Topo

Diretor do Brasília chama Paysandu de 'bobão' e 'imoral' por ir ao tapetão

Brasília conquistou a Copa Verde em 2014 e a vaga na Sul-Americana do ano seguinte - Divulgação
Brasília conquistou a Copa Verde em 2014 e a vaga na Sul-Americana do ano seguinte Imagem: Divulgação

Adriano Wilkson

Do UOL, em São Paulo

02/08/2014 21h51

Régis Carvalho, diretor de futebol do Brasília, detonou a diretoria do Paysandu e usou por três vezes a palavra “bobão” para definir o departamento jurídico do clube paraense. Em entrevista de mais de meia hora na noite de sábado, o cartola se exaltou, desabafou “como ainda não fiz nem para minha família” (conforme suas palavras) e disse que o Brasília não cometeu nenhum erro antes da final da Copa Verde, que o time venceu em abril.

O Paysandu questiona na Justiça o título. Na última segunda-feira, o STJD deu ganho de causa em primeira instância ao clube paraense, mas o Brasília conseguiu na sexta uma liminar que suspende a decisão. Ainda haverá um segundo julgamento, no pleno do órgão, ainda sem data definida.

“Eu chamo de ‘bobão’ porque eu não admito um time como o Paysandu, com uma torcida do tamanho da do Paysandu, ficar ganhando títulos ou vagas no tapetão. Moralmente, você tem que buscar títulos dentro do campo. Ficar conhecido como ‘Rei do Tapetão’ porque reverteu um resultado em campo é uma coisa que a torcida não merece”, afirmou Carvalho.

“Não é de hoje que o Paysandu, em vez de investir no campo, investe no jurídico. É uma coisa que não combina com a grandeza do clube. Nesses últimos dias, já recebi centenas de mensagens de torcedores do Paysandu dizendo que não concordam, que não acham justo o que estão fazendo com a gente, pedindo desculpa”, afirmou o diretor de futebol, que disse também ter um respeito muito grande pelo Pará e que até gostaria de um dia trabalhar em um dos clubes grandes do Estado.

“Eu tenho duas irmãs que nasceram no Pará, e torciam pelo Paysandu antes disso acontecer. Meu pai é militar, serviu no Pará por muito tempo, e eu tenho um carinho enorme pelo povo de lá. Mas o que o ‘bobão’ está fazendo é imoral, é a desmoralização do futebol brasileiro”, disse o diretor.

De acordo com o clube paraense, o Brasília usou quatro jogadores cujos nomes não constavam no BID (Boletim Informativo Diário) da CBF e, por isso, eles estariam irregulares. Mas a argumentação do Brasília é a de que os jogadores estavam com os contratos renovados e que, por isso, nunca ‘saíram’ do BID (e, portanto, não precisariam ter ‘entrado’ no boletim).

O clube candango argumentará em seu recurso de que as renovações do contrato estavam em outro documento, o DURT (Documento Único de Registros e Transferências), que também seria aceito pelo regulamento da Copa Verde.

Régis Carvalho culpou o ex-diretor de registro da CBF, Luiz Gustavo Vieira, demitido após o caso, por induzir os auditores do STJD a dar ganhou de causa contra o Brasília na primeira instância. Vieira reconheceu que houve uma falha na publicação do BID, e que o nome dos jogadores foi publicado de maneira retroativa dias depois do jogo.

“Nem o Brasília, nem a federação, nem a CBF erraram. Só esse rapaz errou ao admitir um erro que é irrelevante para esse caso”, disse Carvalho.

Título na sorte

O cartola também declarou que antes da final, disputada no Mané Garrincha, não acreditava que o Brasília pudesse vencer o Paysandu, e que seu time ganhou a Copa Verde “na sorte”. Para ele, a expulsão do zagueiro bicolor Charles, que cometeu um pênalti ainda no primeiro tempo da decisão, foi fundamental para o resultado.

“O Brasília deu muita sorte porque aquele menino, que eu ainda quero contratá-lo, adoro esse zagueiro, o Charles... nós demos sorte quando ele foi expulso porque o Paysandu tinha um time maravilhoso. Eu particularmente não esperava [que pudessem ganhar], mas conquistamos dentro de campo, e agora querem tirar de nós no tribunal, é ridículo... vamos até as últimas consequências, não vamos deixar”, disse.

Por mais de uma vez, o diretor fez elogios à paixão do torcedor paraense ao futebol e disse que sempre quis trabalhar com um dos clubes locais. “Eu respeito a torcida do Paysandu, que leva 20, 30, 40 mil pessoas ao estádio, a torcida do Remo, que está conosco nessa briga por causa da rivalidade. Sempre quis trabalhar com uma torcida apaixonada, eu faria muitas coisas maravilhosas ali. Aqui em Brasília temos dificuldade muito grande pra trazer o torcedor pro campo, ninguém se importa com os clubes daqui, só torcem para os times cariocas.”

No entanto, o diretor também disse que levará a briga na Justiça “até as últimas consequências.” “Se eles ganharam, vai ser um título com um gosto amargo de imoralidade”, afirmou.