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Corinthians dos EUA tem ídolo são-paulino como técnico e sonha com Mundial

Palhinha posa com membros da diretoria do Corinthians USA - Arquivo pessoal
Palhinha posa com membros da diretoria do Corinthians USA Imagem: Arquivo pessoal

Luiza Oliveira

Do UOL, em São Paulo

06/05/2014 06h01

O nome é Corinthians. O time tem uniforme alvinegro, costuma ter estádio cheio em seus jogos e trabalha forte para conquistar títulos e disputar o Mundial de Clubes em 2015. Apesar de todas as semelhanças, a história não é do Timão que todos conhecem. Mas sim do Corinthians USA.

A versão norte-americana do clube paulista mostra ambição nos primeiros anos de vida. A equipe é treinada por Palhinha, ídolo do São Paulo e do Cruzeiro na década de 90, e já sonha em disputar a competição da Fifa no ano que vem.

Com pouco mais de um ano e nove meses de vida – o time profissional tem apenas sete meses, o Corinthians USA superou mais de nove mil adversários e ficou com o segundo lugar em uma competição na Califórnia.

Com o resultado, o Corinthians garantiu presença no Lamar Hunt US Open Cup, um torneio nos mesmos moldes da Copa do Brasil fazendo uma comparação com os torneios brasileiros. O campeão, por sua vez, ganha a chance de disputar a Liga dos Campeões da Concacaf, a competição continental da América do Norte que dá vaga no Mundial de Clubes.

O primeiro passo da longa caminhada foi dado. Logo no jogo de estreia, o time de Palhinha venceu o Juventus Black por 5 a 0 e se classificou para a segunda fase. Na próxima quarta-feira, vai enfrentar o San Diego Flash também em partida eliminatória. A partir da quarta fase o desafio fica mais difícil com a participação das equipes que disputam a Major League Soccer. Mas Palhinha acredita no potencial de seus comandados e já sonha alto.

“Já pensou esse time no Mundial? É coisa para doido. Há coisas que não têm explicação, futebol não tem explicação. Eles (Corinthians Paulista) não vão ter a oportunidade de disputar a Libertadores neste ano, talvez nem no ano que vem, e a gente está correndo em paralelo. Come quieto”, conta Palhinha, sem esconder o jeito jeito mineiríssimo.

Palhinha mostra confiança no time composto por 13 atletas brasileiros, além de dois camaroneses, um nigeriano e norte-americanos filhos de mexicanos, guatemaltecos e hondurenhos. “É um time diferente, de molecada. Os cara são fortes, rápidos e têm velocidade no campo sintético, a bola corre mais. Em todo jogo, a torcida fica cheia agora”, conta ele.

“Tudo está acontecendo muito rápido. Tenho expectativa de verdade porque o time é bom. A gente vive o futebol 24 h por dia e vê os jogadores que temos, tem muitos moleques bons. Já saíram dois jogadores daqui para o México, um para os Emirados Árabes”, completou.

O trabalho de Palhinha é muito mais amplo que o conceito de técnico no Brasil. O ex-jogador coordena todos os treinadores da Corinthians Soccer Academy USA, que reúne escolinhas de futebol infantil e juvenil, além dos times sub-23 e o adulto que estão disputando a US Open Cup.

Curiosamente, Palhinha fez sucesso no Brasil ao defender um rival do Corinthians: o São Paulo. Ele foi bicampeão da Libertadores e do Mundial de Clubes e esteve prestes a disputar a Copa do Mundo de 1994.

Hoje, Palhinha mora em Fontana, na região de Los Angeles, onde o projeto tem sede, e está há cerca de dois anos nos Estados Unidos. Adaptado com a esposa Karina e as filhas gêmeas Julia e Gabriela, ele não pensa em voltar a Brasil.

Palhinha se identificou com o estilo de vida norte-americano e a rigidez com que as leis são cumpridas. No Brasil, ele se decepcionou muito com os problemas, especialmente com a corrupção. Não é à toa que ele costuma colocar post em protesto à corrupção nas redes sociais.

“Tenho que valorizar quem me valoriza. Não vou falar que é impossível, mas é muito difícil eu voltar. É um projeto muito bacana que eu não pretendo sair nunca. No Brasil não existe valorização para ninguém. Se você ganhou, ganhou, se perdeu, não vale mais nada. E não é só no futebol. Em qualquer lugar, um advogado ganha várias causas e quando perde já é ruim. No Brasil, quem tinha que estar preso, não está. Quem tinha que estar pagando, não paga”.

Apesar dos problemas, ele vê muitas coisas boas no Brasil e guarda doces lembranças da época em que jogava futebol. Mesmo a decepção por ficar fora da Copa do Mundo de 1994, depois de aparecer no álbum de figurinhas do Mundial, ele garante que superou.

“Em todos os clubes em que passei e em todos em que joguei contra, não posso falar nada. Sou um cara realizado. Tive 25 anos como profissional, 31 times em toda a carteira, estou vivo com saúde, falando contigo, trabalhando. Na época da Copa fiquei bravo com ele (Carlos Alberto Parreira, ex-técnico da seleção), ‘esse homem está doido, me deixou fora’.  Mas depois encontrei com ele várias vezes e está tudo certo”.