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Ex-presidente da FPF, Eduardo José Farah morre aos 80 anos em SP

Eduardo José Farah se afastou da vida pública após deixar a FPF - Danilo Verpa/Folha Imagem
Eduardo José Farah se afastou da vida pública após deixar a FPF Imagem: Danilo Verpa/Folha Imagem

Do UOL, em São Paulo

17/05/2014 08h51

O ex-presidente da Federação Paulista de Futebol, Eduardo José Farah, morreu neste sábado aos 80 anos, no Hospital do Coração, em São Paulo. Farah foi mandatário do futebol paulista entre 1988 e 2003, e tinha ligações com o Guarani. A morte foi confirmada pelo hospital e ocorreu por falência múltipla de órgãos, às 5h30 (horário de Brasília). O ex-dirigente estava internado na UTI do HCor desde o dia 26 de novembro do ano passado. 

A gestão de Farah foi marcada por uma série de inovações polêmicas, como a adoção de dois árbitros por partida, disputa de pênaltis em jogos empatados no tempo normal durante a fase de pontos no Estadual, e a criação da Liga Rio-São Paulo, em 2002. Também em sua gestão, a FPF implantou o uso do spray para formação da barreira, mais tarde adotado por outras entidades de futebol no mundo todo.

Os regulamentos das competições organizadas por Farah também foram alvo de críticas ao longo de sua gestão. Na Liga Rio-São Paulo de 2002, São Paulo e Palmeiras fizeram a semifinal e empataram os dois jogos, por 1 a 1 e 2 a 2. O time alviverde tinha a melhor campanha na primeira fase, mas a vaga na final ficou com o Tricolor porque o primeiro critério de desempate foi o menor número de cartões amarelos e vermelhos recebidos na semifinal. O Corinthians acabou campeão do torneio após bater o São Paulo na decisão.

Dois anos antes, no Paulistão 2000, o Palmeiras precisou perder uma partida para o Corinthians no último jogo da terceira fase para ficar com a vantagem de dois resultados iguais na semifinal, contra o Santos. Como essa vantagem era dada ao time que tivesse maior pontuação na soma de todas as fases anteriores, o Verdão precisava enfrentar o Peixe. Se jogasse contra o São Paulo, que fez cinco pontos a mais na fase anterior, ficaria sem a vantagem. O Santos foi o primeiro colocado do outro grupo, com o Tricolor em segundo. O Palmeiras, com a derrota por 4 a 2 diante do Corinthians, ficou em segundo no grupo e enfrentou o time praiano. Acabou eliminado.

Outro feito polêmico de Farah na FPF foi a criação da campanha Disque-Marcelinho, em 1998. A entidade comprou o passe de Marcelinho Carioca, que pertencia ao Valencia, por 7 milhões de dólares e realizou uma votação por meio de telefone com o prefixo "0900" para eleger o clube que receberia o jogador. Os quatro clubes grandes paulistas concorriam, e o Corinthians venceu. A ligação custava, à época, R$ 3,00. A campanha acabou barrada pela Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo, que não liberou o alvará para o uso do "0900", mas o Timão levou o jogador.

Farah deixou o cargo poucos meses após uma briga judicial entre a FPF e a Rede Globo. O dirigente negociou os direitos de transmissão do Campeonato Paulista de 2003 com o SBT, alegando que a emissora carioca não exerceu o direito de preferência na renovação do contrato do Estadual. A Globo contestou a posição de Farah, dizendo que enviou à federação uma proposta nos mesmos termos financeiros propostos pelo canal de Silvio Santos.

A competição começou sem uma decisão definitiva da Justiça, no dia 25 de janeiro daquele ano, com uma situação constrangedora para a entidade e as duas emissoras. A partida de abertura, entre Santo André e Santos, foi transmitida por Globo e SBT, apesar de uma liminar garantir o direito exclusivo da emissora paulista. A Globo alegava que não tinha conhecimento da liminar conquistada pela FPF, e apresentou outra decisão judicial, anterior, para entrar no estádio e fazer a transmissão do jogo.

A briga entre as emissoras gerou fatos curiosos, como a transmissão por TV aberta de partidas do Paulistão às 21h, horário em que a Globo costuma exibir sua principal novela na programação. SBT e Globo acabaram transmitindo juntas a maior parte da competição. No ano seguinte, meses depois de deixar o cargo, Farah disse a empresários durante uma palestra, em São Paulo, que o caso acabou forçando sua saída da federação. "Tirei a Globo do campo, ela me tirou da federação", disse o ex-dirigente, de acordo com relato da Folha de S.Paulo. Na ocasião, a Globo se defendeu dizendo que não foi "tirada de campo", já que manteve na Justiça o direito de preferência na transmissão do Paulistão-2004.

Farah foi substituído na FPF pelo seu vice-presidente, Marco Polo Del Nero, que ocupa o cargo mandatário da entidade até hoje e já é presidente eleito da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), um sonho que o antecessor não conseguiu realizar durante a era em que a confederação era dirigida por Ricardo Teixeira.