Topo

Caso Fred foi gota d'água, mas relação entre Flu e organizadas não acabou

Rodrigo Paradella

Do UOL, no Rio de Janeiro

16/04/2014 06h00

Uma semana após o atacante Fred desabafar nas redes sociais contra as organizadas, o Fluminense decidiu suspender qualquer tipo de ajuda aos grupos de torcedores. O episódio da briga entre o jogador e as uniformizadas foi apenas a gota d'água de uma relação que já vinha desgastada desde o fim do ano passado, e que nunca empolgou a atual gestão tricolor.

Embora não tenha mantido a relação que mantém com as organizadas, o Fluminense aproveitou a ocasião, e a pressão espontânea imposta pelo caso envolvendo o atacante, para extinguir os benefícios aos grupos. O plano, porém, é ainda manter um canal de comunicação aberto com as uniformizadas, ou seja, sem romper completamente os laços.

A ideia de restringir ou eliminar os benefícios às organizadas chegou ao Fluminense junto do presidente Peter Siemsen, que, no entanto, não tinha a executado nos pouco mais de três anos a frente do clube. Entre os fatores que impediram o corte da ajuda, estava a influência política das organizadas nas Laranjeiras, já que alguns integrantes são sócios ou até mesmo conselheiros do clube.

Diante dos recentes protestos e o atrito explícito com o principal jogador da equipe e titular da seleção brasileira, o Tricolor resolveu não mais dar ingressos ou financiar viagens de torcedores. A decisão foi tomada em reunião durante a noite de segunda-feira entre o conselho diretor do clube, com o apoio do presidente Peter Siemsen.

Entre os fatores que deram força para a atitude da diretoria está o apoio maciço da torcida a Fred durante a vitória por 5 a 0 sobre o Horizonte-CE na última quinta-feira, em contraponto a um tímido protesto das organizadas, que foram abafadas no Maracanã. Logo após o jogo, um empolgado Peter Siemsen pediu a palavra sobretudo para elogiar a postura do atacante e desabonar a postura das uniformizadas.

“Normalmente, quando venho falar após o jogo, é um momento de crise. Agora, não. Além de presidente, sou torcedor e vim aqui principalmente parabenizar o Fred. É um patrimônio do clube e jogador de referência. Ele tem carisma e mostrou que o casamento com o clube está consolidado. A diretoria apoia o Fred e dá todas as condições ao seu trabalho", disse Peter na ocasião, quando o camisa 9 foi vaiado apenas pelas organizadas.

O desabafo de Fred foi apenas o estopim para o corte da ajuda. A diretoria do Fluminense já havia se irritado com protestos recentes, como o que aconteceu no primeiro dia de trabalho de Cristóvão Borges nas Laranjeiras. Em outra ocasião, torcedores abordaram Marcão e cobraram satisfações do auxiliar técnico.

Um dos casos que mais irritou a diretoria aconteceu na véspera do segundo jogo da semifinal contra o Vasco, quando um membro de torcida organizada invadiu o vestiário das Laranjeiras após treinamento para cobrar os jogadores. Ele, no entanto, chegou atrasado: todos os relacionados para o duelo já tinham saído rumo ao hotel onde a equipe se concentra.

Embora o clima tenha esquentado nos últimos tempos, o Fluminense também tentou o apoio dos torcedores mais recentemente. Na reta final do último Campeonato Brasileiro, o Tricolor aumentou a carga de ingressos doados para as organizadas em busca de uma presença mais maciça nos jogos mais importantes na luta contra o rebaixamento.

O corte da ajuda não afastará totalmente as torcidas organizadas do Fluminense. Com conselheiros ligados aos grupos, o Tricolor manterá contato em busca de soluções práticas para facilitar a vida dos torcedores, mas sem que seja usado o dinheiro do clube de forma direta.

PRESIDENTE DO FLU DEFENDE FRED EM BRIGA COM ORGANIZADAS