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Palmeiras chega ao mês do centenário no momento mais questionado de Nobre

Mês do centenário: Nobre lida com dívidas, má fase do time e pressão da torcida - Cesar Greco/Ag Palmeiras/Divulgação
Mês do centenário: Nobre lida com dívidas, má fase do time e pressão da torcida Imagem: Cesar Greco/Ag Palmeiras/Divulgação

Do UOL, em São Paulo

12/08/2014 12h08

Nas próximas semanas o Palmeiras passará por momentos especiais em sua história, com a celebração do centenário do clube e a inauguração da nova arena. No entanto, o mês de agosto, que deveria ser de alto astral, registra por enquanto o período mais questionado da gestão de Paulo Nobre. O péssimo momento do time no Brasileiro, somado à tensão com torcedores organizados, constrói o cenário mais delicado do presidente no cargo até aqui.

Na última segunda-feira, torcedores se mobilizaram para cobrar Nobre em frente de sua casa, em Cotia, região metropolitana de São Paulo. Segundo apurou a reportagem do UOL Esporte, dois ônibus e 20 carros se dirigiram ao local para protestar contra a situação do clube, que está a um ponto da zona do rebaixamento.A ação também representa mais um capítulo das relações estremecidas entre diretoria e organizados.

O primeiro choque entre as organizadas e a atual diretoria aconteceu em março de 2013, quando o elenco foi confrontado antes de um embarque na Argentina. No episódio, o goleiro Fernando Prass foi agredido pelos torcedores. Nesta oportunidade Nobre chamou os personagens envolvidos de "bandidos" e admitiu que o clube cedia ingressos para jogos fora do país. Cortou esse privilégio que, segundo ele, era o único que as facções tinham.

A partir deste episódio o presidente passou a andar acompanhado por mais seguranças pessoais. Já neste ano, cerca de 50 torcedores invadiram a sede do programa de sócios Avanti, depredaram o escritório e roubaram ingressos para uma partida contra o Santos. Além deste caso de vandalismo, o incidente de ataque a um torcedor ligado à gestão Nobre na Vila Belmiro são capítulos do mau relacionamento que já ganhou status de guerra.

Internamente o ambiente também acusa efeitos colaterais da campanha em campo. No último domingo, o técnico Ricardo Gareca não concedeu entrevistas após a derrota para o Atlétic-MG em Belo Horizonte. Em seguida, o argentino foi passar o dia de folga em seu país.

A atitude de Gareca estaria vinculada ao atrito nos vestiários entre Wesley e Lúcio. O veterano não teria gostado da cobrança excessiva em cima de jovens jogadores do time. Gareca teria tomado parte do zagueiro. A assessoria de imprensa do clube, no entanto, oficialmente nega o incidente.

Como se não bastasse, o Palmeiras se aproxima do seu centenário mergulhado em dívidas, que giram na casa de R$ 300 milhões. Em julho, o Conselho de Orientação e Fiscalização do clube (COF) registrou um novo empréstimo do presidente Paulo Nobre, no valor de cerca de R$ 7 milhões. Segundo membros do órgão, com o repasse, a quantia total emprestada pelo mandatário ultrapassou a barreira dos R$ 100 milhões – está em torno de R$ 105 milhões.

Mesmo com as limitações de investimento, o clube foi ao mercado contratar, mas não conseguiu acertar a mão nas contratações que arriscou para a temporada.

Depois do êxito na passagem pela Série B em 2013, no primeiro ano de Nobre na presidência do clube, o Palmeiras não conseguiu achar uma filosofia para a temporada, em termos de elenco. O time fracassou nos primeiros meses com Gilson Kleina no Paulistão e depois praticamente começou a montar outro grupo de atletas. Hoje, com a chegada de Gareca, investe em jogadores argentinos.

Em abril, o clube ainda perdeu sua principal referência de ataque para o São Paulo. Depois de uma negociação desgastante, conduzida por seu pai, Alan Kardec alegou diferenças financeiras para deixar o Palestra Itália e reforçar o rival da cidade.

O Palmeiras também amargou a frustração da transferência de Valdivia com o Al Fujairah. O chileno chegou a viajar até os Emirados Árabes, em transferência que renderia 5,5 milhões de euros aos brasileiros. No entanto, o acerto emperrou nos detalhes finais e forçou a volta do meia ao Palestra Itália.

Sem patrocinador máster no ano do centenário, o Palmeiras anunciou na última semana a saída do diretor de marketing Marcelo Giannubilo. Segundo o clube, o diretor executivo José Carlos Brunoro passou a acumular a função.

Após 14 rodadas disputadas, o Palmeiras ocupa a 14ª colocação do Brasileiro, com 14 pontos somados, apenas um acima da zona de rebaixamento. No domingo o time de Gareca encara o clássico contra o São Paulo. Temor da torcida, a luta contra o descenso começa a virar realidade no ano do centenário.