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Negro flagrado em ato racista contra Aranha presta depoimento nesta quarta

Marinho Saldanha

Do UOL, em Porto Alegre

03/09/2014 12h33

Éder Braga, de 31 anos, irá prestar depoimento à Polícia Civil do Rio Grande do Sul nesta quarta-feira. Ele é um dos torcedores flagrados por imagens que estariam cometendo xingamentos racistas contra o goleiro Aranha, do Santos, na última quinta-feira. Curiosamente, Éder é negro, e estava ao menos próximo de onde saíram gritos de 'macaco' ao jogador.

Além dele, Fernando Scal também será ouvido pelos policiais nesta quarta. Pela manhã, Rodrigo Rysdyk, conhecido como Alemão da Geral, líder da organizada Geral do Grêmio e conselheiro do clube, prestou depoimento para auxiliar a identificar os suspeitos. Ele disse que jamais presenciou atos racistas no local.

Além de Éder, Patrícia Moreira também foi identificada entre os que aparecem xingando o goleiro Aranha no duelo da Copa do Brasil. A jovem de 23 anos será ouvida na quinta-feira e a polícia prepara um esquema especial de segurança para evitar protestos ou tentativas de agressão.

Outros três torcedores já identificados vão depor durante a semana. Segundo o comissário Lindomar Souza, todos os que apareceram nas imagens do sistema interno de câmeras da Arena do Grêmio próximos ao local de onde partiram as palavras contra o goleiro santista serão chamados para, ao menos, auxiliarem nas investigações.

Os identificados serão confrontados com as imagens. Se comprovado ou admitido algum ato, serão indiciados e posteriormente julgados. Se culpados em julgamento, a pena por injúria racial vai de 1 a 3 anos de prisão.

Éder, curiosamente, é negro e estava junto aos que chamaram o goleiro Aranha de 'macaco' no segundo tempo do duelo entre Grêmio e Santos vencido pelo alvinegro por 2 a 0, na última quinta-feira, em Porto Alegre.

Grêmio é julgado nesta quarta

Enquanto isso, o Grêmio também passa por julgamento no STJD. O clube tenta provar que faz de tudo para evitar condutas racistas dos torcedores. Campanhas, identificação de responsáveis, exclusão do convívio do clube, tudo tenta amenizar a situação. Porém, mesmo com a ampla divulgação do fato ocorrido no duelo com Santos, no domingo a torcida organizada Geral do Grêmio voltou a entoar cânticos se referindo ao Internacional como 'macaco'. Por isso, a torcida foi suspensa por tempo indeterminado. Mas a desobediência pode pesar na avaliação do Tribunal.

Entre as penas que podem ser aplicadas ao Grêmio estão: exclusão da Copa do Brasil, perda de mando de campo de 5 a 10 jogos e aplicação de multa.