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Kardec chega ao SP, expõe erros do Palmeiras e fala em "agressão" a seu pai

Guilherme Palenzuela

Do UOL, em São Paulo

13/05/2014 12h29

O atacante Alan Kardec foi apresentado pelo São Paulo, nesta terça-feira, no CT da Barra Funda. O jogador foi acompanhado pelo presidente do clube paulista Carlos Miguel Aidar e vestirá a camisa 14, como no Palmeiras. O atacante relembrou a passagem pelo antigo clube e se mostrou agradecido, mas fez questão de expor os erros da diretoria do presidente Paulo Nobre durante a negociação de renovação de contrato. Kardec diz que seu pai e empresário foi agredido, e afirma que se sentiu ofendido durante o processo de transferência. O São Paulo pagou 4,5 milhões de euros (R$ 14 milhões) ao Benfica (POR) para contratá-lo.

"Acho que no fim da história infelizmente alguém vai ter que ser o culpado. Não foi só uma oferta que [os dirigentes do Palmeiras] voltaram atrás, foi mais de uma oferta. No fim das contas uma pessoa que não pode te pagar X a mais depois diz que pode cobrir tudo. Eu poderia ter sido mercenário quando o Palmeiras disse que cobriria tudo. A palavra vale mais do que o contrato assinado. Quando meu pai esteve em São Paulo, foi aí que deram mais uma vez para trás e vieram com valor mais baixo", afirmou Alan Kardec, sobre o fato de ter aceitado uma renovação por R$ 220 mil fechada com o diretor José Carlos Brunoro que, depois, foi recusada pelo presidente Paulo Nobre, que ofereceu apenas R$ 200 mil - no São Paulo ele receberá R$ 350 mil.

O atacante também comentou as declarações de Paulo Nobre que, ao afirmar que o São Paulo foi "sorrateiro" e "antiético", disse que tirou Kardec do ostracismo ao repatriá-lo do Benfica B. "Como foi falado do outro lado que "o jogador estava no ostracismo"... Eu não tive oportunidade de vir só para o Palmeiras. Cada um fala o que quer, a palavra não seria bem essa, "ostracismo". Me senti bastante ofendido com isso e nem por isso vou ficar rebatendo críticas", revidou o jogador, que fez questão de não citar o nome de Nobre e disse que o São Paulo não agiu de forma antiética.

"Foi uma coisa muito grande, mas que ficou no passado. Nossa vida é muito grande, muito rápida, mas agradecer pelos momentos bons. Sou muito grato ao Palmeiras e todos que estão ali. É passado e hoje estou vestindo a camisa do São Paulo. Estou feliz, as pessoas me receberam bem", completou, sobre a transferência, após vestir a camisa pela primeira vez.

Kardec sustenta que só falou com o São Paulo após o Palmeiras ter desistido da renovação por R$ 220 mil mensais: "Tem duas verdades nessa história (com o Palmeiras), cada um defende seus interesses. A partir do momento que meu pai sentiu que estava sendo 'agredido', isso gera um desgaste à imagem, algumas inverdades acabaram sendo ditas. Não acredito que ele tenha falado demais, o telefone dele não parava de tocar, toda hora alguém perguntando alguma coisa", contou.

Alan Kardec não acredita que houve falta de ética por parte do São Paulo, como acusou o presidente palmeirense Paulo Nobre. "Não digo em questões éticas. Todos os momentos que sentamos foi apenas com o Palmeiras. Tem quem chegava e fala que ‘fulado paga isso, aquilo’, não quisemos estudar", ressaltou.

O atacante só poderá estrear pelo São Paulo após a Copa do Mundo, a partir do dia 14 de julho, porque precisa esperar a abertura da janela internacional de transferências. Até lá, ele tenta recuperar o preparo físico perdido. Segundo Kardec, o estresse da negociação causou uma gastrite que fez com que ele perdesse quatro quilos. "Chegava em casa, minha esposa falava: "você não vai jantar?". Não conseguia, deitava, esperava que algo desse certo, eu me sentia mal. Eu dizia que não conseguia comer, ia vomitar. Eu perdi quatro quilos. Para um jogador como eu que perde peso muito rápido, atrapalha. Fazia trabalhos específicos no Palmeiras. O médico falou comigo da parte emocional. Mas estou abaixo do meu peso e estou fazendo um trabalho para voltar", concluiu.