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Gremista negro investigado nega atos racistas contra goleiro Aranha

Marinho Saldanha*

Do UOL, em Porto Alegre

03/09/2014 14h50

Durou pouco mais de uma hora o depoimento do torcedor do Grêmio Éder Braga, de 31 anos. Suspeito de ter participado dos atos racistas contra o goleiro Aranha, na Arena, na última quinta-feira em jogo da Copa do Brasil, ele não deu declaração alguma. Curiosamente, ele, negro, teria feito sons de macaco ao camisa 1 santista.

Aos policiais, Éder negou ter cometido atos racistas contra o goleiro Aranha. Ele assistiu as imagens do jogo, admitiu que estava na arquibancada da Arena e que xingou o goleiro do Santos, mas jamais teve cunho racista nas palavras. 

"Ele admitiu que estava lá, que xingou o goleiro, mas não que foram xingamentos racistas. Isso ele negou. Disse que xingou, algo que acontece nos estádios de futebol, mas não de forma racista", informou o comissário Lindomar Souza, da Polícia Civil do Rio Grande do Sul. 

Éder evitou qualquer contato com os jornalistas. Na chegada, sem a presença de um advogado, escondeu o rosto com as mãos. Na saída, já sem esconder a face, se negou a fazer qualquer comentário. 

"Podem tirar fotos, filmar mas não vou falar nada", disse. "Não tenho nada a declarar. Tudo que vocês quiserem, falem com o delegado", disse visivelmente irritado deixando rapidamente a 4ª Delegacia de Polícia Civil de Porto Alegre, onde prestou depoimento por mais de uma hora. 

Com portas fechadas, ele foi confrontado pelas imagens do sistema de câmeras da Arena e também da transmissão da partida. Nelas, aparece na arquibancada norte, com as mãos posicionadas próximo da boca dando a entender que fazia sons racistas como imitando um macaco ao goleiro santista. Foi daquela área que partiram os atos contra o camisa 1. 

Ainda nesta quarta-feira, mais um torcedor identificado pelas imagens irá prestar depoimento. Fernando Ascal está presente nos vídeos analisados pela polícia e irá se explicar. 

A Polícia Civil informa, ainda, que mais dois mandados foram expedidos para que novos torcedores sejam intimados. Eles precisam ser encontrados para serem intimados a prestarem esclarecimentos. 

Líder de organizada não vê racismo

Pela manhã, Rodrigo Rysdyk, de 31 anos, conhecido como Alemão da Geral, esteve presente para testemunhar no caso. Líder da organizada, ele disse que jamais viu ou ouviu casos de racismo nas arquibancadas do estádio gremista. 

Patrícia Moreira, de 23 anos, flagrada pelas câmeras claramente chamando o goleiro Aranha de 'macaco' na última quinta irá prestar depoimento na quinta-feira pela manhã. A Polícia Civil prepara um esquema especial de segurança temendo manifestações populares contra a jovem. O Grupo de Operações Especiais (GOE) irá reforçar o controle para evitar protestos. 

*Atualizado às 15h28