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Andrés vai tentar ser deputado e isso afeta a eleição do Corinthians

Gustavo Franceschini

Do UOL, em São Paulo

17/04/2014 06h00

Andrés Sanchez é figura fundamental na eleição presidencial do Corinthians, marcada para o início do ano que vem. Antes de pensar em quem sucederá Mário Gobbi, porém, o cartola vai se preocupar com a própria candidatura a deputado federal, e isso fará toda diferença no ambiente político do clube. Com a incursão política do dirigente, a discursão do pleito alvinegro, no mínimo, será adiada.

A eleição no Corinthians não tem data exata, mas deve acontecer no início de 2015. Em 5 de outubro, meses antes, portanto, Andrés deve disputar uma vaga na Câmara dos Deputados, em Brasília.

Pré-candidato do PT, o cartola tem se dividido há semanas entre as últimas missões que possui na obra do Itaquerão e reuniões políticas. Na última quarta, por exemplo, ele esteve com Emídio de Souza, presidente estadual da legenda, e assinou sua inscrição como candidato, segundo a Folha de S. Paulo.

Até a eleição de fato, Andrés terá de entrar de cabeça na campanha e a expectativa é de que ele não pense tanto na política corintiana. Se isso de fato acontecer, o ex-presidente pode paralisar os bastidores alvinegros.

Mário Gobbi, presidente do clube, está às turras com o grupo de Andrés há meses e, por isso, vai se eximir de participar da eleição. Embora evite publicamente o assunto, ele já sinalizou que dará seu apoio ao candidato que Andrés escolher, mesmo que não entre de cabeça na campanha.

Andrés, por sua vez, está indeciso. No ano passado, ele chegou a indicar que Roberto de Andrade, ex-diretor de futebol, seria seu candidato. Hoje, porém, não está tão certo disso em com seu silêncio, abre um vácuo para que vários nomes surjam no cenário.

Quem frequenta o clube aponta pelo menos seis interessados em ser presidente, e a lista vai de membros da atual diretoria a conselheiros do “baixo clero”, passando pelos nomes tradicionais da oposição. Andrés alimenta essa dúvida, mantendo conversa com todos, inclusive com ex-desafetos como Antonio Roque Citadini.

Nem todos esses nomes, porém, buscam de fato a presidência. A maior parte deles, ciente de que é difícil alçar um voo tão alto, espera ganhar alguma notoriedade para tentar beliscar uma vaga de vice ou diretor em uma chapa formada mais adiante. Os principais nomes só sairão, acreditam os envolvidos, quando Andrés der seu aval.

A partir do candidato do ex-presidente, figura mais forte do cenário político alvinegro, a oposição e até parte da situação se posicionarão mais claramente. Até pouco tempo atrás, havia a expectativa de que Andrés fosse se definir após a Copa do Mundo. Com a eleição, a data deve ser adiada.

A nova faceta de Andrés também altera o papel de um importante peão no tabuleiro: André Luiz de Oliveira, seu braço direito. Parceiro de longa data do ex-presidente, o conselheiro conhece bem o clube e carrega consigo votos importantes. Ao mesmo tempo, tem uma rejeição considerável por seu estilo polêmico.

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Desde o ano passado, André se intitula candidato à presidência, como já fizera em outras oportunidades. O histórico faz com que muitos duvidem de sua real intenção, mas mesmo a entrada em alguma chapa como vice ou diretor criaria polêmica. Hoje é difícil imaginar, por exemplo, que Mário Gobbi pose junto a ele para alguma foto.

Só que até outubro André Luiz estará ocupado. Desde o início do projeto ele tem sido um dos coordenadores da campanha de Andrés a deputado. Além de acompanhar o cartola no pleito, ele também pode ir para Brasília com o parceiro, para trabalhar em um eventual exercício de mandato.

Sem André Luiz, Roberto de Andrade teria mais facilidade, por exemplo, para se aproximar dos aliados de Mário Gobbi, refratários ao braço direito de Andrés. Ele avisa, no entanto, que não deve se afastar tão facilmente.

“Não muda nada. A eleição para deputado é em outubro e a do Corinthians só em fevereiro. Continua tudo igual”, disse André Luiz ao UOL Esporte