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MP investiga Corinthians por privilégios na mudança do horário do metrô

Torcedores do Corinthians não conseguem entrar na estação de metrô após jogo do time no Itaquerão - Avener Prado/Folhapress
Torcedores do Corinthians não conseguem entrar na estação de metrô após jogo do time no Itaquerão Imagem: Avener Prado/Folhapress

Guilherme Costa

Do UOL, em São Paulo

29/08/2014 06h00

Anunciada no dia 29 de julho, a mudança na operação do metrô em dias com jogos às 21h50 na capital paulista virou alvo de investigação no Ministério Público de São Paulo. O inquérito abrange até o Corinthians, time que interpelou o governo estadual e articulou a alteração no horário de funcionamento de estações próximas a estádios.

O temor da promotoria é que o metrô possar estar privilegiando um clube de futebol em detrimento ao restante da população. “Por que o metrô funciona até mais tarde para atender a um estádio, mas a linha 2 não faz o mesmo em estações que ficam próximas a hospitais?”, questionou Milani.

“Estamos colhendo informações sobre isso. O metrô é público e não pode beneficiar um clube, que realiza eventos e aufere lucro deles”, disse Marcelo Milani, promotor da Promotoria do Patrimônio Público e Social da Capital.

A mudança na operação comercial do metrô de São Paulo era um pleito antigo, mas só houve movimentação em torno do tema depois do primeiro jogo do Corinthians em Itaquera às 21h50 de uma quarta-feira, realizado em julho de 2014. O clube conseguiu uma reunião no Palácio dos Bandeirantes com as secretarias estaduais de Transportes Metropolitanos e de Planejamento e Desenvolvimento Regional, além da presidência do metrô.

O encontro foi realizado no dia 29 de julho e serviu para alinhavar nova logística para o metrô. Em dias de jogos às 21h50 na cidade, as estações próximas a estádios passaram a funcionar até 0h30.

Inicialmente, o inquérito era sobre a operação especial de metrô e CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) para a Copa de 2014. Depois, a apuração incluiu a nova logística para jogos de futebol.

“Ou se pode ampliar para todo mundo, ou não se amplia para ninguém. Não tem sentido beneficiar uma entidade privada que aufere lucro. As pessoas estão pagando por isso”, afirmou Milani em entrevista ao UOL Esporte.

Até o momento, a apuração tem sido feita apenas com o metrô, que deve entregar ao MP-SP na próxima semana estudos sobre impacto econômico e viabilidade técnica do novo horário de funcionamento. O Corinthians ainda não foi ouvido, mas isso deve acontecer em breve.

“Foi atendendo a um pedido do Corinthians que isso tudo aconteceu. Se tivesse outros clubes envolvidos, eles também seriam objetos de investigação”, encerrou Milani.