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Unimed quer investir cada vez menos no Flu. E o clube já sofre os efeitos

O presidente do Flu, Peter Siemsen (e), posa com o presidente da Unimed, Celso Barros - Bruno Haddad/Fluminense FC
O presidente do Flu, Peter Siemsen (e), posa com o presidente da Unimed, Celso Barros Imagem: Bruno Haddad/Fluminense FC

Rodrigo Paradella

Do UOL, no Rio de Janeiro

29/08/2014 06h02

O Fluminense já convive com os efeitos de uma decisão estratégica de sua principal parceira, a Unimed Rio, responsável, entre outras coisas, pelo pagamento de salários de medalhões como Fred, Diego Cavalieri, Jean e Conca. A cooperativa de saúde quer investir cada vez menos nas Laranjeiras, e já trilha esse caminho desde o fim do ano passado.

O principal efeito colateral sofrido pelo Fluminense até aqui é a dificuldade em renovar os contratos de alguns de seus principais jogadores, como Diego Cavalieri e o lateral esquerdo Carlinhos. Tudo porque a patrocinadora, responsável pelos salários em ambos os casos, quer compromissos mais curtos, ao contrário dos atletas.

A própria Unimed admitiu o corte progressivo de custos em comunicado distribuído aos seus cooperados neste mês. A percepção é de que a duração da parceria (mais de 15 anos) já diminui o impacto de grandes investimentos. Ou seja, a imagem da cooperativa estaria já amplamente ligada ao Tricolor, sem a necessidade de se trazer mais medalhões ou investir mais nos que já estão no clube.

Embora a previsão seja de gastos menores para o próximo ano, o maior controle nos gastos já está em vigor desde o ano passado, quando o Fluminense perdeu Thiago Neves e Wellington Nem durante a temporada, sem reposição por parte da Unimed. O meia, inclusive, tinha parte de seus direitos econômicos ligados à cooperativa e foi vendido após pressão da empresa.

Em 2014, a empresa comandada por Celso Barros ajudou nas contratações de Conca e Walter, mas se recusou a ajudar com outras negociações durante o ano. O Fluminense, portanto, teve de abrir seus cofres para trazer Cícero e Henrique, por exemplo, além de arcar com os custos do técnico Cristóvão Borges.

Com os recursos limitados, o Fluminense tem tido mais dificuldade para contratar. O Tricolor busca um atacante de velocidade, um zagueiro e um lateral direito. Até o momento, no entanto, apenas a contratação do lateral Marcelinho, do América-RN, está encaminhada. O técnico Cristóvão Borges lamentou a situação.

"Isso [reforços] é importantíssimo para que tenhamos fôlego na temporada. Por isso se faz necessário um elenco grande. Temos um elenco de alto nível, mas precisamos de um mais numeroso por causa do desgaste. Temos que ter um grupo maior", ressaltou o técnico Cristóvão Borges.

O Fluminense gasta também cada vez mais com direitos de imagem. Levantamento realizado pelo Blog do Rodrigo Mattos mostra que o Tricolor multiplicou por oito seus gastos e pendências com direitos de imagem com jogadores de futebol em um ano. No meio de 2014, o clube tinha que pagar R$ 14,3 milhões nesse tipo de despesa até o final do ano, enquanto o balancete do mesmo período de falava em apenas R$ 1,757 milhão.

Como saída, o Fluminense busca aumentar os adeptos ao seu plano de sócio torcedor. O montante arrecadado serviria para compensar a diminuição dos investimentos da Unimed. Até agora, porém, o número é muito parecido com o do final do ano passado, com cerca de 22 mil sócios.