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Ele era o "irmão" de Edmundo no Corinthians, mas briga destruiu a relação

Goleiro Nei nos tempos de Corinthians, em conversa com Marcelinho - Jorge Araújo/Folhapress
Goleiro Nei nos tempos de Corinthians, em conversa com Marcelinho Imagem: Jorge Araújo/Folhapress

Vanderlei Lima*

Do UOL, em São Paulo

02/09/2014 06h00

Uma amizade que começou entre companheiros de clube e tinha tudo para dar certo. O ex-goleiro Nei era uma espécie de "anjo da guarda" de Edmundo. Dava caronas em dias de treino, dividia a mesa do jantar e era um dos poucos do elenco corintiano a abrir um sorriso para o novo companheiro. Só que a relação acabou estremecida após uma briga, que culminou na saída de Edmundo do clube. Nei, que ainda espera uma chance para conversar novamente com Edmundo, disse que não entende até hoje por que uma discussão foi capaz de interromper a amizade tão promissora.

Nei foi campeão brasileiro pelo Corinthians como titular em 1998 depois de ficar alguns anos na reserva do histórico Ronaldo. E antes de ter a chance de agarrar de vez a posição, ainda como suplente, em 1996, ajudou a integrar Edmundo, que retornava ao futebol paulista após uma frustrada passagem pelo Flamengo. Porém, para boa parte do elenco e da torcida corintiana, Edmundo ainda tinha uma enorme identificação com o rival Palmeiras. E isso era algo difícil de engolir naquele tempo.

Ele era um dos poucos que se deram bem com um Edmundo que tinha desconfiança do restante do elenco pelas antigas rivalidades que ele manteve com os alvinegros nos tempos de Parque Antarctica e também por seu estilo temperamental.

Nei morava em região próximo de onde vivia o “Animal” e conta que estreitou relações com ele por isso.  Como atleta mais próximo do camisa 8, tentava fazer até com que ele ficasse mais próximo dos outros jogadores do elenco.

“Nos aproximamos bastante por morarmos próximos. Um dava carona para o outro e muitas vezes saíamos para jantar. Por causa desse temperamento difícil foi complicado de ele se relacionar no começo com os jogadores do Corinthians. Eu conversava com os caras na época, o Ronaldo (goleiro), Henrique (zagueiro) e o Bernardo (volante) e eles foram relevando as coisas. Eu ajudava nisso tudo que eu podia, já que tinha uma amizade muito boa com ele e com o as principais lideranças”, falou Nei, em entrevista ao UOL Esporte.

A boa relação sofreu um baque e teve uma consequência marcante depois de um treinamento no Parque São Jorge. Durante um rachão, uma bola foi cruzada para a área e Nei saiu para socá-la. Quando fez isso, acabou empurrando o zagueiro Gino pra cima de Edmundo, que caiu no chão depois da trombada que levou dos dois companheiros.

Ele então se levantou e começou a discutir asperamente com os dois reservas. Os minutos de bate boca não pareciam ter fim até que Edmundo cansou e saiu irritado do gramado, jogou a camisa no chão e abandonou o treino, que acabou sendo seu último pelo time alvinegro durante a curta passagem de seis meses. Nem voltaram mais juntos na tradicional carona que um dava para o outro.

“Eu ajudava o Edmundo e ele saiu de lá brigado comigo. Acho até que ele arrumou a briga como pretexto pra sair do Corinthians e ir pro Vasco. Ele era um gênio como jogador, dos melhores que joguei, e um grande comentarista. Esse foi o único problema que eu tive a carreira inteira com jogador. Ele estava revoltado dentro de campo, brigando durante um treino recreativo, não fazia sentido algum. Acabamos brigando e foi o fim do nosso relacionamento”, falou.

O ex-goleiro contou que eles chegaram a se cruzar em uma oportunidade, mas que o constrangimento pesou para os dois lados e acabaram sem se falar. E torce para que haja uma nova oportunidade para tirar a última impressão que ficou. “Nos encontramos uma vez num aeroporto, mas ficamos sem graça. Lá no Corinthians não tive nem a chance de dizer o porque daquilo, perguntar o que aconteceu. Mas quem sabe um dia ainda não nos encontramos, teremos a oportunidade de conversar e dar boas risadas.”

Além de ser titular na conquista de 98, Nei ainda integrou o elenco corintiano nos títulos paulista de 1997 e 1999 e no Brasileiro de 99. Passou depois por Santos, Coritiba e Sport, e hoje trabalha como empresário no ramo de eventos na cidade de Maringá, no interior do Paraná.

*Colaborou José Ricardo Leite