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"Vilão" palmeirense de 86 diz que Corinthians e São Paulo lhe tratam melhor

Palmeirense Denys disputa lance com são-paulino Raí em jogo de 1988 - Wilson Melo/Folhapress
Palmeirense Denys disputa lance com são-paulino Raí em jogo de 1988 Imagem: Wilson Melo/Folhapress

Vanderlei Lima*

Do UOL, em São Paulo

23/08/2014 06h00

Denys Luctke Facincani era apenas um garoto de 19 anos dentro de campo na decisão do Campeonato Paulista de 1986. Mas, marcado por um erro individual, o lateral esquerdo acabou carregando para a posteridade o selo da histórica derrota do Palmeiras para a Inter de Limeira no Morumbi. Pela primeira vez um time do interior triunfava no Estadual. Por sua vez, a equipe da capital deixava o estádio com a frustração de seguir acompanhada do jejum sem títulos, que naquela altura era de dez anos.

A Inter já vencia por 1 a 0 no segundo tempo tempo daquela decisão quando Denys, aos 9min, atrasou mal uma bola para o goleiro Martorelli e viu o rival Tato anotar o segundo gol dos visitantes. No fim Amarildo descontaria para o Palmeiras, mas a taça ficou com os azarões de Limeira, comandados pelo técnico Pepe.

Depois daquela decisão Denys seguiu no Palmeiras, foi emprestado ao São Paulo, retornou ao Palestra Itália e finalmente foi trocado com o Corinthians, na mesma negociação que levou Neto ao Parque São Jorge. Como ex-jogador, diz que voltou a pisar no clube onde despontou apenas uma vez, após um convite do então técnico Caio Júnior.

O antigo lateral afirma que os palmeirenses não têm a tradição de acolher bem seus ex-jogadores, ao contrário dos dois rivais da cidade.

"É engraçado, no Palmeiras eu joguei dez anos, e eu entrei depois disso uma vez só no Palmeiras, quando o Caio Júnior foi treinador e o Toninho Cecílio era o gerente de futebol. O Caio me ligou e falou: 'vem aqui no Palmeiras'. E eu falei: 'ah, não vou entrar, o Palmeiras nunca acolheu bem os ex-jogadores'. Acabei indo, e foi uma vez só. Por exemplo, no Corinthians eu joguei pouco tempo lá e até hoje os caras me chamam direto. No São Paulo é a mesma coisa, o doutor Marco Aurélio (Cunha) é meu compadre, é padrinho da minha filha", relata Denys, que atualmente trabalha como auxiliar técnico de Sergio Soares no comando do Ceará, um dos líderes da Série B.

"Eu continuo gostando do Palmeiras, como sempre gostei. Isso aí talvez seja má administração do clube, porque tem que saber respeitar jogadores e ex-jogadores. Eu não tenho nada contra o Palmeiras, eu fui muito feliz no Palmeiras, fiz muitas amizades lá", acrescenta.

Mesmo marcado pela final contra a Inter, Denys diz não ter se sentido perseguido no Palmeiras na época.

"Não teve pressão, pelo contrário. O Márcio Papa na época era o diretor do Palmeiras e queria que eu renovasse o contrato por mais um ano. O (técnico) Leão estava lá e me queria", recorda, na época da troca com o Corinthians, em 1989. "Queria sair em definitivo", emenda.

A memória do lance com Tato na final de 1986 sempre existirá, mas Denys prefere guardar com mais carinho o chapéu que deu em Maradona no amistoso Napoli x São Paulo, na época da transação de Careca com o time italiano.

Além dos trio de grandes de São Paulo, Denys também atuou no futebol da Grécia pelo Iraklis atuou na Copa da UEFA, seguiu depois para o Japão, retornou ao Brasil, atuou na Inter de Limeira, Portuguesa Santista, Novorizontino, foi para o Peru, voltou,  jogou no América RN, Matonense e encerrou a carreira em 99 no Figueirense.

*com colaboração de Bruno Freitas