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Dorival reencontra o Palmeiras: perna quebrada por Raí e derrota célebre

Dorival (ao centro) disputa lance com Raí em clássico entre Palmeiras e São Paulo - César Itiberê/Folhapress
Dorival (ao centro) disputa lance com Raí em clássico entre Palmeiras e São Paulo Imagem: César Itiberê/Folhapress

Do UOL, em São Paulo*

03/09/2014 11h47

O reencontro entre Dorival Júnior e Palmeiras era algo esperado desde que o ex-volante despontou nacionalmente como treinador de ponta. Afinal, o substituto de Ricardo Gareca vestiu a camisa verde como jogador por três anos e traz como referência afetiva o fato de ser sobrinho de Dudu, um dos grandes ídolos da história do clube.

Como jogador Dorival era conhecido apenas como Júnior. Era um volante de recursos limitados, mas de jogo sério, com prioridade para o interesse coletivo. No Palmeiras, o novo técnico alviverde viveu anos difíceis no jejum de títulos do clube e ainda enfrentou uma fratura de perna em uma dividida de bola com Raí.

Dorival chegou ao Palmeiras no começo de 1989, para reforçar o time que passava a ser dirigido pelo técnico Emerson Leão. Também chegaram na mesma época o zagueiro Dario Pereyra, o meia Neto e o atacante Careca Bianchesi, entre outros. Este pacote carregava a missão de livrar o clube de um jejum de títulos que já durava 13 anos.

Com estes nomes, o Palmeiras de Leão fez uma grande campanha no Campeonato Paulista e virou o principal favorito ao título. No entanto, perdeu a invencibilidade em uma derrota marcante e inesperada para o modesto Bragantino. Com o revés de 3 a 0 fora de casa, acabou ficando fora da decisão. Dorival estava neste jogo histórico, formando o meio-campo ao lado de Gérson Caçapa, Edu Manga e Neto.

Dois anos depois Júnior viveu seu pior momento com a camisa palmeirense. Em um clássico com o São Paulo em 1991, o então volante teve a perna quebrada em uma disputa de bola com Raí. O lance foi dos mais polêmicos, pois o adversário não foi punido pela arbitragem, nem pelos tribunais esportivos da época. O incidente foi tratado como casual, para revolta do lado alviverde.

Neste jogo, Júnior então foi substituído por Erasmo. O clássico levou 110 mil torcedores ao Morumbi e terminou empatado por 0 a 0, em resultado que credenciou o São Paulo para a decisão do Paulista.

No fim de sua trajetória no Palmeiras, Dorival Silvestre Júnior acumulou 157 jogos, com 74 vitórias, 52 empates e 31 derrotas. O volante anotou quatro gols pelo clube do Palestra Itália. No começo de 1993, o jogador foi negociado com o Grêmio.

Agora, aos 52 anos, Dorival retorna ao Palmeiras em um dos momentos mais delicados de sua história recente. O técnico chega com a missão de livrar o time do terceiro rebaixamento neste século, à frente de um elenco de limitações. Atualmente a equipe ocupa a 16ª colocação, fora da zona de descenso apenas graças ao desempate por número de vitórias. 

ÍDOLO ALVIVERDE, TIO DE DORIVAL COMEMORA CONTRATAÇÃO

Dudu, ex-jogador e ídolo do Palmeiras - Rivaldo Gomes/Folha Imagem - Rivaldo Gomes/Folha Imagem
Dudu, um ícone da história alviverde, agora torce pelo técnico sobrinho
Imagem: Rivaldo Gomes/Folha Imagem

A reportagem do UOL Esporte ouviu Dudu, tio de Dorival Júnior e um dos maiores ídolos da história do Palmeiras. O célebre parceiro de Ademir da Guia diz que toda a família comemorou a escolha do sobrinho no Palestra Itália. No entanto, o ex-volante lamenta que a contratação do parente tenha acontecido em um momento de emergência.

UOL Esporte: O que o senhor pensa do seu sobrinho treinar o Palmeiras?

Dudu: Nós estamos muito contente com a ida dele para o Palmeiras, a família toda unida em prol do sucesso dele em dirigir o Palmeiras. Nós estamos unidos pra isso, eu aqui, o pai dele, o Dorival Silvestre, os nossos familiares em Araraquara, todos nós.

UOL Esporte: Já bateu na trave a contratação do Dorival pelo Palmeiras em algumas oportunidades. O senhor estava otimista desta vez?

Dudu: A gente sempre tinha uma esperança de ele vir treinar o Palmeiras. Agora, em cima dessa esperança que foi concretizada, vamos ver se o Júnior consegue uma modificação na parte de resultados do Palmeiras, para melhorar a equipe, colocar a equipe para treinar de uma outra forma tática ou não.

UOL Esporte: O Palmeiras demorou um tempo para reconhecer o “prata da casa” agora como treinador?

Dudu: Tudo tem a sua hora para acontecer. Então, se foi agora, chegou a hora, a gente nunca pode pensar antecipadamente. A maior virtude é a honestidade dele, um moço que trabalha sério, gosta de trabalhar e gosta de mostrar serviço. Isso aí representa 50%.

UOL Esporte: O senhor disse que tudo tem a sua hora, mas o momento do Dorival seria este então?

Dudu: Seria melhor começar em janeiro, mas infelizmente o futebol brasileiro é desta forma, não tem jeito, no futebol brasileiro nós vamos aos trancos e barrancos. Se o Palmeiras não estivesse nesta situação, eles não chamariam o Júnior para treinar o Palmeiras.

UOL Esporte: O Palmeiras cai para a Série B do Brasileiro?

Dudu: Não, eu acho que não cai, porque já está começando a tomar providencia agora.

*com reportagem de Bruno Freitas e Vanderlei Lima