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Tinga supera drama e descarta parar após lesão: "achei que tinha acabado"

Dionizio Oliveira

Do UOL, em Belo Horizonte

28/08/2014 13h13

Aos 36 anos, o volante Tinga sofreu a lesão mais grave da carreira na última sexta-feira e agora terá um longo período de recuperação. O departamento médico celeste evita fazer previsões, mas a expectativa é de que retorne aos campos somente no início do ano que vem. Apesar de admitir que pensou em parar após a fratura, o jogador superou o drama e deixou claro a intenção de seguir atuando pelo Cruzeiro.

“Quero continuar jogando, vou jogar enquanto tiver condições físicas. Tive a possibilidade de jogar até hoje. A gente é ser humano, sempre cria objetivos, novas metas e quero continuar como um jogador de ponta, disputar competições importantes, uma vaga na equipe”, afirmou o volante.

Tinga fraturou a tíbia e a fíbula da perna direita no treino da última sexta-feira em uma dividida com o goleiro Rafael. “O lance foi muito rápido, lembro que o Dagoberto jogou a bola em mim e quando me virei já teve o choque. Mas foi muito normal, a bola era mais para o goleiro do que para mim e aconteceu o contato normal, nada violento”, contou.

“Já pelo barulho, foi um barulho forte, parecendo madeira quebrando, ali eu já sabia. Fui levantar a perna e o pé ficou, desceu. Aí já senti que tinha quebrado. Depois disso foi muita dor, a vista começou a embaralhar e já não conseguir enxergar direito. Acho que a dor era tanta que já não conseguia ver direito, fiquei quase desmaiado e não me lembro de muita coisa”, acrescentou o meio-campista.

Rafael, que participou da jogada, chegou a ficar chocado e muito emocionado com o lance. “O Rafa é um menino de ouro, sentiu muito, mas falei que não tinha nada a ver, culpa nenhuma. Mas essas situações vão fortalecendo as amizades, o carinho”, disse o jogador, que teve a companhia do goleiro até a uma hora da madrugada de sexta-feira.

O volante admitiu que após a lesão chegou a pensar em encerrar a carreira, mas já deixou o pessimismo para trás. “Foi a primeira coisa que veio na minha cabeça, primeiro porque nunca tive uma lesão grave. Quando fala em fratura e olha como é, osso para o outro lado. Meu desespero foi esse, achar que tinha acabado, não era o fim que tinha planejado”, relembrou.

O meio-campista ainda disse que com a ajuda dos companheiros e do médico se acalmou e hoje espera retornar o quanto antes aos gramados. “Graças a Deus já na ambulância eles foram me acalmando, falando que entre as fraturas, seria uma das melhores, mais fácil de cuidar, aí fui acalmando. Esse pensamento já passou, agora é recuperar e ver o que acontece”, destacou.

Além de Rafael, Tinga ainda teve companhia de outros companheiros, alguns que sequer estavam participando do treinamento, como Borges, Júlio Baptista e Léo, além de visita de membros da diretoria, incluindo o presidente Gilvan de Pinho Tavares e sua esposa. Também recebeu a visita de alguns jogadores do Internacional, que enfrentou o Atlético-MG no sábado, após a cirurgia, e recebeu ligações do técnico Abel Braga e do presidente Luigi.

Desde a cirurgia no sábado, o jogador tem apresentado boa evolução. Ele já anda de muletas e consegue fazer alguns movimentos com a perna. A expectativa é de que se recupere em até seis meses, antes mesmo de terminar o contrato com o Cruzeiro, que vai até maio de 2015. Porém, caso não esteja plenamente recuperado até lá, terá o vínculo automaticamente prorrogado.

Ele espera voltar o mais rápido possível para seguir vencendo e conquistando títulos. “Eu sou um cara que gosto muito da vitória, dos títulos. Sei que isso que me levou a chegar ao Cruzeiro com 34 anos e estar no clube com 36. Uma das coisas que mais quero é vencer, ver o clube ser bem falado na TV, como está sendo. Então, a ambição é seguir vencendo e terminar a carreira no clube vencedor”, ressaltou.

“Eu quero voltar, gostaria muito de poder retribuir dentro de campo o que o torcedor tem feito por mim com esses problemas este ano. É uma meta pessoal, poder retribuir dentro de campo tudo o que o Cruzeiro tem feito por mim, em situações que precisou da diretoria, funcionários, tiveram do meu lado e não gostaria acabar a carreira não podendo jogar mais, por uma lesão”, acrescentou Tinga.