Alvo de ofensas racistas, Tinga dá apoio a Aranha: "imagens chocantes"
Vítima de comportamento racista de torcedores peruanos no jogo de estreia do Cruzeiro pela Libertadores, contra o Real Garcilaso, em fevereiro deste ano, o volante Tinga manifestou, por meio de nota nesta sexta-feira, apoio ao goleiro Aranha, ofendido por torcedores do Grêmio durante partida com o Santos pela Copa do Brasil.
O volante cruzeirense classificou as imagens flagradas pela televisão como “chocantes, provocando repulsa”. “É lamentável que em nosso país ainda vejamos com frequência episódios como esse. Não foi a primeira vez que nós, do futebol, somos vítimas de tamanho absurdo”, observou Tinga, que começou a carreira no Grêmio.
O volante, que vive um novo drama pessoal com a fratura na tíbia e fíbula da perna direita, disse que irá seguir na luta contra o preconceito. “Vou continuar combatendo e condenando como sempre fiz qualquer tipo de preconceito, independente de acontecer com uma pessoa ligada ao futebol”, ressaltou.
Em entrevista coletiva concedida em sua casa na última quinta-feira, o jogador revelou que espera aproveitar o período afastado do futebol se recuperando da fratura na perna para se engajar ainda mais na luta contra o racismo e outros tipos de preconceitos. O jogador já esteve visitando o Ministério Público do Rio de Janeiro e também o Afroreggae para tratar do assunto.
“Tem algumas coisas a nosso país a serem feitas e acredito que o atleta de qualquer esporte deveria envolver mais na questão social do nosso país. Coube a mim, através daquela situação chata, a possibilidade de me envolver em algumas coisas. Meu foco sempre foi o futebol e agora parado talvez possa exercer algumas coisas a mais”, disse Tinga.
Confira a íntegra da nota do volante Tinga
Vi com enorme pesar as manifestações racistas ocorridas ontem, na Arena do Grêmio, com a tentativa de desestabilizar um companheiro de profissão. As imagens foram chocantes, provocando repulsa. É lamentável que em nosso país ainda vejamos com frequência episódios como esse. Não foi a primeira vez que nós, do futebol, somos vítimas de tamanho absurdo, mas, a cada novo constrangimento, fica sempre a esperança de que seja o último.
Quero aproveitar para deixar minha total solidariedade ao goleiro Aranha, profissional honrado e merecedor de todo o respeito. Vou continuar combatendo e condenando como sempre fiz qualquer tipo de preconceito, independente de acontecer com uma pessoa ligada ao futebol. Espero, também, que não seja feito nenhum julgamento hipócrita, com o intuito de condenar um ou outro torcedor sem que os verdadeiros responsáveis sejam apontados. Continuo acreditando que um dia ainda vamos viver em um mundo com mais justiça e menos desigualdades.
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