recém-lançado plano “Meu Timão”, que já vem apresentando um resultado interessante de adesões com poucos dias de funcionamento”, disse o gerente, citando a parceria com a Caixa.
Só que o resultado em campo não é a única explicação para a queda. Na visão de Raul Corrêa da Silva, diretor financeiro do Corinthians, a perda de mandos de campo no Campeonato Brasileiro do ano passado também tem peso.
“A queda é natural. Não foi para a Libertadores e aqueles jogos fizeram o fiel torcedor [como é chamado o usuário do programa] ficar inseguro se vai ter prejuízo. Se gera insegurança já complica”, explica o dirigente.
Para reverter o quadro, além do benefício do cartão da Caixa, o Corinthians conta com uma guinada esportiva e, principalmente, a nova casa. “Outras ações já estão sendo planejadas junto aos nossos parceiros e acreditamos que com a inauguração da Arena Corinthians naturalmente haverá um reflexo na curva de crescimento do número de fiéis torcedores", disse Ferreira.
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