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Apagão? Para Dunga, está claro que o futebol brasileiro não é mais o melhor

Do UOL, em São Paulo

22/07/2014 12h50

A troca de treinador da seleção brasileira provocou também uma transformação completa no discurso sobre o fracasso da equipe na Copa do Mundo de 2014. A impressão de que o massacre histórico sofrido frente à Alemanha foi uma fatalidade, retratado por Luiz Felipe Scolari como uma falta de sorte em vídeo gravado após o jogo, em que diz que poderia ter terminado o primeiro tempo em 5 a 4, deu lugar à noção de que o futebol brasileiro está longe do topo do mundo.

“Gostamos de talento, mas elogiamos a organização da Alemanha, por exemplo. Vamos buscar dentro disso um futebol com características do futebol brasileiro, mas características que vamos colocar em evidência dentro de campo. Jogadores que possam fazer esse trabalho, mas não jogadores que poderão fazer daqui a 10 ou 15, mas jogadores que possam trazer algo a médio e curto prazo”, disse o técnico, durante o anúncio do retorno em entrevista coletiva no Rio de Janeiro, ao lado do presidente José Maria Marin, do vice e sucessor Marco Polo Del Nero, do coordenador de seleções Gilmar Rinaldi e do técnico da seleção sub-20 Alexandre Gallo.

Dunga falou sobre o futebol praticado no Brasil e pela seleção brasileira como algo que precisa de reforma e que está atrasado em relação a outros times de ponta.

“O futebol está parecido no mundo, com pessoas comprometidas. Temos que resgatar nossa capacidade, temos talento, mas temos que ter humildade de reconhecer que outras seleções trabalharam muitos anos para chegar onde chegaram e temos que reconquistar o posto de melhores”, disse.

E se na Copa do Mundo, além do descompasso tático em relação a outras grandes seleções, notou-se um despreparo emocional dos protagonistas brasileiros para enfrentar situações de maior conflito, isso também foi tema de crítica de Dunga – o novo coordenador, Gilmar Rinaldi, já havia criticado o boné com a inscrição “Força, Neymar” utilizado pelos atletas antes da partida contra a Alemanha.

“É um trabalho de conscientização não apenas dos jogadores, mas de todos: imprensa, jogadores. Tivemos uma noção de futebol na Copa do Mundo. Não adianta passar que somos melhores. Quando o adversário olha para você e você não dribla, não marca, ele faz e ninguém perdoa. A camisa do Brasil vai ser sempre respeitada, mas eles respeitam tanto que querem ganhar. Temos que ter humildade de trabalhar todos os dias e ter mais comprometimento. Temos que entrar e não achar que ganharemos com a camisa. Não acontece nada antes de começar o jogo. Temos a ideia que o futebol é lindo e fantástico, o problema é depois porque tem que explicar porque perdeu. É em 90 minutos que temos que decidir tudo”, acrescentou.

“O Brasil tem jogadores de talento, mas temos que aliar talento, habilidade, trabalho, equilíbrio emocional e passar para o torcedor, as crianças, que a escola é uma coisa, mas a vida é dura e não perdoa. Se não nos prepararmos bem, a vida não perdoa e temos que estar preparados para assumir o papel em cada instante”, concluiu.