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Após reconquistar Mano e Felipão, Marcelo batalha para convencer Dunga

Danilo Lavieri

Do UOL, em Miami

01/09/2014 06h01

Convocado de última hora por causa da lesão de Alex Sandro, o lateral esquerdo Marcelo terá, mais uma vez, a missão de convencer um técnico de seleção brasileira que merece ser lembrado para defender o país. O jogador desembarca nos Estados Unidos nesta segunda-feira (01) para os amistosos contra Colômbia e Equador com a missão de mostrar para Dunga que ele pode continuar a ser lembrado e que pode ser uma das peças mantidas após o vexame sofrido pela última seleção na Copa dentro de casa.

Já havia sido parecido com Luiz Felipe Scolari e Mano Menezes, treinadores que estiveram nos cargos antes do atual. Por isso, a nova chance ao atleta do Real Madrid é considerada como teste final por muitos.

Com o atual técnico do Corinthians a história de convencimento envolveu bastidores que foram revelados depois em entrevista coletiva.

Marcelo havia pedido dispensa por problemas de lesão, mas acabou escorregando ao mandar um e-mail que seria endereçado para o Real Madrid para o seu próprio treinador. A mensagem dizia que ele estava se “livrando” da seleção para defender a equipe espanhola. Dali em diante, o lateral precisou travar uma árdua batalha para conseguir mostrar que tinha seu valor e poderia ser o tão procurado sucessor de Roberto Carlos.

Precisou até dar entrevista para falar o que parece óbvio: “Quero muito defender a seleção brasileira”.

Foi conseguir convencer seu Mano só após uma belíssima atuação em jogo contra o México, em outubro de 2011, pouco antes das Olimpíadas, com direito a golaço. O jogador, então, foi até chamado para a disputa da inédita medalha de ouro, que acabaria em um novo fracasso.

Depois da queda, continuou sendo tratado pelo comandante como a opção número 1 para a posição. Em uma lesão em outubro de 2012, um ano depois de reconquistar o treinador, chegou a ser cortado. Por coincidência, na mesma época, Alex Sandro também tinha sido cortado.

Antes disso, ele já havia travado outra batalha sem sucesso. Durante a primeira Era Dunga, após o Mundial de 2006, na Alemanha, Marcelo chegou a ser lembrado, mas acabou fora da lista final da Copa do Mundo de 2010, preterido por Michel Bastos e Gilberto. À época, especulou-se que a falta de comprometimento teria sido decisiva. O treinador nunca admitiu e dizia que a opção era tática.

O detalhe é que a justificativa do gaúcho para a escolha era que Marcelo não estava mais atuando no Real Madrid como lateral. O mesmo acontecia com os dois substitutos. Curiosamente, essa mesma característica que serviu como desculpa para o corte foi elogiada por Felipão.

Apesar das palavras positivas, Marcelo precisou, mais uma vez, convencer o técnico. Na ocasião, em 2013, Luiz Felipe Scolari começou dando preferência para Filipe Luís. Ferido pela falta de opções apesar de suas boas atuações, o hoje jogador do Chelsea falou até em destronar o seu companheiro de posição.

Não deu muito certo. Pelo contrário. Marcelo ficou tão em alta após ser “enquadrado” por Felipão que assumiu a titularidade absoluta e não teve a reputação abalada nem após abrir a Copa do Mundo no Brasil com um gol contra.

Se mantiver o discurso da primeira passagem, Dunga cobrará muito comprometimento de seus atletas. A nova convocação é mais uma chance para que Marcelo prove que o rótulo de garoto-problema não combina com ele. De maneira definitiva.