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Do que Pato precisa para cair nas graças de Muricy? Quem caiu dá a receita

Mauricio Duarte

Do UOL, em São Paulo

12/04/2014 06h00

Após uma boa atuação e seu primeiro gol com a camisa do São Paulo, Alexandre Pato espera uma sequência durante o Campeonato Brasileiro para ser titular no time. No entanto, o que é preciso fazer para se tornar imprescindível ao esquema tático de Muricy Ramalho? Atacantes que se deram bem com o treinador resumem ao UOL Esporte como cair nas graças do comandante que adora “trabalho”.

Segundo eles, a primeira coisa a ser feita é “treinar até a última gota de suor”. Mesmo que você não esteja em um bom momento tecnicamente, será valorizado se o treinador perceber seu empenho cotidiano.  “Tem que suar da maneira que ele pedir, isso é o primeiro requisito. Você pode até não fazer bem, mas se fizer da maneira que ele pediu, ele vai dar moral. Muricy gosta muito de treinamento”, explica o ex-atacante Fernandão, que trabalhou com Muricy no Internacional.

“Muricy é teu pai, mas te cobra até ultima gota. Se ele perceber que você esta fazendo de coração, pode até não fazer direito, mas ele vai te entender e você vai ter moral com ele. Precisa mostrar que está interessado”, completa.

O centroavante Alan Kardec, hoje no Palmeiras, jogou sob o comando de Muricy no Santos. É, inclusive, muito elogiado pelo treinador até hoje. De acordo com ele, disposição é a palavra-chave para ter sucesso com o técnico. “Antes de mais nada, você precisa provar por que merece estar ali. Você tem que dar o seu máximo nos treinamentos, suar sangue nos jogos”, relata.

Washington, que foi comandado por Muricy no Fluminense e no São Paulo, corrobora a afirmação do colega. “Para você conquistar o Muricy tem que trabalhar, treinar muito, se dedicar. É a primeira coisa. Ele percebe muito quando o jogador se dedica. Às vezes ele nem demonstra, não fala nada, mas percebe. E com certeza ele bota para jogar”, diz.

Outro requisito básico é a obediência. Muricy gosta muito de tática. Portanto, para jogar com ele, é necessário obedecer aos seus comandos táticos. “Se você fizer o que ele está pedindo,  vai se dar bem. Como atacante, ele cobra muito finalização. Eu sempre gostei de tática, e ele me explicava isso. Até por eu ser capitão”, afirma Fernandão.

O atacante Euller fez uma parceria bem sucedida com Muricy no São Caetano, quando conquistaram o Campeonato Paulista de 2004. Para ele, obediência tática é o caminho para ganhar espaço com o técnico. Ele mesmo sofreu com isso, pois era um jogador de velocidade e o comandante pediu mais contenção de bola.

“Tem que ser obediente. Ele usa as características que busca em seu esquema. Não pode sair das suas características. Precisa treinar muito também, comer grama. Ele é um treinador que teve como mestre o Telê Santana, então isso é muito importante”, conta.

A marcação também é um fator que conquista Muricy. Mesmo sendo atacante, é preciso marcar a saída de bola adversária e jogar para o time. Virar as costas para o jogo, nem pensar. “Tinha que ajudar na marcação, pegar a saída de bola. Mas eu, como jogador de área, era cobrado por gols também”, comenta Washington.

Kardec sempre ouviu de Muricy que precisava se dedicar a marcar. “Para os atacantes, sempre pedia que se doassem também na marcação, quando o time estava sem a bola. Ele não admite corpo-mole ou falta de disposição. Quer os jogadores sempre focados e com vontade de vencer. Por isso é um treinador tão vitorioso”, declara.

“Tem que marcar principalmente a saída de bola. Esse combate tem que ser dado. Não pode virar as costas”, complementa Fernandão, dizendo ainda que esse fundamento pode ser aprimorado pelo atleta se ele ouvir o que Muricy tem a dizer.

Para Alexandre Pato, inclusive, esse é o principal obstáculo. Apesar de ter passado pela Europa, no Milan, onde a marcação no campo de ataque é valorizada, ele nunca foi intensamente cobrado por isso. “Estou numa fase de aprendizado ainda, e se alguém falar o que for melhor pra mim, será melhor. Ele analisou e viu que era uma posição para mim, conversou comigo e ele me ajudando, vou melhorar muito. Tenho de melhorar na marcação, na Europa era assim, mas aqui é diferente”, disse.

“O professor pediu, não só para mim, para todos da frente ajudarem na marcação, o Maicon e o Souza, para a gente atacar e pudesse ajudar na parte defensiva. Acho que conseguimos fazer isso. Não foi os 90 minutos, demos uma descuidada, escutamos algumas do Muricy, mas acabou 3 a 0, conseguimos jogar muito”, completou, sobre a vitória em cima do CSA-AL.