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Jabá, Canigia e Piu Piu. Apelidos tomam conta da base do Corinthians

Gustavo Franceschini

Do UOL, em São Paulo

05/04/2014 06h00

Jabá, Canigia, Espeto, Piu Piu, Piá e Tocantins. O corintiano que se acostume, porque o futuro da base do clube não está só nos pés de Joões, Pedros ou Antonios, ou pelo menos não é assim que eles serão chamados. Sem se preocupar com receitas de venda para a Europa, os cartolas alvinegros veem florescer uma geração de apelidos nas categorias inferiores.

Não há, no clube, uma limitação quanto ao uso de apelidos ou nomes no diminutivo. Também é comum que os jogadores sejam chamados apenas pelo sobrenome. A regra, no Parque São Jorge, é não ter uma regra.

“Eu entendo que o que vai fazer a diferença é formar jogadores de qualidade, independentemente do nome. No futebol europeu alguns jogam com os apelidos também. Vejo como algo normal. A decisão tem de partir principalmente do atleta, e sempre necessário com orientação nossa, caso seja algo muito fora de comum”, disse Marcelo Rospide, superintendente técnico do Corinthians, em entrevista ao UOL Esporte.

Naturalmente, os adolescentes que tentam ser jogadores profissionais trocam apelidos. O sub-20 tem três PC’s. Um deles é Paulo César e um segundo, Victor, lembra o ex-lateral direito de passagens por Santos e Fluminense. Márcio, o terceiro, ganhou a alcunha simplesmente por parecer com Victor, aumentando a confusão.

Os nomes não são tão dominantes nem mesmo nas categorias menores. Nos times sub-11 e sub-13, Mau Mau, Luizinho, Gabrielzinho, Piu Piu, Piá, Capivari e Pedrão podem aparecer em alguma partida. É no sub-17, porém, que ao apelidos roubam mais a cena.

Os dois principais nomes da equipe são Léo Jabá e Matheus Pirulão, promessas que o Corinthians trata com carinho e espera ver florescer em um futuro próximo. Há cerca de um mês, ambos usavam os apelidos de forma oficial. Hoje, só um deles segue fazendo isso.

“Surgiu quando eu ainda jogava salão no Juventus. Era porque eu tinha 11 anos e era muito alto, sempre o maior de todos, mas eu nunca gostei”, disse Pirulão, agora só Matheus, depois de uma reclamação ao vivo na ESPN Brasil.

“Na época até se conversou com o pessoal da TV nesse sentido. Se ele se sente bem não tem por que não deixar usar o apelido, mas às vezes pode achar pejorativo. Cheguei aqui e ele já era o Pirulão. E o cara não gosta. É complicado”, disse Rospide.

Léo Jabá é o contrário. O apelido se deve ao chute forte de quando ele começou. Ele explica a relação. “No meu primeiro amistoso por um time de São Caetano eu fiz 4 gols e chutei tão forte em um deles que o goleiro entrou com bola e tudo. O técnico disse: ‘Você come jabá para ter um chute forte desse’”, disse o jogador.

Aos 11 anos, ele assumiu a relação com o alimento, um tipo de carne seca, e resolveu adotar o apelido. Só que Jabá só viraria uma marca quando ele se mudou para o Corinthians.  “Eu jogava no São Paulo, na época. Lá era Leonardo, né? Mas eu nem ia muito para a súmula, eram poucos amistosos. Na minha idade o São Paulo não disputava competição. Aí eu mudei para o Corinthians e pegou o Jabá”, disse o jogador.

O clube do Morumbi, de fato, não é o maior fã de apelidos em suas categorias inferiores. Há anos a diretoria tricolor segue a política de que um atleta com nome e sobrenome tem mais mercado na Europa e, por isso, privilegia essa estrutura às piadas, abreviações e diminutivos.

Hoje isso não é regra, mas o clube se preocupa que aqueles formados em Cotia usem o nome de batismo. Caso haja um homônimo, a tendência é que os Joões, Pedros e Antonios tricolores adotem seus sobrenomes. Apelidos, em geral, só quando quem chega ao clube já tem uma marca, cenário bem diferente daquele visto no Corinthians.