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Vereador corintiano preso liderou plano por mais segurança nos estádios

Com o rosto coberto com um capuz, o vereador Raimundo César Faustino (PT) deixa a delegacia - Eduardo Ohata/Folhapress
Com o rosto coberto com um capuz, o vereador Raimundo César Faustino (PT) deixa a delegacia Imagem: Eduardo Ohata/Folhapress

Bruno Thadeu e Guilherme Costa

Do UOL, em São Paulo

28/08/2014 06h00

Suspeito de ter participado do assassinato de um torcedor do Palmeiras num conflito entre organizadas, o vereador Raimundo Cesar Faustino (PT), preso preventivamente desde a última terça-feira (26), já tentou aumentar a segurança nos estádios de futebol. Ele integrou frente da torcida Gaviões da Fiel que reivindicava mais controle nas arenas paulistas.

Em seu site oficial, Faustino, que é conhecido como Capá, apresenta plataforma política extremamente vinculada ao futebol. Uma das ideias é exercer pressão por mudanças no Estatuto do Torcedor para criação de um pacote de medidas preventivas – um efetivo maior de segurança no interior dos estádios, por exemplo.

“Acompanhar a torcida não é novidade, mas novidades são as pautas que Capá juntamente com a diretoria dos Gaviões estão predestinados em atuar. O Plano Preventivo de Segurança no Futebol Paulista é uma delas. Aperfeiçoamento nos Planos de Ação, de forma que esta prevenção seja ampla e com atuação das torcidas, que elas sejam respeitadas quando sugerirem ideias relevantes ao processo”, diz um texto publicado em 21 de janeiro de 2014 na página do vereador de Francisco Morato, município de São Paulo.

Em Francisco Morato, Capá também participou da organização da Marcha mundial pela paz e pela não violência. O evento foi realizado em 2010, com presença de 800 pessoas. O vereador ainda esteve em ato de integração entre torcidas organizadas de Corinthians e Palmeiras no município.

Capá foi preso no dia 26 de agosto por causa de um conflito entre torcedores de Corinthians e Palmeiras no dia 17, em estação da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos). O incidente culminou com a morte do professor Gilberto Torres Pereira, 30, que era integrante da Mancha Alviverde.

De acordo com a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo, Capá agrediu Torres Pereira com um galho de árvore. Outros quatro torcedores (dois corintianos e dois palmeirenses) estão presos por causa do incidente.

“Foi um dia fatídico, e ele deve estar arrependido de ter ido até lá. Ele já admitiu que esteve presente e que se envolveu na briga, mas é inocente em relação ao homicídio”, disse Ricardo Cabral, advogado da Gaviões da Fiel e do vereador.

O primeiro foco da defesa é transferir Capá, que está em uma cadeia pública de Cajamar. Cabral diz que o passado como guarda civil representa risco para o vereador e quer levá-lo à penitenciária de Tremembé: “Lá ele teria mais tranquilidade. Estamos preocupados com a integridade física dele dentro do presídio”.

Depois, o advogado tentará um habeas corpus para que Capá responda ao processo em liberdade. “Meu entendimento é que não estão presentes os pressupostos necessários para a prisão preventiva”, analisou o advogado.

O habeas corpus é fundamental para o futuro político imediato de Capá. O vereador de Francisco Morato é candidato a deputado estadual pelo PT, e a prisão preventiva o impediria de seguir em campanha.

Como não foi condenado, Capá teve candidatura deferida e ainda é elegível ao cardo de deputado estadual. Em 2013, o vereador havia participado de um confronto de torcedores em jogo Vasco x Corinthians disputado no estádio Mané Garrincha, em Brasília. Em seu site oficial, o político disse que não procurou confusão e culpou a ineficiência do esquema de segurança do local.

“Ele teve esse problema em Brasília, se explicou e ainda é réu primário. Nunca teve passagem. Tem bons antecedentes, exceto o caso de Brasília”, afirmou Ricardo Cabral, advogado do vereador.

Capá foi suspenso pelo PT, que mandou o caso para a comissão de ética. Agora, há um prazo de 60 dias para apuração dos fatos. Ele não pode aparecer em propagandas eleitorais, não pode falar em nome do partido e não tem autorização para estar em atos da legenda. Se for condenado pela Justiça, o vereador deve ser expulso.

A Gaviões da Fiel está dando suporte ao vereador, mas não se pronuncia oficialmente sobre o caso.