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Mancini terá que saber lidar com líderes do elenco por sucesso no Botafogo

Bernardo Gentile

Do UOL, no Rio de Janeiro

17/04/2014 06h07

Vagner Mancini chegou ao Botafogo em um momento delicado na temporada, logo após o time ser eliminado da Copa Libertadores. Seu nome é desejo antigo da diretoria, que só não o contratou para o início do ano porque tudo levava a crer que ele renovaria com o Atlético-PR, o que não ocorreu. Mas para obter sucesso no Alvinegro, o novo treinador terá que ter jogo de cintura e aprender a lidar com a forte liderança que existe no elenco do clube.

Logo em sua primeira entrevista coletiva, Mancini teve que responder algumas perguntas sobre a grave crise financeira vivida pelo Botafogo. Ao lado do gerente técnico Sidnei Loureiro, o treinador deixou claro que sua função é treinar a equipe e melhorar o desempenho dentro de campo. Para quem está chegando, ele saiu pela tangente e evitou polêmicas.

“Minha função é dentro de campo. Fazer o que for necessário para que o time tenha bom desempenho dentro de campo. Fora dele, temos pessoas capacitadas para resolver essas questões”, disse o treinador.

A questão é que o elenco já se mostrou engajado em peculiaridades extracampo. Desde o início de 2013, por exemplo, os jogadores conseguiram o direito de não se concentrarem antes das partidas no Rio de Janeiro, chegando à sede do clube, em General Severiano, na manhã da partida.

Com essa prática, o grupo ignorou os salários atrasados e conseguiu a classificação para a Libertadores, o que não ocorria há 17 anos. Por conta do profissionalismo mostrado, houve uma reunião no fim da temporada e a diretoria prometeu reduzir a folha salaria para manter os vencimentos em dia em 2014.

Logo no primeiro mês, o salário não bateu e os jogadores voltaram a mostrar sua força. Eles protestaram contra o atraso e se manifestaram: sentaram no campo antes do treinamento por cerca de dez minutos por três dias seguidos, além de cancelarem uma atividade. Tudo isso ocorreu antes da queda na Libertadores, que gerou mudanças no clube.

Alguns jogadores foram negociados e outros passaram a treinar em horário alternativo. Titular absoluto, até mesmo Bolívar esteve para ter seu contrato rescindido, mas outras lideranças do elenco pressionaram a diretoria, que voltou atrás e manteve o zagueiro no grupo. Apesar de não tocarem no assunto, a atitude foi um claro recado aos atletas, pois há um consentimento que os posicionamentos do elenco têm passado do ponto em determinados momentos.

O fato é que os líderes do elenco saíram ainda mais forte após toda a polêmica. Conhecido por ter boa relação e respeitar os jogadores pelos clubes que passou, Vagner Mancini terá que saber que dançar conforme a música para aos poucos fazer as mudanças que considera necessária para o sucesso do Botafogo.

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