Você talvez não saiba, mas novos laterais de Dunga são celebrados na Europa

No que depender da primeira convocação do técnico Dunga, o futuro das laterais da seleção brasileira passa pelos pés de dois ex-jogadores do Santos que ainda não são tão conhecidos no país, mas gozam de prestígio na Europa. E por lá há pouca desconfiança sobre a capacidade de ambos no processo de renovação das alas do  time verde e amarelo.

Danilo e Alex Sandro, ambos de 23 anos e do Porto, de Portugal, são bem mais jovens do que seus concorrentes de posição nos primeiros amistosos da seleção (contra Colômbia e Equador) e simbolizam o futuro, já que Maicon tem 33, e Filipe Luis, 29. A dupla do time português saiu há cerca de três anos do time da Vila Belmiro para logo cedo aprender o estilo europeu de jogo de primeiro marcar, para depois atacar.

Ainda assim eles honram a forte tradição nacional de laterais que chegam bem à frente para apoiar o ataque. A disciplina defensiva foi incorporada no Velho Continente e não deixa nada a desejar, segundo quem os acompanha de perto.

“São jogadores de alto nível europeu, titulares e a torcida gosta deles. O Danilo já atuou no meio e agora se fixou de vez como lateral. Por isso, teve dificuldade na marcação no começo e agora está melhor, mas é um jogador com muita força física. Ele é um ´cavalo´. Alex Sandro é mais técnico que Danilo, vai muito bem no mano a mano contra os marcadores e cruza muito bem. Estão habituados a jogar na linha de quatro de trás e a bola sempre passa pelos dois”, resumiu Pedro Marques Costa, jornalista do diário português O Jogo que cobre o time do Porto.  

O ex-meia da seleção brasileira Valdo, que jogou em Portugal e vive lá até hoje, disse que apesar do estilo ofensivo, a ex-dupla do Santos já tem noção defensiva superior à de Daniel Alves e Marcelo, por exemplo, que começaram como titulares o último Mundial e sempre carregaram a pecha de apoiar bem, mas deixar alguns buracos na defesa.

“O Danilo é técnico e tem força física. O Alex Sandro é quase completo, defende bem, ataca maravilhosamente bem e muito técnico. É muito sereno, equilibrado, não discute, não é aquele jogador que cria caso quando recebe ou leva uma falta. Acho que eles têm mais noção de marcação do que Dani Alves e Marcelo, por exemplo. O Porto é uma equipe mais coletiva e tem mais disciplina tática do que os outros.”

Há algumas semelhanças entre os jogadores do Porto com os laterais brasileiros de Real Madrid e Barcelona. Todos foram para a Europa jovens, próximo dos 20 anos (Marcelo foi até antes), por suas vocações ofensivas e chegarem até a jogar em posições mais avançadas do que a lateral em seus clubes em alguma oportunidade.

Danilo ressalta seu ímpeto ofensivo e se vê mais completo e consciente com o que aprendeu no time português. "Acho que uma coisa natural de quando se vai pra Europa é aprender mais taticamente e aprender a defender melhor; no Brasil pensamos mais na parte ofensiva. Sem dúvida minha principal arma é chegar ao ataque, fazer gols e dar assistências. Mas sei que minha responsabilidade defensiva é muito grande. Hoje sou um jogador bem consciente do momento de atacar”, falou o lateral direito, em entrevista ao UOL Esporte.

Os dois jogadores jogaram quase todas as partidas Porto na última temporada e só foram poupados em competições menores, como a Copa de Portugal. Danilo chegou até a figurar em uma seleção da rodada da Uefa na última edição da Liga dos Campeões.

A presença de ambos na seleção, no entanto, não é novidade. Já foram chamados pelo ex-técnico Mano Menezes e fizeram parte do time que ficou com a medalha de prata nos Jogos Olímpicos de Londres, em 2012.

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Segundo rumores da imprensa europeia, ambos já despertaram o interesse de gigantes europeus. Por duas vezes o Manchester United tentou a contratação de Alex Sandro, segundo a imprensa inglesa. E os jornais espanhóis já publicaram sobre desejo do Real Madrid em Danilo. Mas não deve ser fácil tirá-los do Porto.

“Os dois têm um problema, foram muito caros e o Porto quer dinheiro. Pelo Danilo, por exemplo pagaram 12 milhões de euros e mais 5 milhões de intermediários. É preciso uns 30 milhões de euros pra venderem, e ninguém dá de repente 30 milhões por um lateral que não é de seleção. São nomes bem cotados no mercado europeu”, falou o jornalista português Pedro Marques.

Se eles assumirão de vez o posto de titulares da seleção, só o tempo e Dunga poderão dizer. O momento é de usar os mais experientes que ainda estão por lá para melhorar e respeitá-los, mas sem perder o desejo de triunfar. “Tenho que aproveitar a chance de jogar com caras como esses (Maicon e Daniel Alves). É uma coisa natural na seleção e clubes (jovens e experientes disputando posição), sempre têm jogadores na frente e uma hierarquia. Mas também consegui buscar meu espaço nos clubes nessas situações", finalizou Danilo.