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Atlético anula estrelas do Real e, com gol relâmpago, conquista Supercopa

Do UOL, em São Paulo

22/08/2014 19h21

Não serve como revanche, e o torcedor do Atlético de Madri que lotou o estádio Vicente Calderón sabe disso. Mas, três meses depois de perder para o principal rival o mais importante torneio de clubes da Europa, a alegria de batê-lo era necessária, mesmo que apenas na terceira competição em importância na Espanha. E a felicidade foi conquistada junto com a taça da Supercopa da Espanha nesta sexta-feira: o Atlético bateu o Real Madrid por 1 a 0, com gol relâmpago de Mandzukic a 1min20s, e conquistou seu primeiro título na temporada.

Desta vez, o 1 a 0 foi mantido até o final, sem gol de empate nos acréscimos e prorrogação, como foi na Liga dos Campeões. Desta vez, as estrelas do Real Madrid não funcionaram e, assim como no último Campeonato Espanhol, o time operário do Atlético, em que ninguém é estrela, mas todos se encaixam nos seus papéis, funcionou de forma perfeita. O placar simples exemplifica bem a equipe: faz somente o necessário para conseguir triunfar. 

Fases do jogo: Qualquer pensamento tático foi encerrado exatamente aos 80 segundos de jogo, quando Mandzukic acertou chute de direita após desvio de cabeça de Griezmann, em bola que saiu diretamente dos pés do goleiro Moyá. Como ambos os times gostam de jogar esperando o rival, a situação ficou perfeita para o Atlético, já que o Real foi obrigado a tomar a iniciativa. E isso quase permitiu uma goleada do time vermelho e branco. As oportunidades criadas nos ataques velozes e, principalmente, nas bolas aéreas, foram inúmeras e sempre perigosas para o Atlético.

Na segunda etapa, mais ainda: foram diversos ataques com a zaga do Real correndo para trás, com a bola lançada em suas costas. Casillas, Varane e Sergio Ramos pareciam perdidos em todo cruzamento rival. Mas a bola não entrou. Para sorte do Atlético, a história da última Liga dos Campeões, quando o título foi perdido aos 49 minutos do 2° tempo, não se repetiu. O Real não criou lances de perigo - não por falta de tentativa, e sim pela excelente defesa do Atlético, principalmente dos volantes. Primeira taça da temporada para os "colchoneros".

O melhor: Raúl García - O "motor" usual do meio de campo do Atlético de Madrid é Koke, que foi bem nesta sexta. Mas o destaque foi Raúl. Autor do gol no jogo de ida, foi ele que puxou os principais contra-ataques do time com velocidade e bom toque de bola. Também deu ao menos dois chutes de fora da área - um forçou boa defesa de Casillas, outro raspou a trave.

O pior: Coentrão - O lateral-esquerdo português levou um "baile" de Koke, Raúl Garcia e Juanfran, que perceberam logo cedo que jogar pela direita do ataque era o caminho para a bola aérea. Não foi por lá que o gol saiu, mas ótimas chances surgiram. Coentrão acabou substituído por Marcelo na segunda etapa, mas o brasileiro também não foi bem.

Chave do jogo: A principal vitória do Real Madrid na última temporada - ou a mais representativa - foi a goleada por 4 a 0 sobre o Bayern de Munique nas semifinais da Liga dos Campeões. Como ela foi alcançada? Na base do contra-ataque. E se o Real sabe jogar dessa maneira, tem dificuldades em enfrentar times que também atuam assim - desde que com capacidade ofensiva. É o caso do Atlético.

O Real foi obrigado a tomar a iniciativa na partida desta sexta - principalmente com o gol sofrido logo no início do jogo - e não soube como parar as duas principais jogadas do rival (desde a última temporada): a velocidade no contra-ataque e a bola aérea. O gol foi uma mistura de ambos e a segunda principal chance foi uma cabeçada no travessão (anulada por falta), além de outras chegadas perigosas pelo alto - o gol de Raúl García na partida de ida também saiu assim.

Toque dos técnicos: Simeone foi expulso ainda no primeiro tempo, após discutir com o árbitro. Mas o que ele passou para seus jogadores já está tão entendido pelos atletas que sua presença ali é mais motivacional do que técnica. O Atlético em nenhum momento mudou a maneira de jogar, com marcação fortíssima e botes precisos, para puxar os contra-ataques. Então, expulso, Simeone resolveu agitar a torcida no Vicente Calderón, saindo de campo levantando os braços alucinadamente para que os torcedores apoiassem o time. Foi o suficiente.

Já Carlo Ancelotti teve que deixar Cristiano Ronaldo, que se recuperar de lesão na coxa, no banco. Ele entrou no segundo tempo no lugar de Kroos, mas foi mal. James, sumido, saiu em seguida, mas Isco também não fez o meio do Real funcionar.

Para lembrar:

O Atlético de Madri conquista sua segunda Supercopa na história: antes, só havia vencido em 1985. O Real, por sua vez, já tem 9 taças. O Barcelona, com 11, é o principal vencedor.

Nunca um time que jogou a segunda partida da Supercopa da Espanha em casa perdeu o título após empatar o jogo de ida. O Atlético manteve o tabu.