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Linha dura, Dunga tem perfil único entre técnicos da seleção pós-Copa

Do UOL, em São Paulo

23/07/2014 10h00

A escolha de Dunga para comandar a seleção brasileira depois da Copa de 2014 não foi exatamente uma novidade – ele já havia treinado a equipe entre 2006 e 2010 –, mas isso não impediu o técnico de seguir como um ponto isolado na história do time nacional. Jogador de sucesso, ex-capitão e líder linha dura, ele tem perfil único entre os profissionais que assumiram o comando após participações em Mundiais.

A contratação de Dunga completou a 54ª troca de técnicos na história da seleção brasileira, que festejou em 2014 o centenário de seu primeiro jogo. Até hoje, houve apenas cinco ciclos de uma Copa até outra sem mudança no comando da equipe: 1930 a 1934 (Luis Vinhais), 1970 a 1974 (Mário Jorge Lobo Zagallo), 1994 a 1998 (Mário Jorge Lobo Zagallo), 2002 a 2006 (Carlos Alberto Parreira) e 2006 a 2010 (o próprio Dunga).

Entre os cinco ciclos sem mudanças, três foram pós-título (os dois de Zagallo e o de Parreira). Os outros são de Dunga e de Vinhais, primeiro treinador a iniciar um trabalho na seleção brasileira depois de uma Copa. Ex-centro-médio, ele tinha perfil boleiro e pregava amor incondicional à camisa. Era um técnico marcado pelo patriotismo.

Dunga pode até ser semelhante nesses quesitos, mas tem algo que o distingue de Vinhais: ele foi capitão de uma seleção brasileira campeã do mundo antes de se tornar treinador. Aliás, o título de 1994 e a liderança que exerceu durante anos na equipe nacional foram os principais atributos que levaram o ex-jogador ao comando em 2006 – ele jamais havia trabalhado como técnico antes disso.

Zagallo, que comandou o Brasil em três Copas (1970, 1974 e 1998), também havia sido campeão mundial (em 1958 e 1962). No entanto, não foi capitão ou o grande líder em nenhum desses times.

Outro que se destacou como jogador da seleção antes de virar treinador foi Paulo Roberto Falcão. Mas ele não foi campeão mundial e tampouco usou a braçadeira em uma Copa. Além disso, caiu antes de ver o Brasil vencer o Mundial em 1994.

Há outras semelhanças entre Falcão e Dunga: os dois eram inexperientes como técnicos quando assumiram a seleção, tinham sido atletas do Internacional e foram escolhidos, entre outras coisas, porque simbolizavam suas épocas (Falcão era a classe que o Brasil queria resgatar após 1990; Dunga, o comprometimento perdido em 2006).

O ciclo iniciado por Dunga na última terça-feira é o 20º da seleção brasileira depois de uma Copa. Nos 19 anteriores houve apostas em diferentes perfis de treinadores: a liderança do ex-jogador Carlos Nascimento pós-1938 e os estudiosos Zezé Moreira (1952 e 1954), Cláudio Coutinho (1978) e Carlos Alberto Parreira (1983 e 2003), além dos profissionais que eram badalados por trabalhos em clubes (Oswaldo Brandão em 1975, Carlos Alberto Silva em 1987, Vanderlei Luxemburgo em 1998 e Mano Menezes em 2010), por exemplo. Dessa lista, somente Parreira (2003 a 2006) chegou ao Mundial seguinte.

Na primeira passagem pelo comando da seleção, Dunga conseguiu um título da Copa América (2007) e um da Copa das Confederações (2009). A seleção dele foi eliminada pela Holanda nas quartas de final do Mundial de 2010, realizado na África do Sul.