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Greve, sabotagem da CBF e os 7x1: veja como o Bom Senso vê o futebol atual

Guilherme Costa/UOL
Imagem: Guilherme Costa/UOL

Verônica Mambrini

DO UOL, em São Paulo

19/07/2014 06h00

Com a derrota do Brasil na Copa, as propostas do Bom Senso FC voltaram a ganhar espaço. Mudanças? Não, essas terão de esperar um pouco mais. Mesmo com todo o Brasil discutindo o modelo alemão de desenvolvimento de talentos, o vexame da seleção na semifinal da Copa ou o sucesso do Mundial realizado por aqui, melhorias dentro do campo não parecem estar próximas para quem comanda o movimento. 

Ricardo Borges Martins, diretor executivo do Bom Senso, já esperava a forma pela qual a Confederação Brasileira de Futebol está conduzindo as mudanças. Na última semana, a CBF demitiu o técnico Luiz Felipe Scolari, toda a sua comissão técnica e o coordenador Carlos Alberto Parreira. Na quinta-feira (17), apresentou o ex-goleiro GIlmar Rinaldi para comandar a transição para uma nova comissão técnica, aparentemente, seguindo o mesmo modelo vigente. “A gente sabia que, depois da derrota, a CBF ia deixar a poeira assentar, anunciar nova comissão técnica. A opinião pública ia olhar novamente para o futebol, não para a estrutura da CBF”, critica.

Qualquer mudança significativa segue sendo bloqueada pela estrutura decisória da entidade que, hoje, monopoliza a gestão do futebol no Brasil. “O problema é que nossas bandeiras não conseguem ser implementadas porque dependem da CBF”, diz Ricardo, ao criticar a estrutura fechada, que só permite a participação de dirigentes de clubes. Para ele, sem participação de atletas, treinadores e árbitros, não é possível oxigenar de fato a entidade. “Tentamos diálogos há muito tempo, mas é muito difícil e trabalhoso encontrar com eles.”

O diretor usa o calendário europeu como peça chave para um projeto de formação de jogadores de sucesso. É assim, por exemplo, na campeã dessa Copa, a Alemanha. “No Brasil, a Série A joga 40% a mais do que as primeiras ligas da Europa. Aqui, os clubes do interior só tem o campeonato estadual, depois de 3 meses e meio 25 mil atletas de 600 clubes têm os contratos terminados e vão trabalhar com outras coisas. A Alemanha está muito à frente de nós nesse quesito”, diz o diretor.

Outra mudança proposta pelo movimento que tem respaldo no modelo alemão é o controle financeiro. “A UEFA tem controle controle financeiro dos clubes. E temos a proposta concreta para a existência de um órgão interno que fiscalize os clubes e não permita que eles gastem mais do que arrecadam”, diz Ricardo.

Por hora, o Bom Senso FC recuou da possibilidade de greves, porque as discussões no Poder Executivo estão avançando. “Tivemos uma audiência pública no Senado há um mês e meio. O ponto é como podemos forçar a CBF a atender determinados quesitos de transparência e gestão. O que é preciso é por via de lei fazer a CBF atender determinados critérios, como a diversidade nas decisões relevantes e fiscalização com capacidade de punir os clubes desportivamente se eles não cumprirem seus contratos de trabalho e honrarem dívidas.”

Ricardo acredita que os resultados dramáticos, como na partida contra a Alemanha e o quarto lugar ao perder da Holanda, tenham tido a ver também com um golpe de azar, e não só com os problemas estruturais do futebol brasileiro. “O 7x1 foi uma derrota muito distante de ser resultado prático dos problemas do futebol brasileiro, foi uma exceção. AFA da Argentina é tão antidemocrática e antitransparente quanto a CBF, mas eles tiveram melhores resultados”, disse ao UOL.