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'Reinado' de Ronaldinho cria nova geração de atleticanos e desafio ao clube

Bernardo Lacerda

Do UOL, em Belo Horizonte

22/08/2014 06h00

A passagem de Ronaldinho Gaúcho pelo Atlético-MG foi fundamental para o crescimento da ala jovem da torcida, principalmente crianças que passaram a torcer pelo time alvinegro por causa do craque. Com a saída do jogador, que rescindiu contrato há um mês, a diretoria terá o desafio de manter a motivação dos jovens torcedores com resultados positivos em campo.

Na entrevista de despedida de Ronaldinho Gaúcho, o presidente Alexandre Kalil agradeceu o jogador pela importância de sua passagem no clube e destacou o fato de ter ajudado a formar uma “nova geração de atleticanos”. Sem o camisa 10, o Atlético-MG perdeu sua principal figura de ídolo no clube.

Ronaldinho Gaúcho era o nome predileto nas camisas dos jovens torcedores atleticanos. Sem uma referência, o alvinegro mineiro precisa buscar manter a aproximação com os torcedores mirins, de preferência com bons resultados em campo e a aproximação com outros atletas de renomes.

Um exemplo de que a contratação de Ronaldinho resultou em novos torcedores para o Atlético-MG é o garoto Renan Maciel, 7 anos. O jovem torcedor se animou com a contratação de Ronaldinho Gaúcho, em 2012 e passou a acompanhar mais de perto o Atlético. “Ele é meu ídolo, via os jogos e suas jogadas na televisão”, disse.

“Quando vi que tinha acertado com o Atlético, fiquei louco de felicidade. Pedi ao meu pai (Ronald Maciel) para me levar ao jogo de estreia (contra o Náutico) no Independência”, acrescentou o menino. Ele pediu e foi atendido pelo pai que comprou todas as camisas que o clube teve durante a passagem de Ronaldinho pelo alvinegro mineiro. 

A idolatria do craque pelos torcedores mais jovens era medida em dois momentos. Na venda de camisas para o público infantil. Mesmo sem revelar um número, a diretora executiva do Atlético, Adriana Branco revela que houve grande aumento na comercialização das camisas do armador.

Ainda hoje, mesmo depois da saída do craque, que acertou a sua rescisão de contrato antes do final do vínculo, que se encerraria em dezembro, é possível comprar camisas com o número dez, vago atualmente no elenco profissional e com o nome de Ronaldinho nas costas, de tamanhos variados, nas lojas oficiais do Atlético.

Nos jogos do time atleticano em Belo Horizonte, Ronaldinho Gaúcho era o mais procurado pelos mascotes mirins, que tradicionalmente entram em campo com os jogadores. A criançada disputava para entrar de mãos dadas com o ídolo.

“Tive de levar meu filho (Bruno, de 12 anos) a vários jogos do Atlético. Comprei camisa para ele com o número 49, o número dez, um mascotinho em gesso para ele. Ficou triste, quase doente quando o Atlético anunciou a saída dele (Ronaldinho)”, contou Breno Munis, de 33 anos.

A diretoria do Atlético reconhece a importância do craque para atingir ao público jovem da torcida. “Sem dúvida, mas temos outros jogadores que podem manter esta idolatria. O Ronaldinho ajudou também a formar outros ídolos. A torcida estará bem representada”, disse Adriana Branco ao UOL Esporte.

E o clube mineiro aposta justamente na idolatria de outros nomes do elenco para suprir esta lacuna deixada pelo armador. Um dos nomes de maior destaque é Diego Tardelli, que é adorado pelo torcedor e aos poucos ganha espaço com a meninada. O goleiro Victor, peça fundamental para o título da Libertadores de 2013, ganhou grande espaço e tem sido alvo frequente de busca de camisas do clube com seu nome.

Ídolo da criançada - Bernardo Lacerda/UOL - Bernardo Lacerda/UOL
Ronaldinho Gaúcho atende a pequenos torcedores do Atlético-MG, após o treino do alvinegro, na Cidade do Galo
Imagem: Bernardo Lacerda/UOL

O presidente Alexandre Kalil, que na coletiva de despedida de Ronaldinho, no começo de agosto reconheceu que o atleta deixou uma nova geração de torcedores como feito, afirma que o clube precisa manter o nível de atuações e a conquista de títulos para ficar próximo dos torcedores mirins, deixando-os motivados e animados com o Atlético.

“O torcedor do Atlético está acostumado a ganhar. Ele quer ter time, ter títulos. Para o torcedor, uma Recopa por ano é pouco. O time precisa continuar ganhando, jogando bem, sendo campeão. É um padrão que deixamos”, observou Alexandre Kalil.