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Ex-advogado da Portuguesa no STJD processa Lusa e vira ameaça ao clube

Oswaldo Sestário ao lado da cúpula da diretoria da Portuguesa - Bruno Braz
Oswaldo Sestário ao lado da cúpula da diretoria da Portuguesa Imagem: Bruno Braz

Bruno Braz

Do UOL, no Rio de Janeiro

08/05/2014 06h01

Todos já estavam posicionados no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), no Rio de Janeiro, quando adentrou ao julgamento o advogado Osvaldo Sestário. Defensor polêmico da Portuguesa no caso Héverton, que culminou no rebaixamento da Lusa, ele agora estava do lado adverso. Representando outros clubes, teve sua ação rapidamente bloqueada pelo presidente da 5ª Comissão Disciplinar, mas bem mais que um pedido de terceiro interessado no caso, fato que o motivou a estar ali, ele ressurgiu disposto a trazer dor de cabeça ao seu antigo cliente.

Acusado pela Portuguesa de não ter avisado o clube sobre a irregularidade de Héverton na última rodada do Campeonato Brasileiro de 2013, o advogado se mostra bem mais tranquilo que no período de maior turbulência. Se considerando vítima na situação, ele informou ao UOL Esporte estar processando a Lusa em duas frentes:

“Eu tinha um contrato com eles que era válido até janeiro deste ano e não recebi minha última mensalidade de dezembro. Então, estou executando este contrato e também pedindo perdas e danos por tudo o que aconteceu, porque se foi falado muita coisa que a Portuguesa não provou”.

E as ameaças à Portuguesa não param por aí. Representando na audiência o Luverdense, o ABC, o Santa Cruz e o Icasa, ele alega que tais equipes poderão entrar com um recurso contra a decisão tomada pelo STJD nesta quarta-feira, que culminou com a concessão dos pontos da partida que a Portuguesa abandonou para o Joinville, bem como um resultado de 3 a 0 para os catarinenses.

“Eles podem recorrer dessa decisão que não os acatou como terceiros interessados. Se os clubes resolverem entrar com recurso, essa decisão pode ser até anulada. Vamos analisar com cada um, ver se eles têm interesse de prosseguir com isso”, argumentou.

Sestário aproveitou para explicar no que seus clubes se basearam para entrarem com um pedido de terceiros interessados:

“Há o problema dessa questão de saldo de gols. Isso pode influenciar lá na frente e pode, na hora de subir um clube para a Série A, representar alguma diferença”, disse, se referindo ao fato do Joinville ter sido beneficiado com a obtenção de três gols pró.

Osvaldo, aliás, não fez questão de admitir que virou “persona non grata” no Canindé. Ele mesmo relatou o episódio que ocorreu tão logo encontrou com os dirigentes da Lusa nos corredores do STJD.

“Hoje nem boa tarde me deram. É uma diretoria nova, que está defendendo o direito da Portuguesa. É vida que segue para eles e vida que segue para mim”, comentou.

Aos que pensam que sua carreira foi prejudicada após a polêmica no caso Héverton, o advogado ressalta que quase não perdeu cliente e que ganhou até mais visibilidade:

“Tenho cerca de 25 clubes que represento. Não perdi nenhum, a não ser o contrato com a Portuguesa. Recebi muita manifestação positiva. Acho que depois que viram que a Portuguesa mudou várias vezes de versão, todo mundo me apoiou. Num momento foi difícil estar exposto assim na mídia, mas depois, acho que até serviu para que meu nome fosse nacionalmente conhecido. Acabou, de uma certa forma, dando mais força para minha carreira profissional”.

Por fim, relatou que é visto até como uma espécie de herói pelos torcedores do Fluminense, já que se não fosse toda a polêmica em relação à irregularidade de Héverton, o Tricolor é que seria o clube rebaixado para a Série B.

“Aqui no Rio de Janeiro, o carioca tem um humor bem sarcástico. Então, de vez em quando vem algum torcedor do Fluminense dar saudações tricolores, coisas assim. Mas eu já estou acostumado. As pessoas têm curiosidade em saber. Muitas pessoas perguntam se alguém recebeu algo da Portuguesa. Há muita curiosidade”, comentou.

No julgamento desta quarta-feira, a Portuguesa foi punida com uma multa de R$ 50 mil por ter abandonado a partida contra o Joinville, na primeira rodada da Série B de 2014, em função de um torcedor ter obtido uma liminar na Justiça Comum. Os três pontos da partida foram cedidos ao time catarinense bem como um placar de 3 a 0 foi decretado.